Não existem provas ufológicas no momento atual de nossa compreensão. Fotos e filmes que foram registrados ao redor do mundo não provaram ainda que sejam registros de discos voadores ou de extraterrestres. Não sabemos o que é um disco voador e nem muito menos o que é um extraterrestre para que possamos provar que o fenômeno registrado em fotos ou em vídeo seja de fato isto.
Ausência de provas e natureza aleatória
Quem sabe, as provas da ufologia podem já estar até aí, mas elas não são aceitas hoje porque não são suficientes, seja porque deixam corredores para hipóteses concorrentes de natureza ordinária ou porque não são convincentes — ou mesmo porque não permitem a identificação plena; elas não são suficientes como prova e não são enxergadas como tal no momento.
Para provar que existem discos voadores sobrevoando nossas cabeças é necessário muito mais do que tudo o que foi registrado na ufologia até o momento. Um pesquisador que já passou da fase de ser meramente um aficionado e entusiasta é um indivíduo que não entra mais em “briga de foice” para convencer ao mundo que existem discos voadores visitando o planeta Terra.
A razão desse desprendimento é bem simples: com o material coletado pela ufologia não existe no momento atual algo realmente concreto que sirva como prova para a ciência. Na verdade, não há como comprovar as inúmeras alegações propaladas na ufologia. Portanto, o que resta aos pesquisadores no momento é continuar investigando o fenômeno.
Todos os casos ufológicos pesquisados apresentaram um “porém”, enquanto muitos outros episódios requereram a necessidade de maiores dados para se obter uma conclusão segura. Realmente, seria pedir demais obtermos provas científicas para casos que se apresentam apenas de natureza esporádica — a grande massa de mais de 95% dos episódios ufológicos —, ou seja, ocorrências aleatórias que se sucederam sem que o pesquisador o provocasse e controlasse.
A grande massa de casos registrados são acontecimentos que o ufólogo somente conseguiu chegar e investigar após o fato ter ocorrido. É verdade que não se pode exigir um controle rígido para casos que ocorreram em um modo de operar que classificamos atualmente como aleatórios. (Muitos episódios também apresentam duração de poucos segundos.) Como se poderia criar um controle rígido do evento ali na hora? Parece impossível.
A não ser que o fenômeno seja provocado pelos pesquisadores, será muito difícil comprovar verdadeiramente algo concreto com essa grande massa de casos que ocorreram sem qualquer controle científico minimamente aceitável. Portanto, após toda essa massa de casos terem sido analisados, espremidos e reavaliados, deram o que tinham que dar: o máximo foi a não-identificação do fenômeno UFO.
O entendimento do que é uma prova
Quando Thomas Alva Edison apresentou para uma plateia de sábios a sua invenção do fonógrafo, levantou-se de lá um camarada e disse que o grande inventor estava, na verdade, querendo enganar os ilustres sábios com truques de ventriloquismo. O que podemos deduzir dessa experiência é que a prova pode estar até na nossa frente, mas não dispomos da capacidade de compreendê-la atualmente.
O nosso psiquismo não a alcança e, por isso, exigimos algo de nossa altura e compatibilidade mental do momento. É o que boa parte dos pesquisadores sensatos está buscando atualmente. No entanto, outra parcela de pesquisadores não está interessada em prova alguma.
Para estes, a prova já existe e é absolutamente inquestionável — um fato intocável —, e quem ousar discordar deve pertencer a “aquela corrente materialista, ultrapassada, que não abriu os olhos para a grande verdade que já está na nossa frente, e blá, blá, blá…”.
A verdade é que esta parcela de pesquisadores não tem interesse, de fato, por provas. Primeiro, porque eles nem sabem o que isso realmente significa, e não possuem a cultura científica para poder enxergar essas exigências.
Segundo, eles não têm interesse por provas porque querem cultuar os casos que ocorreram na ufologia: querem ter milhares de episódios catalogados que surgiram ao redor do mundo e querem mostrar que pesquisaram inúmeros deles, percorrendo milhares de quilômetros atrás dos UFOs.
Eles não estão interessados em desvendar o mistério. Ao contrário, estão mais interessados em colecionar casos e em gerar números. No entanto, deixamos claro que essa não é uma crítica a esta parcela de ufólogos que age assim. É vital que exista material casuístico para ser analisado e averiguado. Na verdade, cada um faz o que bem entende dentro de suas pesquisas e dentro de suas limitações de recursos de tempo e dinheiro.
Gravação de uma conversação com um extraterrestre?
Um exemplo na ufologia de uma alega prova da existência de visitantes extraterrestres é a apresentada por um suposto contatado de nome Antonio Alves Ferreira. Ele afirma que gravou uma conversação com dois ETs de nomes Riaus e Telione.
O Centro de Pesquisas Ufológicas (CPU) do Ceará, presidido pelo ufólogo Reginaldo de Athayde, possui a fita dessa gravação. No livro ETs, santos e demônios na terra do Sol: repertório de terror e medo no Nordeste (CBPDV, 2000) em sua página 130, o ufólogo Athayde defende que a fita não poderia ter sido fraudada.
Será que esta gravação comprova aos olhos da ciência que o senhor Antonio Alves Ferreira conversou com um extraterrestre? Obviamente que não! Este material sonoro é uma evidência muitíssimo fraca.
Na realidade essa gravação pode ser uma encenação, e não há nada muito dispendioso em realizar tal intento, mesmo para um indivíduo que tinha vida humilde como era a do senhor Antonio Ferreira. Aliás, sempre se devem ter olhos bem abertos para esses alegados contatados que são taxados de pessoas com pouca cultura, que têm vida humilde e de poucos recursos, ou que “não poderiam fabricar ou inventar tais estórias”.
Na verdade, alguns deles eram verdadeiros sabichões, muitos astutos, e engendraram estórias mirabolantes que correram o mundo. Eles fabricaram fraudes bem-feitas, em vídeos e em fotos, e enganaram e mentiram para vários pesquisadores que o investigaram. Um exemplo famoso é o do autodenominado contatado suíço Eduard “Billy” Meier.
É verdade que não podemos descartar prontamente, a priori, a possibilidade de que alguém possa ter realmente gravado um diálogo com um extraterrestre, que desceu de uma nave espacial e concedeu-lhe o privilégio de bater um papo por alguns minutos. Entretanto, a facilidade em se criar um falso material sonoro deste tipo, se passando por um extraterrestre, é tão simples que a “prova” perde seu valor comprobatório.
O distanciamento da prova
As “provas” ufológicas ainda não nos provam o que a maioria dos ufólogos deseja: demonstrar que a presença de extraterrestres no planeta Terra seja um fato verdadeiro e inegável. Parece-nos que a verdade ainda está muito longe de ser desvelada e a tal prova ainda demorará muitos anos (ou mesmo décadas) para aparecer, se é que aparecerá algum dia.
Com o correr dos anos e o andar dos fatos, a situação ao invés de estar mais próxima da solução, parece percorrer justamente o sentido contrário. A prova parece estar muito mais longe do que se pensava há décadas atrás, pois está cada vez mais fácil produzir fraudes bem-feitas e criativas, porém também está cada vez mais fácil identificar as fraudes produzidas e limpar o imenso ruído de fundo composto de enganos e erros de interpretação.
Ponto por ponto, a facilidade de produzir fraudes e a facilidade de identificá-las se anula, e o patamar de novas provas ufológicas fica estagnado. O que nos resta é continuar pesquisando e investigando este mistério que se arrasta por décadas e ainda não apresentou uma prova definitiva aos olhos da ciência.
Referências
[1] ATHAYDE, Reginaldo. ETs, santos e demônios na terra do Sol: repertório de terror e medo no Nordeste. Campo Grande: CBPDV, 2000.
Caro Alexandre acho que voce “esteriotipou” o que é a “verdade científica”.
Nao se pode diser que B é mais verdadeiro do que A, posto que a verificação final de B é impossível, mas afirma se que B é mais verossímil que A. (Popper)
Eu posso concluir que o sol nascerá amanhã, posto que o sol tem nascido todas as manhãs, mas não posso provar empiricamente até que nasça. E mesmo que nasça ainda pode ser refutada esta idéia com alguma teoria da curva espaço/tempo.
O que é a verdade científica então? se não o que cremos de forma mais coerente…
Eu escrevi este ensaio há 13 anos atrás. Teria que relê-lo para saber o que escrevi e a forma que tratei a minha defesa das ideias. Estou sem muita paciência agora, sorry 🙂 Mas, de qualquer forma, obrigado pelo comentário.
Ola sou wvital ufologo da GUBF e fundador da MUBRAS .
Seu artigo reflete a minha nova fase de pesquisa dentro da ufologia. Parabéns por linhas tão claras em relação ao atual cenário ufologico brasileiro, onde mais de 90% preferem a utopia mistica /esotérica ufologica que a pesquisa seria cientifica geradora de provas cabal .
Convido a conhecer nossa iniciativa de pesquisa pautada na mais pura ciência , descompromissado do quesito crer polo crer . Acreditamos na MUBRAs que não basta registra o evento ,mas temos que criterizar gerando dados e parâmetro suficiente para gera um perfil do evento que não necessariamente precisar ser de origem alienígena .
Obrigado Vital. Eu joguei no google o nome do projeto e visitei o site dele. É uma excelente iniciativa para investigar fenômenos celestes estranhos de forma objetiva. Keep walking.