Vez ou outra os ufólogos apresentam estatísticas duvidosas informando que os avistamentos de objetos voadores não identificados (UFOs) aumentaram em todo o mundo, consequentemente sendo cada vez mais vistos abertamente em incontáveis lugares do globo terrestre — números que chegam a surpreender muitos deles, confessam.
Na esteira desses acontecimentos surgem esporadicamente autointitulados contatados que alegam ter o dom de “chamar” os alienígenas quando bem desejem, como um apito de cachorro. Algumas dessas pessoas se dizem recebedoras fluentes de mensagens desses seres espaciais.
Ao avaliarmos essas alegadas comunicações siderais podemos assinalar que algumas delas provocam interpretações díspares de quem as lê, como se fossem uma cartola vazia donde é possível sacar qualquer variedade de coelho de dentro dela.
Boa parte dos temas exarados nessas transmissões são orientações comportamentais, tais como o nobre desejo de compartilhar o amor entre os seres humanos e a de não praticar a violência.
Apesar dos esforços benevolentes dos “alienígenas” em querer pregar ao nosso mundo sua “sabedoria” espacial, é fácil constatar que nossos próprios ensinamentos terrestres oferecem estas orientações de feitio muito mais refinado e inteligente.
As mensagens “alienígenas” que nada acrescentam ao conhecimento humano
No livro O mundo assombrado pelos demônios, publicado em 1995 nos Estados Unidos, o renomado astrônomo Carl Sagan (1934–1996) já constatava a futilidade do conteúdo dessas ditas mensagens dos seres do espaço.
Sagan dizia receber cartas de pessoas que alegavam estar em contato com seres extraplanetários, e em algumas dessas oportunidades ele era gentilmente convidado a formular algum questionamento aos tais mestres das outras estrelas. Sagaz como sempre, o astrônomo norte-americano devolvia interrogações enxadristas do tipo: “Por favor, dê uma prova breve do último teorema de Fermat”.
O astrônomo contava que perguntas peremptórias desta ordem nunca recebiam respostas, ao contrário de quando indagava algo genericamente vago como “Deveríamos ser bons?”, quase sempre seu feedback era prontamente atendido sem cerimônias.
Desde o surgimento da ufologia o cenário charcoso não mudou muito. As mensagens dos seres do espaço poderiam propagandear alguma evidência mais palpável de sua superioridade sideral, brindando-nos com algo solidamente concreto, como uma nova fórmula matemática ou ensinamentos inovadores.
Comunicações assim seriam úteis e iriam nos fazer progredir — tanto tecnologicamente quanto moralmente (lembrem-se, os mensageiros do espaço dessas histórias vistosas querem nos orientar para o progresso da humanidade). Além, é claro, seria mais fácil desse material revolucionário ser demonstrado como algo original — apesar de originalidade não significar o mesmo que origem extraplanetária.
Porém, ao contrário do que sempre ocorre, os “alienígenas” têm se mostrado apenas capazes de produzir pregações tão vazias quanto o vácuo. De fato, o último teorema de Fermat foi finalmente demonstrado por matemáticos, e nenhum forasteiro extragaláctico esteve envolvido na sua solução — nem mesmo pra plagiar.
Em sua egrégia obra, o astrônomo Sagan segue implacável em retratar o teor de ridículo que alimenta boa parte da ufologia, expondo o debande dos mensageiros espaciais quando justamente são confrontados a apresentar algo relevante para nós humanos:
“Esses alienígenas sentem-se extremamente felizes em responder qualquer questão vaga, especialmente envolvendo juízos morais convencionais. Mas acerca de qualquer problema específico, em que há uma chance de descobrir se eles realmente sabem algo mais do que a maioria dos humanos, há apenas o silêncio”.
A inquietação de Carl Sagan acerca das mensagens extraterrestres era plenamente justificada. Realmente, não podemos esperar uma pronta aceitação delas, pois em uma trivial passada de olhos constatamos sua picaresca banalidade.
Da inocuidade ao nocivo
Hoje em dia pouquíssimas pessoas levam a sério as irradiações de alegados seres estelares, pois além desses mensageiros siderais nunca aparecerem na nossa frente para transmitir diretamente seus recados, eles têm se mostrado unicamente a indivíduos considerados suspeitos do ponto de vista da sua sanidade mental.
A divulgação e propagação dessas fúteis comunicações alienígenas são nocivas à pesquisa séria (e cada vez mais escassa) do “fenômeno” UFO, pois boa parte da sociedade não tem conhecimento sobre o que é a investigação deste disputável tema e imagina que todos aqueles que estão envolvidos com a diligência dos fenômenos aéreos não identificados são um bando de fanáticos batendo pandeiro e evocando extraterrestres para serem resgatados por suas naves luminosas.
Referências
[1] SAGAN, Carl. O mundo assombrado pelos demônios: a ciência vista como uma vela no escuro. Tradução de Rosaura Eichemberg. São Paulo: Companhia das Letras, 1996.
Concordo com sua análise Alexandre. Embora seja um apaixonado pela ufologia esta tem sido desde o princípio um terreno pantanoso. Não há nada sólido em que se apoiar, pelo menos nada que tenha sobrevivido a ação dos militares e outros intervencionistas de fora. Acredito pessoalmente que o trabalho do então Capitão Holanda tenho sido um trabalho sério mas infelizmente não nos sobrou provas irrefutáveis dos eventos ocorridos. Concordo totalmente com o Sagan mas talvez o que esteja em julgo não seja o caráter das entidades supostamente extraterrestres e sim o seus porta vozes. Tampouco não se pode afirmar que intervenções científicas não tenham ocorrido na história da humanidade. Pegue o caso de Tesla, por exemplo que afirmava ser perseguido por uma idéia fixa do modelo de gerador de corrente alternada. Não que eu queira desmerecer o trabalho árduo destes pioneiros mas eventualmente essas intuições podem ter tido origem em outras esferas. É o que eu penso. Parabéns pelo trabalho.
Okay. É um ângulo de visão que você trata que sempre pode ser abordado em um debate. A figura mítica do Tesla, como você mesmo cita, sempre esteve envolvida por auras de mistério. Mas se você se apoiar em biografias sérias sobre esta figura, muito desse aparente mistério se dissipa, principalmente dessa batalha comercial entre a corrente alternada do Tesla e a corrente contínua do Thomas Edison.
Há mais humanidade e suor escorrendo pela face desses homens do que espasmos de uma noite de verão de iluminação divina ou alienígena. Obrigado pelo seu comentário.
Quer dizer que as pessoas “pobres e de escassa instrução” não estão aptas para saber quando são atingidas por feixes de luzes que as atingem? E sobre a médica que esteve no local na época e que atendeu essa população e foi testemunha dos OVNIs? Ah! Essa parte é melhor ignorar. Isso me lembra esse caso: “Em 1776 o mineralogista austríaco Ignaz von Born julgou que tomava cuidados científicos quando retirou, da coleção imperial de Viena, um conjunto de pedras caídas do céu. Von Born fez isso convencido de que pedras que “caem do céu” eram sinal de ignorância do povo.
Não estava sozinho nessa conclusão. Sete anos antes, em 15 de abril de 1769, o químico francês Antoine-Laurent de Lavoisier havia assegurado aos membros da Academia Francesa de Ciência que “pedras que caem do céu não existem”.”
Seja mais honesto e menos falacioso.
Pedras que caem do céu estão em nossas mãos e podemos analisá-las, atestando sua origem fora da Terra (eu mesmo tenho alguns meteoritos). Já tal Operação Prato não nos deixou um pedaço de nave alienígena em nossas mãos, somente relatos de pessoas, fotos de pontos luminosos e marcas físicas em corpos de pessoas que dizem ter levado uma cutucada espacial por um feixe de luz.
A tal médica disse ter visto um OVNI, assim como os militares. Não estou negando que não os viram, mas também não estou afirmando que viram naves de outros mundos. É simples assim.
Procure conversar com o papa da ufologia, o Prof. Ademar Gevaerd, sobre a Operação. Marque uma entrevista com ele e publique o debate neste seu espaço. Eles estiveram frente a frente com um tripulante de um enorme disco-voador. Fora os desenhos constantes de parte do material desvendado. Sim, porque a maior parte das fotos e dos filmes não foram revelados. Depois desse contato deles com o ufonauta, a Operação Prato foi encerrada e transferida para os cientistas americanos que aqui estiveram. Como sempre, amigo, estás mui mal informado, respeito tuas opiniões pessoais, mas procure conhecer melhor o assunto antes de dar vossos pitacos. Numa boa, te quero bem, um abraço.
Caro, o que você descreve é amplamente conhecido por qualquer um há anos, além de repetir trechos do que eu mesmo falei aqui. Se você tivesse lido alguns outros artigos meus neste site, veria que já tratei deste tema há mais de uma década atrás. Inclusive, em um desses artigos analisei 500 relatos deste episódio para extrair em um gráfico o horário dessas aparições. Portanto, você é quem está desinformado em achar que estou desinformado.
Olá Alexandre. Acabo de “descobrir” sua página. Parabéns. Tenho bastante interesse por ufologia (não etlogia OK!). Dentro deste “universo”, há muito tempo tenho me concentrado nos detalhes dos eventos de 1977 que desencadearam a Operação Prato. Dei uma olhada rápida pelas páginas relacionadas com a ufologia e encontrei bastante coisa sobre a ilha trindade e pouco sobre a operação prato. Você tem alguma opinião formada sobre o assunto? Abraço.
Obrigado! Do ponto de vista científico a chamada Operação Prato deixou pouca evidência concreta. Boa parte dos seus registros são relatos de populares. As fotografias são pobres, resumindo-se a luzes contra um fundo escuro. Para piorar, algumas dessas fotografias foram alegadamente adulteradas por um filho de um dos militares da missão. As gravações em filme dos militares (se realmente existem) nunca apareceram em público. O evento não é único na história. Em tempos recentes um conhecido episódio ocorreu na Índia, chamado de Muchnowa, e também provocou pânico e ataques de luzes a populações pobres e de escassa instrução. O evento foi associado a histeria coletiva. Do ponto de vista científico não há elementos convincentes que atestem ser a chamada Operação Prato o registro de naves de outro planeta.