No Primeiro Fórum Mundial de Ufologia realizado no período de 07 a 14 de dezembro de 1997 em Brasília, Brasil, foi redigido um documento por ufólogos, chamado de “Carta de Brasília”, dirigido a autoridades governamentais e ao Ministério da Aeronáutica Brasileira. A carta afirma em cinco tópicos que não há mais nenhuma dúvida de que os UFOs são naves extraterrestres.
A iniciativa do movimento “Discos Voadores: Reconhecimento Oficial Já” é elogiável, mas os termos da carta são discutíveis, e muito. A carta foi assinada por 29 ufólogos e palestrantes brasileiros e 30 ufólogos e palestrantes estrangeiros.
Como era de se esperar, alguns pesquisadores não assinaram a carta, como os ufólogos Alejandro Agostinelli, Per Andersen, Peter Davenport e Donald Ware, por não concordarem com os termos exarados nela. Quanto a Per era esperado não assinar, já que sua palestra de título “Mitos ufológicos e lendas na Ufologia” iniciou declarando que “não acredito nos UFOs”, e traçou uma visão crítica do fenômeno.
Quanto a Ware, foi surpresa, devido a sua própria palestra de tópico “UFOs: Transformação espiritual, física e política” ter uma conotação mística, afirmando, entre outras, que existe um grupo de seres interplanetários ajudando diretamente na política dos países. Ware, um coronel da reserva da Força Aérea Norte-americana, acabou indo mais longe em alegações extraordinárias do que os próprios termos expostos na carta.
Outros palestrantes também não assinaram a carta, como Stanton Friedman e Mark Carlotto, que alegaram ter comprometimentos com o governo de seus países. Devemos notar que nenhum brasileiro não deixou de assinar a carta, mas alguns ufólogos nacionais que não participaram do fórum comentaram que não a assinariam, caso lhes fosse dada, alegando não concordar com os termos.
Os cinco termos da Carta de Brasília
O que diz a Carta de Brasília? Veja abaixo os cinco termos em ordem:
Termo 1: – “Que é de conhecimento geral que o Fenômeno UFO, representado pelas constantes visitas de veículos espaciais ao nosso Planeta Terra, é genuíno e assim tem sido confirmado independentemente por ufólogos civis e autoridades militares de todo o mundo, nos últimos 50 anos“.
Termo 2: – “Que tal fenômeno já teve sua origem plenamente identificada como sendo extraterrestre e que os veículos que nos visitam tão insistentemente provêm de civilizações tecnologicamente mais avançadas que a nossa, mas que coexistem conosco no Universo“.
Termo 3: – “Que tais civilizações encontram-se num processo contínuo de aproximação da Terra e de nossa civilização planetária. Igualmente, essas civilizações, em suas manobras, na maioria absoluta das vezes, não demonstram hostilidade para conosco“.
Termo 4: – “Que as visitas de tais civilizações extraterrestres à Terra têm aumentado, gradativamente, nos últimos anos, segundo comprovam as estatísticas nacionais e internacionais, tanto em quantidade quanto em profundidade e intensidade“.
Termo 5: – “Que é urgente que se estabeleça um programa oficial de conhecimento, pesquisa e respectiva divulgação pública do assunto, de forma a esclarecer a população brasileira a respeito da inegável e cada vez mais crescente presença extraterrestre na Terra“.
Parceria dos ufólogos com os militares
A carta termina com um pedido ao governo para que abra seus arquivos referentes a dois episódios ilustres da ufologia Brasileira: a onda de UFOs em maio de 1986, oportunidade em que alegadamente mais de vinte objetos foram radarizados (e alguns deles teriam sido perseguidos por caças da Força Aérea Brasileira (FAB)) e os arquivos da Operação Prato, missão conduzida pelo Primeiro Comando Aéreo Regional (Comar) em 1977. A Operação Prato investigou o fenômeno que ficou popularmente conhecido como Chupa-Chupa.
A carta interpreta que a abertura dos arquivos seria um gesto simbólico no sentido de uma nova consciência frente à problemática dos UFOs, uma atitude responsável e de quiçá uma parceria com os pesquisadores civis. A Carta de Brasília tem boa intenção, mas peca por apresentar dados não confirmados como certezas.
Na verdade não há nenhuma identificação plena de que UFOs sejam naves extraterrestres. Será que a alta patente de militares brasileiros estaria interessada em uma parceria com os ufólogos civis numa pesquisa científica sobre o assunto levando de alceada estas crenças de que o fenômeno UFO já esteja “plenamente identificado”?
A Carta de Brasília deveria ter selo de não identificado. Selar de extraterrestre, com o conhecimento adquirido no presente momento, é relegar a ufologia a um produto de crenças. Talvez tenha sido essa uma das razões da carta não ter tido uma resposta oficial.
A Carta de San Marino
Posteriormente ao evento em Brasília, foi realizado em San Marino entre os dias 3 a 5 de abril de 1998 o Sexto Simpósio Mundial sobre OVNIs e, inspirado na Carta de Brasília, foi apresentado um documento similar dirigido ao governo local.
O documento nomeado de “A Carta de San Marino” apresenta apenas três termos. Não obstante, sua diferença quando comparado ao documento brasileiro é de que ele está pautado na cautela, na construção da hipótese ao lidar com o fenômeno, e não da certeza infundada. Os três termos da carta explanam:
1- Relatórios de avistamentos de objetos voadores não identificados de possível natureza não terrestre tem sido denunciados em todo o globo durante ao menos meio século.
2 – O interesse do público por este assunto está crescendo significativamente em todo o mundo.
3 – É necessário um estudo científico aberto, civil, internacional e interdisciplinar deste fenômeno.
Apesar da cautela, também não houve ressonância do governo de San Marino. Por enquanto só resta aos ufólogos continuarem pesquisando sem patrocínio oficial.
Signatários da Carta de Brasília
Signatários nacionais:
Ademar José Gevaerd, Claudeir Covo, Marco Antonio Petit, Rafael Cury, Reginaldo de Athayde, Ubirajara Franco Rodrigues, Ademar Eugênio de Mello, Ana Maria dos Santos, Antonio Faleiro, Basílio Baranoff, César Pereira Vanucci, Chica Granchi Cláudio Pamplona, Edwaldo Gomes Silva Jr., Elias Seixas, Emanuel Paranhos, Eustáquio Andréa Patounas, Geraldo Simão Bichara, Haroldo Westendorff, Hernán Mostajo, Irene Granchi, José Luiz L. Martins, Luciano Stancka e Silva, Manoel Gilson Mitoso, Oscar Alberto Romero, Pedro Paulo Cunha Filho, Ricardo Varela Corrêa, Roberto Affonso Beck, Romio Cury, Wilson G. de Oliveira.
Signatários internacionais:
Alexander Balandine, Barry Chamish, Boris Chourinov, Budd Hopkins, Colin Andrews, David Jacobs, Derrel Sims, G.C. Shellhorn, Gábor Tarcali, Gildas Bourdais, Giorgio Bongiovanni, Glennys Mackay, Graham Birdsall, Jaime Maussan, James Courant, James Hurtak, Jesse Marcel Junior, Jorge Alfonso Ramirez, Leonard Sprinkle, Mário Dussuel Jurado, Maurizio Baiata, Michael Hesemann, Michael Lindemann, Pablo Villarrubia Mauso, Roberto Pinotti, Rodrigo Fuenzalida, Sun-Shi Li, Timo Koskeniemmi, Wendelle Stevens, Yvonne Smith.