Por Karl W. Goldstein
(pseudônimo do engenheiro civil e parapsicólogo Hernani Guimarães Andrade)
Livro Transcomunicação Instrumental (Coleção Folha Espírita, vol. 1, pág. 17-21, 1992).
Sons e vozes estranhas junto com o canto de pássaros
Primavera, 12 de junho de 1959 (sexta-feira), em Estocolmo, Friedrich Jürgenson partiu para o campo com sua família. Ele pretendia gravar cantos de pássaros. Uma vez chegado ao sítio onde devia acampar, Jürgenson instalou seu aparelho no sótão de uma velha casa de campo. Colocou uma fita nova no gravador e pôs o microfone perto da janela aberta. Logo que um tentilhão de faia pousou nas proximidades, ele ligou o aparelho.
A fita magnética rodou cerca de cinco minutos. Desligou o aparelho e retornou a fita, repassando-a em seguida para ouvir se havia apanhado bem o canto do pássaro, mas o som que ouviu se parecia com o ruído de uma chuva forte, no meio do qual se distinguia baixinho o canto do tentilhão.
Inicialmente, Jürgenson pensou que seu aparelho tivesse sofrido alguma avaria durante a viagem. Assim mesmo, ele retornou a fita e insistiu em ouvir até o fim a gravação obtida. O ruído inicial repetiu-se, mas de repente, surgiu um solo de clarim executando uma música.
Admiradíssimo, e enquanto permanecia na escuta, pode ouvir a seguir uma voz de homem que falava em norueguês. Embora o volume de voz fosse fraco, podia entendê-la nitidamente. Referiu ao “canto de pássaros noturnos” e foi seguida de uma sequência de sons variados entre os quais Jürgenson julgou reconhecer o canto de um alcaravão.
Findo este último ruído, surgiu límpido o canto do tentilhão e dos milharoses que estavam mais distantes. A gravação voltara ao normal. Inicialmente, Jürgenson pensou que seu aparelho gravador houvesse apanhado alguma forte emissora norueguesa. Entretanto, estranhou que tivesse surgido justamente aqueles sons de pássaros. Era muita coincidência. O clarim e a voz masculina também lhe pareceram inexplicáveis.
Jürgenson, em 12 de julho de 1959, tornou a captar ruídos e sons estranhos e sons estranhos, no meio dos quais poderia distinguir vozes falando em diversos idiomas, utilizando-os simultaneamente em uma mesma frase. Ele prosseguiu então, dia após dia, em suas tentativas, até que as vozes passaram a solicitar-lhe: “Manter contato! Com aparelho manter contato. Favor ouvir, favor, favor ouvir!”.
As frases eram proferidas ora em alemão, ora em sueco. Progressivamente, Jürgenson foi ampliando e disciplinando seu cansativo trabalho de escuta, em parte orientado pelas próprias vozes que se comunicavam com ele por meio de gravador. Posteriormente, as vozes se identificaram. Eram procedentes de pessoas já falecidas e interessadas em estabelecer comunicação com os vivos. Passaram a informá-lo acerca do mundo em que se encontravam.
“Primeiro fizeram-me uma descrição detalhada do Além, com um quadro bastante claro de um determinado plano de existência, ao qual meus amigos demonstraram especial dedicação. Esse local — se quisermos adotar esta palavra — denominava-se subúrbio e abrangia uma série de ‘distritos’ ou planos de existência (estados de consciência).” (Jürgenson, F.1972, p.26).
Descreveram, também, um Plano Inferior habitado por seres monstruosos, produtos da decadência e crueldade humanas. As descrições coincidem muito com as de André Luiz, ditadas através do médium Francisco Cândido Xavier, e referentes ao Umbral.
Explicaram que, “com a propagação das ondas de rádio sobreveio uma mudança significativa para os habitantes daquelas regiões inferiores, pois, essas ondas, por sua própria natureza, atuam de forma estimulante sobre os encarcerados nessas lúgubres cavernas.” (Opus cit., p. 81).
Pelas informações, deduz-se que foi criada uma gigantesca operação destinada a libertar as almas em profundo estado de perturbação e atiradas nas zonas umbralinas; seria a operação “Despertar dos Mortos”, conforme a batizaram lá.
Após muitos meses de pacientes investigações, quando já estava seguro da realidade dos fenômenos, Jürgenson fez um comunicado à Sociedade de Parapsicologia de Estocolmo. Em seguida, tais fatos passaram ao domínio público e foram amplamente divulgados pela imprensa. Inúmeros outros interessados, professores, físicos, parapsicólogos, padres etc., começaram a tentar esse tipo de comunicação com os mortos.
Todos terminaram por obter resultados impressionantes. Entre os mais destacados figura o Dr. Konstantin Raudive, que publicou um livro contendo a transcrição de uma parte das milhares de frases gravadas por ele. O título da obra em alemão é Unhorbares Wird Horbar (O Inaudível Torna-se Audível), mais tarde, vertida para o inglês, com o título Breakthough.
Na Inglaterra, foi lançado um livro muito elucidativo sobre o problema das vozes, Carry on Talking [Continue Falando], de autoria de Peter Bander. A obra foi traduzida e lançada no Brasil, em 1974, com o título de Os Espíritos Comunicam-se por Gravadores.
Qual a explicação para essas vozes?
Muitas são as opiniões a respeito da origem dessas vozes e também dos sons que surgem nas fitas magnéticas, durante algumas gravações. A maioria dos que tiveram a oportunidade de ouvir tais gravações, particularmente aqueles que participaram pessoalmente de experiências desse gênero, opina a favor da paranormalidade do fenômeno.
Em outros termos, a opinião mais comum é a de que não existe explicação normal para as referidas gravações. A título de ilustração, transcrevemos a seguir algumas opiniões de pessoas credenciadas, que tiveram demorado contato com o fenômeno. Essas opiniões podem ser encontradas na mencionada obra de Peter Bander:
“É tudo muito misterioso, mas sabemos que as vozes existem para que todos as ouçam.” (S. Excia. o Arcebispo Cardinale, Nuncio Apostólico).
“Estou definitivamente impressionado, e mesmo querendo ser impressionado por esse fenômeno.” (Rev. Dr. Butler, Bispo Anglicano de Connor).
“É a realidade apoiada pela experiência e pelas provas à disposição de todos, comprovando que os mortos vivem e podem comunicar-se conosco.” (Rev. Monsenhor Prof. C. Pfleger).
“Não posso explicar o fenômeno das vozes, em termos físicos normais.” (Peter A. Hale, físico).
“Testes extensivos demonstraram que a origem paranormal das vozes é altamente provável”. (Prof. Dr. Hans Bender, diretor do Instituto Universitário de Psicologia, de Freiburg).
“Estou convencido de que se trata das vozes dos mortos.” (Robert Crookall, doutor em Filosofia e Ciências).
“Consegui reproduzir o fenômeno. Vozes de origem desconhecida apareceram na fita do gravador”. (Dr. Brendan McGann, diretor do Instituto de Psicologia de Dublin).
Friedrich, o descobridor do fenômeno das vozes, até hoje faz gravações e procura manter-se em contato com as “inteligências” que se manifestam por esse meio. Ele já conseguiu estabelecer a identidade das vozes. São oriundas de pessoas falecidas, desencarnadas:
“As primeiras vozes que registrei através do microfone provinham de um grupo de inteligências que se denominavam ‘os mortos’ e que pela primeira vez haviam tomado a decisão de estabelecer um contato eletrônico com o nosso plano de vida.” (Jürgenson, F. 1976, p.32).
Segundo Jürgenson, o referido grupo ainda continua dialogando com ele por esse processo. São amigos íntimos dele, dos tempos de juventude, de Odessa, Palestina, Estônia e Berlim. Alguns poucos são seus parentes. Várias celebridades, que não chegaram a ser seus conhecidos, sobretudo políticos, escritores, músicos, artistas, cantores e autoridades religiosas católicas, também tem procurado comunicar-se com ele.
Em muitas dessas comunicações, a identificação precisa pode ser estabelecida devido a existência de registros sonoros em discos ou outros meios de gravações. “Alguns haviam conservado até seu sotaque particular, diz Jürgenson.” (Opus cit.).
O Dr. Konstantin Raudive, falecido recentemente, analisa, na introdução de sua obra O Inaudível Torna-se Audível as diferentes hipóteses, adotada principalmente por aqueles que se colocam na posição negativista em relação à da manifestação dos mortos, é a do inconsciente. Raudive nasceu na Letônia e era conhecido doutor em Psicologia e Filosofia. Viveu na Suíça e na Alemanha. É autor de seis livros.
Conhecido tanto nos meios literários quanto científicos, era, também, um excelente poliglota. Com o peso de sua bagagem cultural, ele não aceitava a hipótese do inconsciente como explicação para as “vozes”, optando pela mesma explicação de Jürgenson. A opinião do Dr. Raudive é respaldada por uma experiência sem igual na gravação dessas vozes: seu livro contém 72 mil frases registradas pessoalmente.
Como se comunicam?
Elsie (1972, 1974) conhecida cronista internacional, analisou a fundo a obra do Dr. Konstantin Raudive, dela extraindo interessantes conclusões, em dois artigos: “As Vozes do Dr. Raudive (Breakthrough)” e “Os Mortos Falam”.
No primeiro artigo, publicado na Revista Internacional de Espiritismo, de junho de 1972, há uma descrição viva e clara, que transcrevemos em parte:
“Para começar vemos que os espíritos têm diversas estações transmissoras e receptoras, mas os que com maior frequência se comunicam com o Dr. Raudive são a ‘Studio Kelp’ e a ‘Rádio Peter’. Muitos outros grupos existem, operando suas próprias transmissoras e usando técnicas próprias, que se identificam como o provam centenas de comunicações recebidas. Não é preciso muita imaginação para entrever esse mundo de telecomunicações espirituais.” (Opus c. p. 136).
Pelas últimas informações chegadas recentemente ao Instituto Brasileiro de Pesquisas Psicobiofísicas (IBPP), ficamos sabendo que os mortos esperam transmitir-nos mais do que vozes; eles estão se aparelhando para enviar-nos também, imagens de TV!
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