Por Núcleo Espírita Universitário (NEU), 1999.
O padre François Charles Antoine Brune, um francês bacharel em latim, grego e filosofia, dispara: “O escandaloso é o silêncio, o desdém, até mesmo a censura exercida pela Ciência e pela Igreja a respeito da descoberta inconteste mais extraordinária de nosso tempo: o após vida existe e nós podemos nos comunicar com aqueles que chamamos de mortos”.
Autor dos livros Os mortos nos falam e Linha direta do Além, o padre François Brune esteve em Londrina para participar do debate promovido pelo Núcleo Espírita Universitário (NEU), onde afirmou que os mortos se comunicam através de instrumentos, como televisores e gravadores.
O padre argumenta que escreveu o livro Os Mortos nos falam com a perspectiva de derrubar o espesso muro de silêncio, de incompreensão, de ostracismo, sustentado pela maior parte dos meios intelectuais do Ocidente. “Para eles, dissertar sobre a eternidade é tolerável; dizer que se pode vivê-la torna-se mais discutível e afirmar que se pode entrar em comunicação com ela é considerado insuportável”, explica François Brune.
O padre conta que nunca manteve contato com alguma pessoa que já tenha morrido. “Fiz contato com pesquisadores em diversos lugares, que tiveram contato com mortos, através de sinais de televisão, de gravador”. Segundo ele, “felizmente, no Além, a vida é melhor que na terra”. O livro Os mortos nos falam (editora Edicel, de Brasília, 1991) já vendeu mais de 10 mil exemplares.
O padre François Brune viu na transcomunicação instrumental uma forma de provar que a vida continua no além-túmulo. “Eu quero mostrar que a vida continua, que há Deus que nos ama, que nos espera e que o único valor da vida é o amor. Quero mostrar que a vida depois da morte depende de nossa vida neste mundo”.
Ele conta que já chegou a receber mensagens diretamente dos espíritos durante algumas reuniões. Numa ocasião, em Luxemburgo, recebeu uma comunicação de Konstantin Raudive, o segundo homem a gravar vozes de espíritos.
A mensagem dizia que a infelicidade é que hoje em dia as pessoas têm medo da morte “(…) A morte resulta em uma eternidade radiosa, uma liberação que põe termo às vossas tragédias. A morte é uma outra vida”.
“Não existe chance de fraude nas gravações”
Autor do livro Transcomunicação: comunicações tecnológicas com o mundo dos mortos (editora Edicel, 1990), o pesquisador da Bahia, Clóvis de Souza Nunes, é um técnico em edificações e que também proferiu palestras na Universidade Estadual de Londrina junto com o padre François Brune.
Ele afirma: “As vozes do Além não são chocantes, são esclarecedoras, consoladoras”. Segundo ele, algumas vozes são iguais as das pessoas humanas, e outras não. “Há vozes que são reconhecidas exatamente com o mesmo timbre, com a mesma característica”, diz.
O escritor baiano conta que as pesquisas com gravações de vozes do Além são controladas pela comunidade científica há mais de trinta anos. Clóvis de Souza Nunes garante: “Não existe a mínima possibilidade das gravações de vozes e imagens serem fraudadas”.
Computador em cena
Na era da informática, o computador não poderia estar de fora das experiências que visam a comunicação entre vivos e mortos, “substituindo” os médiuns que durante milênios foram os instrumentos dessas tentativas de saber como é o mundo após a morte e o que acontece com as pessoas que deixam essa vida.
No Brasil, segundo Clóvis, os espíritos começaram a manifestar-se através do computador mais recentemente. Em seu livro Transcomunicação: comunicações tecnológicas com o mundo dos mortos, ele conta que em junho de 1986 recebeu uma visita muito interessante: uma viúva, acompanhada de um filho e uma filha, estiveram na sede do Instituto de Pesquisas Psicobiofísicas, em São Paulo, apresentando gravações de vozes captadas por microcomputador.
As vozes, segundo o relato da família, começaram a ser captadas em 1985: o rapaz, filho da viúva, certa noite estava fazendo um programa para seu microcomputador, mas quando o colocou em operação verificou que a tela nada mostrava além de uma confusão de sinais.
Quando acionou a fita em um gravador comum, ouviu a voz de seu pai, falecido um ano antes, enviando uma mensagem de Natal à família. Era o dia 9 de dezembro. Depois disso, segundo ele, os contatos entre o espírito e seus familiares passaram a ser regulares.