Nessa entrevista conversaremos com o médico, matemático, parapsicólogo e bacharel em Direito Dr. Ronaldo Dantas Lins. Ele é autor de dois livros na área da Parapsicologia, o Curas por Meios Paranormais: Realidade ou Fantasia? e o Teoria Parapsicológica Geral (e outros ensaios), além de ser coautor do livro A Escola de Parapsicologia de Pernambuco.
Dr. Ronaldo também é pesquisador de Transcomunicação Instrumental e coordena o Grupo de Estudos e Pesquisas em Transcomunicação Instrumental Ivo Cyro Caruso, em Pernambuco.
No final do ano de 2011, Dr. Ronaldo lançou seu livro específico sobre a Transcomunicação: Vozes Eletrônicas Paranormais: Uma Abordagem Científica, onde aborda este campo de pesquisa com um olhar sério e sem mistificações. Acompanhe a entrevista abaixo, realizada em dezembro de 2011.
Como surgiu seu interesse pelo campo de pesquisa do fenômeno das vozes eletrônicas? Conte-nos um pouco de como tudo começou.
Pelos idos de 2001 já contávamos com 20 anos de estudos e pesquisas no campo da Parapsicologia quando tivemos acesso a um áudio realizado por pessoas nossas conhecidas em que surgiu uma voz paranormal dizendo “Amélia”.
Sendo mais preciso, isto ocorreu na residência de nosso amigo Perseu Lemos, médico cirurgião plástico, situada na Avenida Apipucos, nº 3210, bairro de Apipucos, na cidade de Recife; em uma sala no 1º andar, reuniram-se à noite de 28 de agosto de 1999, um sábado, o referido médico, o prof. Valter da Rosa Borges e o Sr. Edson Duarte, para a realização de um experimento de Transcomunicação Instrumental.
O grupo, fazendo uso de um gravador de fita cassete do tipo analógico, deu início ao experimento, sendo solicitado que houvesse alguma comunicação, ficando, a seguir, em silêncio. Em um determinado momento, cortando o silêncio da gravação, surge uma voz paranormal masculina sussurrando a palavra “Amélia”.
Não havia na residência nenhum morador ou funcionário, com aquele nome. Os três participantes do grupo tinham uma parenta já falecida com o nome Amélia, não sendo possível identificar se se referia a alguma delas.
Este experimento motivou a formação de um grupo de estudos e pesquisas em transcomunicação instrumental, no Instituto Pernambucano de Pesquisas Psicobiofísicas – IPPP, tendo como remanescentes daquele grupo descrito acima o Dr. Perseu Lemos e o prof. Valter da Rosa Borges. A estes se integraram Ronaldo Dantas Lins, Simone Wanderley, Jalmir Freire Brelaz de Castro e Guaracy Lyra da Fonseca.
Este grupo, com o acréscimo de novos membros, deu origem ao atual Grupo de Estudos e Pesquisas em Transcomunicação Instrumental Ivo Cyro Caruso, em homenagem ao engenheiro eletricista e parapsicólogo, Dr. Ivo Cyro Caruso, pesquisador do IPPP, que muito contribuiu nos estudos e experimentos parapsicológicos desta instituição. No grupo de hoje também contamos com a participação dos parapsicólogos Erivam Félix Vieira, José Fernando Pereira, Maria da Salete Rego Barros e Wendel José Teles Ponte.
Embora já tivéssemos conhecimento teórico sobre o assunto foi a partir deste momento que decidimos nos dedicar mais aprofundadamente no tema, inclusive dando início aos experimentos que continuamos a realizar. O Dr. Ney Prieto Peres e o Prof. Mário Amaral Machado em visita o IPPP na década de 80, por ocasião do Congresso Brasileiro de Parapsicologia, forneceu-nos informações e material sobre o tema.
Você lançou recentemente o livro “Vozes Eletrônicas Paranormais: Uma Abordagem Científica”. O que os leitores poderão esperar de novidades nesta obra?
A obra propõe uma abordagem estritamente científica, nos moldes tradicionais, não se preocupando com a natureza ou origem do fenômeno, mas com seu “modus operandi”. Neste sentido procura, a cada instante, os mecanismos pelos quais possam produzir-se as EVP’s.
Como novidade temos propostas de respostas para algumas perguntas sobre TC tais como: por que a maioria das vozes eletrônicas paranormais é masculina? Qual o mecanismo pelo qual as respostas podem vir antes das perguntas nestes fenômenos? Por que a maioria das EVP’s é melodiosa?
Na obra também estabelecemos a existência de anagramas fonéticos especulares significativos que podem simular vozes eletrônicas paranormais reversas.
Ademais, no capítulo 8, fazemos comentários sobre alguns efeitos eletrônicos que simulam vozes paranormais, notadamente os referidos pelo Prof. Paladino Alvino neste fórum. Encerrando o livro, temos a proposta de um Princípio de Conservação da Informação (PCI) como uma alternativa para compreender a formação de EVP’s mais complexas.
As vozes reversas são, algumas vezes, confundidas como autênticas vozes paranormais. Você criou um catálogo de anagramas fonéticos para identificar falsos positivos. Conte-nos um pouco sobre isso.
Ao escutarmos uma reprodução sonora em sentido contrário ao que foi gravada, em raras ocasiões é possível identificar palavras de nosso ou de outro idioma, fazendo-se necessário o reconhecimento e identificação deste fenômeno para não confundirmos com as autênticas vozes paranormais reversas.
Propomos, assim, a elaboração de um catálogo de sons, cujas antípodas resultem em outros sons, com significado no sistema lingüístico português. Este catálogo inicial foi elaborado no Instituto Pernambucano de Pesquisas Psicobiofísicas – IPPP, como resultado de elaboração teórica e das sessões de experimentações em Transcomunicação Instrumental – TCI, do Grupo de Estudos e Pesquisas em Transcomunicação Instrumental Ivo Cyro Caruso, e na Associação Pernambucana de Transcomunicadores (APT).
A finalidade deste catálogo é evitar que estes sons sejam confundidos com vozes paranormais no reverso das gravações de TCI, refinando, desta forma, a metodologia utilizada nestes experimentos. Como exemplos temos os pares: missa, assim; acata, ataca; anula, aluna.
Entretanto, nem todo palíndromo gráfico é também sonoro, como é o caso de atlas (cujo reverso sonoro é sialtás e não saltas). Além disto a palavra pode não apresentar um palíndromo gráfico, mas possuir um palíndromo sonoro como é o caso da palavra cidade (cujo inverso gráfico é idadec, sem significado) cujo inverso sonoro é idades (pois a letra c final é sibilante).
Desta forma, na elaboração do catálogo temos que ouvir as palavras no sentido normal e reverso e não apenas visualizarmos graficamente.
É necessário, também, fazermos algumas considerações:
a) Existem algumas palavras cujos anagramas fonéticos especulares apenas se parecem com outras palavras, não são palíndromos fonéticos autênticos, sendo pseudoananagramas fonéticos especulares significativos. Como asa e azar.
b) Temos que considerar, ainda, os anagramas fonéticos especulares significativos (AFES) parciais ou segmentares, em que apenas uma parte da palavra original produz, no reverso, uma palavra do código lingüístico, como “patrocínio”, em que a parte em negrito, no reverso, é “início”.
c) O conjunto de palavras que são AFES, isoladamente, não esgota todas as possibilidades de obtermos AFES, posto que, o final de uma palavra em conjunto com o começo de outra, podem vir a formar um AFES, aumentando, enormemente, as possibilidades de obtermos novos AFES, são os AFES acopladas. Como exemplo “Zé de Lima” e “a mil e dez”.
d) Algumas palavras formam AFES, porém, estes, não obrigatoriamente produzem a palavra que lhe deu origem. Neste caso grafamos normalmente, e naquele grafamos em negrito. Como exemplo, temos: Zorra produz Arroz, mais o reverso de arroz não é zorra.
É importante que se diga que o catálogo não está completo, inclusive qualquer pessoa poderá ampliá-lo, contribuindo, desta forma, para uma maior eficácia no estudo das EVP’s.
Qual a sua opinião sobre o papel da mediunidade na Transcomunicação Instrumental?
Penso que o psiquismo é o fator que modela o constructo energético/material, quer seja uma fita magnética, um HD etc. No meu entender a questão mais importante no momento é compreender como o psiquismo efetua este processo; para isto, os experimentos devem nos fornecer pistas que nos permitam elaborar teorias que, por sua vez, possam ser testadas. Este psiquismo não tem que ser obrigatoriamente de natureza humana, nem encontrar-se vinculado necessariamente a um substrato material.
Parece-me que os transcomunicadores que apresentam maiores sucessos são ou têm, em seu grupo, paranormais ou médiuns. Embora não seja uma condição sine qua non, creio que ajuda.
Nas suas pesquisas, você adota que uma das hipóteses da formação do EVP possa ser originada pela própria mente do experimentador. A hipótese parapsicológica parece indicar uma das explicações para o fenômeno?
Com certeza. Afastado os casos de fraudes, erros, efeitos eletrônicos, falsas interpretações, a primeira hipótese é a parapsicológica. Como falamos em questão anterior, entendemos que o fator que produz a TCI é o psiquismo, independente de sua natureza. Aplicando a navalha de Ockham esta hipótese deve ser a primeira a ser aventada. Ela, entretanto, não exclui outras hipóteses como a dos transvivos.
É importante que efetuemos uma releitura de Ernesto Bozzano, principalmente os que partem logo de princípio para hipóteses mais complexas, quando este afirma: “Para compreendermos os fenômenos mediúnicos é necessário que compreendamos primeiro os fenômenos anímicos”.
Qual foi a experimentação de EVP mais significativa, em sua opinião, que ocorreu no grupo que coordena, o Grupo de Estudos e Pesquisas em Transcomunicação Instrumental Ivo Cyro Caruso?
Em 24 de setembro de 2005, estávamos prestes a iniciar mais um experimento de TCI na sede do IPPP, quando fiz o seguinte comentário: “Pessoal, não basta fazermos os experimentos de TCI, vamos organizar o grupo de estudos”.
Ao ouvirmos a gravação do experimento, aos 03 minutos e 38 segundos do reverso escutamos a seguinte EVP, ouvida e compreendida por todos os presentes: “Claro, precisa organizar o grupo de estudos”. Neste trecho, no sentido normal, temos a fala do pesquisador Fernando Pereira dizendo: “O título do Brasil é Vozes do Além”, fazendo menção a um filme sobre TCI que, à época, estava em cartaz nos cinemas de Recife.
O estudo detalhado da frase no sentido normal nos permitiu identificar que não se tratou de um AFES e sim de uma mensagem que apresentou uma coerência perfeita com o que havia sido dito no começo da reunião, além de sua clareza.
Muitas das vozes atribuídas a espíritos são apenas ruídos. Boa parte das experimentações em Transcomunicação não adotam protocolos científicos rígidos. Qual a saída da Transcomunicação para diferenciar algo legítimo do puro ruído?
Há várias estratégias, tais como:
1 – Ficar rigidamente estabelecido que cada pessoa só poderá falar quando ninguém estiver falando. Para isto fica estabelecido que antes de falar, qualquer participante deverá erguer a mão e o coordenador indicará, por sinal, que só ela irá falar;
2 – Se possível filmar o experimento. Em nosso próprio grupo identificamos que alguns sons que seriam supostas TCI’s não passavam de meros murmúrios e sons terminais emitidos sutilmente e sem querer.
3 – Gravar em dois ou mais aparelhos ao mesmo tempo. Se tratar de ruído ambiente será gravado em todos os aparelhos; se for uma autêntica TCI, mais provavelmente surgirá em apenas um dos aparelhos.
4 – Quando identificar uma possível voz reversa devemos escutar atentamente o trecho correspondente ao lado normal na busca de AFES que podem simular EVP’s.
Quais são as metas do Grupo de Estudos e Pesquisas em Transcomunicação Instrumental Ivo Cyro Caruso para os próximos anos?
Tanto o Grupo Ivo Cyro Caruso como a APT possuem dois objetivos imediatos sobre os quais já estão debruçados:
1 – Incentivar outros grupos e/ou pesquisadores individuais a realizarem TCI, para que possamos estabelecer uma ponte mais eficaz e melhores comunicações em nosso Estado, bem como procurar realizar eventos (seminários, cursos etc.) que venha a incentivar a prática da transcomunicação.
2 – Enfrentar a problemática fundamental da compreensão das EVP’s e, para isto, estamos tentando encontrar uma forma objetiva de explicitar os conteúdos dos áudios, isto é, independente da interpretação do ouvinte. Já temos alguns resultados animadores e esperamos que em 2012 possamos ter um instrumento eficaz e barato para alcançarmos este objetivo.
Em sua opinião, o que podemos esperar da Transcomunicação Instrumental daqui para frente?
Quanto mais pessoas estiverem realizando TCI de forma científica, maiores são as possibilidades de encontrarmos detalhes, mecanismos, processos que venham a facilitar a sua realização com a obtenção de mensagens mais longas, nítidas e coerentes. Penso que se faz necessária uma mudança importante de postura por parte dos “tcistas”.
É como em Astronomia; não basta apontarmos o telescópio para a Lua, uma estrela, planeta ou outro astro qualquer e ficarmos contemplando a sua beleza e grandiosidade. Isto poderá ser bom para nosso ego e nos encher de emoção, porém em nada contribuirá na construção do edifício do conhecimento astronômico.
É necessário que haja planejamento, objetivo, metodologia e técnica aplicada, obedecendo a um protocolo que vise resultados objetivos. Da mesma forma, se continuarmos fazendo TCI apenas por curiosidade ou por satisfazer nossa necessidade de contatarmos com nossos entes queridos que se foram, guiados tão somente pela emoção, sem metodologia nem mentalidade científica, estaremos apenas fornecendo material para que os opositores de plantão nutram suas ideações pré-concebidas.
Gostaria de deixar alguma mensagem final aos nossos leitores?
Àqueles que estão começando agora que tenham muita, mas muita paciência. A TCI é como um garimpo em que colhemos toneladas de canga e poucas gramas de ouro. Lembramos que mais trabalho do que fazer o experimento é analisar o material, onde demoramos várias horas de escuta, seleção, redução de velocidade, reversão etc.
Aos veteranos que possam cada vez mais introduzir elementos de natureza científica em suas técnicas, trabalhando sempre com um objetivo bem definido e continuar os estudos em TCI e fenômenos paranormais como um todo, visto que como já disse o filósofo Valter da Rosa Borges, nada é definitivo, só a busca é definitiva.
na casa da minha mae no quarto meu filho tem uma figura muito ruim de tras da porta do quarto.e nao sei o que e tenho que entra em contato com dr ronaldo dantas.me ajude.andreia