Por Sonia Rinaldi
O que é Transcomunicação Instrumental (TCI)
Transcomunicação Instrumental é o contato com outros planos existenciais através de aparelhos eletrônicos. Para atingir seu objetivo ela coloca, como princípios, duas questões a respeito da sobrevivência da alma:
1) A sobrevivência da alma é ou não uma realidade?
2) A vida após a morte é um assunto a ser estudado pela ciência ou pela religião?
Em geral, as religiões negam a sobrevivência da alma da forma como é estudada pelo espiritismo, ou seja, que a vida continua normalmente no plano espiritual — onde o espírito trabalha, estuda, mora em cidades etc., como nos revelam as obras de André Luiz —, que o espírito reencarna para seu aprimoramento através de vidas sucessivas e que a comunicação com os espíritos é uma realidade.
Considerando que os católicos são 1,8 bilhões de pessoas no mundo; os muçulmanos, 1,2 bilhão; os budistas, 500 milhões; os pentecostais ou evangélicos, 200 milhões e os espíritas, apenas 15 milhões, uma pergunta se impõe: com quem está a verdade?
Um exemplo de como as religiões são contrárias aos preceitos da Doutrina Espírita é a declaração do arcebispo do Rio de Janeiro, Dom Eugênio Sales, a uma revista:
“Defendo o ensino cristão que nega a hipótese de uma alma passar para outro corpo, ou seja, a reencarnação. Conforme o Novo Testamento, faz parte da Doutrina Cristã que a salvação, ir para o céu, ou a perdição, ir para o inferno, se defina nesta vida, única e irrepetível. Portanto, não há outras vidas e não há reencarnações. A reencarnação é a negação de Jesus, o Salvador. A crença na reencarnação e o Cristianismo são inconciliáveis”.
Outro exemplo é a visão dos evangélicos, também publicada numa revista:
“A reencarnação é uma mentira que desvia o homem da direção do Cristo. O Espiritismo é uma religião anticristã. É uma mentira porque exclui impiedosamente o perdão de Deus. O Espiritismo diz que cada um deve expiar seus próprios pecados em vidas sucessivas. O Espiritismo coloca o fardo nos ombros do devedor. Nossa Igreja transfere todo o fardo para os ombros de Jesus”.
Ao longo da história, as religiões não têm se mostrado boas conselheiras. Elas já cometeram muitos crimes, inúmeros desatinos e incontáveis injustiças. Já fizeram de tudo, menos ir em busca da verdade, investigando com imparcialidade, que é o objetivo da Doutrina Espírita.
Ao pesquisar a Transcomunicação Instrumental, esquecemos que somos espíritas: interessa-nos fazer o caminho da ciência e não o da religião. Temos que discernir o que é saber e o que é acreditar. Na maioria, os religiosos acreditam que estão certos porque possuem a fé cega e não a fé raciocinada, que se desenvolve através do conhecimento.
Aspecto científico da Doutrina Espírita
Dos três aspectos da Doutrina Espírita, o científico foi o mais ressaltado e utilizado por Kardec, ele mesmo um cientista. Ele investigou, observou e compilou, num trabalho estafante de muito esforço e com muitos questionamentos.
Nada de acreditar facilmente, nada de fé cega. Nunca se cansou de alertar para a necessidade de desenvolvermos a fé raciocinada. É possível observar esse posicionamento do codificador nos livros da Codificação espírita.
Camille Flamarion, contemporâneo de Kardec, por ocasião do enterro do codificador, afirmou:
“Conforme Kardec previu, o estudo que foi lento e difícil tem que entrar agora num período científico, porque o Espiritismo não é uma religião e sim uma ciência, da qual conhecemos apenas o abc. Passou o tempo dos dogmas, ou seja, de acreditar naquilo que nos impõem. As manifestações espiríticas devem ser submetidas à verificação da experiência. Assistimos ao alvorecer de uma ciência desconhecida. Em nenhuma época da história a ciência desdobrou, diante do olhar perplexo do homem, tão grandiosos horizontes.”
A pesquisa científica séria deve analisar todos os fenômenos por meio de testes, com documentação adequada: anotando, catalogando, fazendo observações, levantando dados estatísticos e buscando as evidências e as provas.
A Doutrina Espírita nos oferece ampla gama de possibilidades de pesquisas. Podemos citar, entre outras, os casos de reencarnação, casos de poltergeist, viagens astrais, terapia de vidas passadas, visões em leito de morte, experiências de quase-morte, aparições, mediunismo, análises de psicografias.
Essas constatações não têm nenhum valor científico porque são casos raros, que não podem ser repetidos e que se baseiam em testemunhos. São fenômenos subjetivos não válidos para a ciência oficial, que só aceita estudos que envolvam diversas ciências, sobretudo a física e a matemática, e que contenham argumentos lógicos e convincentes.
A Transcomunicação Instrumental tem possibilidade de atender aos requisitos da ciência oficial. Os contatos feitos são de áudio e vídeo, realizados através de aparelhos eletrônicos. São experiências que podem ser repetidas por qualquer pessoa, em qualquer lugar, no mundo inteiro, em laboratórios ou em suas casas.
Na questão 934 de O Livro dos Espíritos, nós encontramos uma espécie de profecia feita pelos espíritos superiores e que podemos aplicar à Transcomunicação Instrumental:
“A perda de entes queridos não nos causa um sofrimento tanto mais legítimo quanto é irreparável e independente da nossa vontade?”
Os espíritos respondem:
“Essa causa de sofrimento atinge tanto o rico quanto o pobre: é uma prova ou expiação e uma lei para todos. Mas é uma consolação poderdes comunicar-vos com os vossos amigos pelos meios de que dispondes, enquanto esperais o aparecimento de outros mais diretos e mais acessíveis aos vossos sentidos”.
Quais são os equipamentos usados pela TCI? Todos aqueles que temos em casa: gravadores, televisores, rádios, telefones, câmeras de vídeo, computadores etc. Os mais utilizados atualmente são o telefone e o computador, por apresentarem resultados mais positivos.
Retrospectiva da mediunidade
A Transcomunicação Mediúnica existe desde os tempos pré-históricos. Há registro de pinturas em cavernas que evidenciam serem fenômenos espirituais. O fundo das cavernas formava cenários propícios para aparições e materializações.
Na Bíblia, encontramos inúmeros relatos que denotam fenômenos paranormais. Com Kardec, esses estudos ganharam uma profundidade maior e uma primeira conotação científica.
O aparecimento da eletrônica possibilitou o surgimento de uma ciência mais próxima da sofisticada ciência da espiritualidade, ou seja, foi possível chegar ao que é hoje a Transcomunicação Instrumental.
No ano 2000, foi realizado o primeiro projeto científico brasileiro de Transcomunicação Instrumental, atendendo a dois objetivos da Associação Nacional de Transcomunicação: o consolo e a autenticação dos fenômenos das vozes e imagens. Nesse projeto, o espírito foi levado para dentro dos laboratórios.
A TCI e o futuro
O renomado pesquisador e escritor espírita, o cientista Hernani Guimarães Andrade, disse um dia: “Se o Espiritismo não caminhar pelo lado da ciência, estará fadado a desaparecer”. Se ele realmente deseja buscar a verdade, não pode estacionar no seu mundo de apenas repetir o que já existe, priorizando o lado filosófico e religioso da doutrina.
É preciso levar a mensagem espírita para a frente. É necessário que as outras religiões aceitem as nossas verdades, comprovadas por nós. Se estamos com a verdade, é necessário que o mundo conheça essa verdade.
A comprovação científica dos fenômenos espíritas vai trazer ao mundo grandes implicações no âmbito de ordem moral, social, científica e religiosa, porque virá combater o materialismo, ainda muito arraigado na cultura de todos os povos, e a ignorância, da mesma forma ainda muito incrustada na maioria das religiões.
Kardec dizia: “Quando, do alto de suas cátedras, os sábios proclamarem a existência do mundo espiritual, eles infiltrarão o contraveneno das ideias materialistas.” É a ciência que dará a palavra final. Os cientistas é que comprovarão a existência do espírito e todos os fenômenos que o espiritismo estuda.
A TCI está em franco progresso. Muitos fatos novos ocorrem todos os dias. As experiências continuam cada vez mais aperfeiçoadas. É necessário, porém, uma comprovação definitiva desses fenômenos antes de sua divulgação para a sociedade; assim, aumenta a probabilidade de eles serem aceitos pela comunidade científica.
Onde saber mais
- Transcomunicação instrumental: espiritismo e ciência. Aborda a questão da legitimidade da TCI, esclarecendo que ela é realmente o resultado da ação dos espíritos e não produto da nossa mente.
- Além da esperança. Acompanhado de CD, contém os fundamentos para quem quer começar a gravar em computador, que é a opção mais indicada atualmente para a obtenção de melhores resultados.
- Contatos interdimensionais. Acompanhado de CD, contém cerca de 300 páginas de informações sobre a TCI.
- Espírito, o desafio da comprovação. Acompanhado de CD, com vozes paranormais. Contém os resultados do projeto citado anteriormente e aborda os acertos e os erros ocorridos durante o mesmo. Em pesquisa científica, os erros devem ser publicados para que outros pesquisadores não os repitam.
Todos os livros são de autoria de Sonia Rinaldi.
Sonia Rinaldi é coordenadora da Associação Nacional de Transcomunicadores e membro da Associação Internacional de Transcomunicação, com sede em Israel.
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