Nos anos 80 e 90 o casal de pesquisadores luxemburgueses Maggy e Jules Harsch-Fischbach apresentavam ao público os resultados das suas pesquisas no campo da Transcomunicação Instrumental (TCI). O registro dos seus experimentos era considerado o estado da arte nesta área. Eles diziam manter contato direto por meio de aparelhos com entidades espirituais que viviam em outra realidade não física.

Apesar dos espantosos resultados que eles apresentavam, começaram a surgir acusações de que alguns de seus experimentos poderiam ser apenas fruto de fraudes. Eles foram acusados de fraudar imagens, vídeos, vozes e textos — que diziam ser de procedência espiritual.

Até então, o casal era o grupo que conseguira os resultados mais impressionantes nesta área, tanto em matéria de áudio como em vídeo. Naturalmente, a acusação de fraude seria cogitada pelos outros pesquisadores, uma vez que os melhores resultados são sempre postos em dúvida pela mais simples desconfiança humana.

Imagens espirituais seriam cópias de fotografias terrestres?

Não ficou comprovado se houve fraude ou não por parte do casal, pois os experimentos de outros pesquisadores também atingiram similaridades na expressão ostensiva do fenômeno. Além disso, algumas explicações para driblar a tese da fraude foram apresentadas pelo casal luxemburguês e por seus defensores.

Umas das acusações que pesava contra eles denunciava que as imagens de espíritos — que eles dizem receber por meio de aparelhos eletrônicos — seriam apenas cópias de fotografias de quando as pessoas estavam vivas.

O casal de pesquisadores Jules e Maggy Harsch-Fischbach
O casal de pesquisadores luxemburgueses Jules e Maggy Harsch-Fischbach

Em um estudo que fizemos anos atrás com algumas fotografias famosas de alegada procedência espiritual, acabamos realizando algumas descobertas. Descobrimos que não são apenas as alegadas fotografias de espíritos obtidas pelos pesquisadores Harsch-Fischbach que são coincidentes com fotografias de quando essas pessoas estavam vivas.

Há também alegadas fotografias espirituais de outros pesquisadores que também são coincidentes quando comparadas a fotografias de quando essas pessoas estavam bem vivas.

Comparando uma fotografia de um “espírito” com uma fotografia da pessoa viva

Podemos citar como exemplo uma fotografia que o pesquisador alemão Adolf Homes (1935–1997) dizia ter recebido do mundo espiritual. Homes disse ter recebido por meio de sua TV a imagem do espírito de um físico americano de nome George Jeffries Mueller (1906–1967).

Ao compararmos a fotografia do espírito de Mueller com uma fotografia sua em vida, contatamos que elas são exatamente as mesmas. Veja abaixo a semelhança entre as duas fotografias:

Comparação entre a fotografia de suposta origem espiritual (esquerda) e foto da pessoa viva
Comparação entre a fotografia de suposta origem espiritual do físico americano George Mueller (esquerda) e a foto quando vivo

A sombra projetada no rosto é coincidente nas duas fotos, além de serem bem visíveis que a expressão do rosto e o sorriso são os mesmos. A diferença entre as duas fotografias é notada apenas na leve alteração da cor dos óculos. Podemos dizer, sem dúvidas, que a alegada fotografia espiritual é a mesma fotografia de quando esta pessoa estava viva. Veja abaixo em mais detalhes:

george-jeffries-mueller-adolf-homes
Foto de suposta origem espiritual do físico George Mueller, captada na TV por Adolf Homes
Foto original do físico George Mueller
Foto original do físico George Mueller

A constatação de semelhança entre as duas fotografias indica que o pesquisador Adolf Homes copiou uma fotografia de George Mueller vivo e a apresentou ao mundo como sendo uma foto enviada por seu espírito? Seria esta fotografia o produto de uma grotesca fraude ou nós temos uma explicação alternativa aqui?

Alguns defensores da vida após a morte poderiam alegar que, ao nos contatar, os espíritos querem ser identificados e, por isso, enviam suas imagens exatamente iguais às fotografias de quando eles eram vivos. Veremos mais adiante algumas possíveis soluções para estas perguntas.

O abade sem crucifixo

Mais um exemplo de semelhanças fotográficas vem de outro pesquisador, o alemão Klaus Schreiber (1925–1988). Ele disse ter captado na sua TV — por uma técnica que ele criou chamada Vidicom — uma fotografia espiritual de um abade austríaco de nome Alois Wiesinger (1885–1955).

Livros de Transcomunicação Instrumental têm propagado que esta alegada fotografia espiritual é semelhante a uma fotografia do abade em vida, porém com algumas pequenas diferenças. Estas diferenças são notadas ao vermos que na fotografia em vida aparece um crucifixo pendurado no pescoço do abade, enquanto na fotografia espiritual não há o mesmo objeto. Veja as semelhanças abaixo:

Comparação entre a fotografia de suposta origem espiritual (direita) e foto da pessoa viva
Comparação entre a fotografia de suposta origem espiritual do abade austríaco Alois Wiesinger (direita) e a foto quando vivo

Entretanto, ao analisarmos melhor, podemos constatar que estas duas fotografias não são apenas semelhantes; elas são exatamente a mesma imagem. A única diferença entre as duas é que a alegada fotografia espiritual está levemente alterada do pescoço para baixo. Porém, a sombra no rosto e a expressão facial nas duas fotografias são exatamente as mesmas.

O mesmo argumento usado para tentar explicar a fotografia obtida por Adolf se repete para Klaus: essa fotografia de alegada origem espiritual é apenas uma infame cópia de uma foto de quando o abade estava vivo?

É claro que constatamos que algumas alegadas fotografias espirituais do casal de pesquisadores Harsch-Fischbach possuem semelhanças mais evidentes e gritantes do que as fotografias dos outros pesquisadores citados.

A foto original do abase Alois Wiesinger
A foto original do abade austríaco Alois Wiesinger

As hipóteses para tentar explicar as semelhanças entre as fotografias

Essas fotos que os pesquisadores Adolf e Klaus apresentaram ao público — como sendo oriundas de um mundo espiritual — permitem que afirmemos com segurança que são as mesmas fotografias de quando as pessoas estavam vivas — com poucas alterações.

Nós não estamos afirmando aqui que estes pesquisadores fraudaram estas fotografias. Nós não temos uma resposta final para esse problema e nem prova concreta de que estes pesquisadores burlaram essas fotos — e nem prova de que não fizeram. É verdade que se fosse descoberto que essas imagens são fraude, já seria o suficiente para levantar dúvidas de todo o restante do trabalho destes pesquisadores.

Contudo, devemos refletir se foi uma atitude correta de algumas pessoas acusarem os pesquisadores Harsch-Fischbach de fraudar fotografias, e não comentarem que outros pesquisadores, tais como Adolf e Klaus, terem também apresentado fotografias semelhantes.

Parceiro de pesquisas de Adolf Homes, o pesquisador Friedrich Malkhoff (camisa amarela) apresenta a imagem de George Mueller
O pesquisador alemão Friedrich Malkhoff (camisa amarela), parceiro de pesquisas de Adolf Homes, apresenta a imagem do suposto espírito do físico George Mueller

Considerando-se que nunca foi levantada nem uma mínima suspeita em relação à idoneidade dos pesquisadores Adolf Homes e Klaus Schreiber, nossa avaliação sobre essa questão das fotografias paranormais pode ser tratada em alguns pontos especulativos. Se as fotografias não são uma fraude, então abrimos o leque para tentar explicar suas semelhanças:

a)    Os espíritos enviam para nós fotografias semelhantes (às vezes exatamente iguais) de fotografias quando eram vivos;

b)    Os espíritos enviam suas fotografias de um mundo paralelo, mas a mediunidade humana é um veículo para que isto possa acontecer. O resultado final da imagem impressa é uma miscelânea de uma fotografia originária de um mundo paralelo e a influência plasmada pela mediunidade;

c)    Ao nos enviar suas imagens, os espíritos utilizam fotos de quando estavam vivos. Eles a usam como uma matriz, e vão gerando algumas alterações adicionais;

d)    Existe o fator parapsicológico em jogo. Não há nenhum espírito enviando fotos de um mundo paralelo. As imagens seriam criadas por uma ação psíquica do próprio experimentador.

Este artigo é apenas uma breve pincelada sobre o problema da semelhança entre as fotografias de alegada procedência espiritual e as fotografias das pessoas vivas. Não pretendemos esgotar aqui todas as possibilidades de tentar explicá-las e nem enumerar diversos outros casos famosos de semelhanças fotográficas.

Referências

[1]BORGES, Alexandre de Carvalho. Um olhar crítico em algumas clássicas transimagens. Além da Ciência, 20 jul. 2003. Disponível em: <https://www.alemdaciencia.com/um-olhar-critico-em-algumas-classicas-transimagens-parte-1>.

[2]GALEANO, Alfonso. ¿Creer, o comprobar? Al Filo de La Realidad, ano 1, n. 34, 21 dic. 2000.

[3] LOCHER, Theo; HARSCH, Maggy. Transcomunicação: a comunicação com o Além por meios técnicos. Tradução de Harry Meredig. São Paulo: Pensamento, 1992.

[4] MACY, Mark. Some contacts of Adolf Homes. World ITC, [2007?]. Disponível em: <http://www.worlditc.org/h_03_homes_overview.htm>.

[5] NUNES, Clovis S. Transcomunicação: comunicações tecnológicas com o mundo dos “mortos”. Sobradinho, DF: Edicel, 1990.

[6] Polémica en el mundo de la transcomunicación instrumental. Al Filo de La Realidad, ano 1, n. 39, 6 feb. 2001.

[7] RINALDI, Sonia. Transcomunicação instrumental: contatos com o Além por vias técnicas. São Paulo: FE, 1997.

Alexandre de Carvalho Borges
Físico pela Universidade de Franca, Analista de Tecnologia da Informação pela Universidade Católica do Salvador, pós-graduado em Ensino de Astronomia pela Universidade Cruzeiro do Sul, pós-graduado em Ensino de Física pela Universidade Cruzeiro do Sul, pós-graduado em Perícia Forense de Áudio e Imagem pelo Centro Universitário Uninorte, pós-graduado em Inteligência Artificial em Serviços de Saúde pela Faculdade Unyleya, pós-graduado em Tradução e Interpretação de Textos em Língua Inglesa pela Universidade de Uberaba, e fotógrafo.

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