Índice
- A busca dos documentos confidenciais
- O inquérito da Marinha
- Relatórios do Posto Oceanográfico da Ilha da Trindade
- O que diz o relatório de Bacellar
- Bacellar viu manchas nos negativos
- A impossibilidade de provar a existência de uma fotomontagem
- O truque que Baraúna confessou
- Foi captado pelo radar?
- A verdade sobre as 48 testemunhas
- Dificuldade em localizar os documentos na Marinha
- Os documentos oficiais da Marinha do Brasil
- Referências
A busca por documentos sigilosos sobre o caso Ilha da Trindade revela novidades. Este autor esteve na Marinha do Brasil, no Rio de Janeiro, e obteve cópias de alguns documentos sigilosos do caso, hoje desclassificados e acessíveis ao público.
Os documentos do caso Ilha da Trindade estão no Serviço de Documentação da Marinha (SDM), na Ilha das Cobras, complexo militar do 1º Distrito Naval. Com alguns desses documentos agora revelados, novas peças deste quebra-cabeça são encaixadas.
A busca dos documentos confidenciais
Alguns documentos oficiais do caso já são de conhecimento público. Eles foram vazados ao exterior em 1964, depois de seis anos de o avistamento ter ocorrido na Ilha da Trindade.
De acordo com a ufóloga norte-americana Coral Lorenzen, um militar da Marinha Brasileira remeteu os documentos à Aerial Phenomena Research Organization (APRO), grupo norte-americano de pesquisas de Unidentified Aerial Phenomena (UAPs) que ela presidia.
Na época, estes documentos ainda eram confidenciais e não era permitido o acesso público. O militar pediu anonimato e até hoje não sabemos quem era. A partir daí os documentos foram traduzidos para o inglês e publicados integralmente em um dos boletins dessa organização, ainda na década de 60. [1]
Os documentos também chegaram a ser publicados em espanhol na década de 70. [2] Depois, publicações brasileiras traduziram para o português e publicaram no Brasil. [3] Algumas traduções para o português, que estão em circulação, não são boas e contêm erros.
Estes documentos vazados demonstravam que a Marinha os classificou na categoria de confidenciais. [4][5][6] Os documentos do caso Ilha da Trindade não foram classificados como secretos e nem como ultrassecretos. Documentos do tipo confidenciais perdem sua classificação em, no máximo, dez anos.
O objetivo atual deste autor era resgatar os originais destes documentos e também obter uma cópia daqueles outros que ainda não haviam sido divulgados. Infelizmente, nem todos os documentos foram localizados, sendo que apenas uma parte deles foi resgatada.
O inquérito da Marinha
Um dos documentos obtidos parcialmente pelo autor, e que nunca havia sido divulgado publicamente até hoje, é o remetido pelo ministro da Marinha, o almirante de esquadra Antônio Alves Câmara Júnior, ao deputado federal Sérgio Magalhães (PTB/DF), da Câmara dos Deputados. [7]
O deputado havia elaborado um Requerimento de Informação da Câmara (RIC) de nº 2957/1958, pedindo informações ao Ministério da Marinha sobre todo o episódio ocorrido a bordo do navio-escola Almirante Saldanha e os avistamentos anteriores ocorridos em solo, na ilha. [8]
Ao responder à requisição, o ministro da Marinha emitiu um documento ao deputado. Na época, o conteúdo era confidencial e os jornais noticiaram a chegada do documento nas mãos do deputado. O Jornal do Brasil, de 17 de abril de 1958, confirmou que:
“O Capitão-de-corveta Raul Lopes Cardoso, do Gabinete do ministro da Marinha, disse que o inquérito do disco voador está afeto ao Estado-Maior da Armada e as informações a seu respeito remetidas à Câmara seguiram em caráter confidencial”. [9]
O periódico O Jornal, da mesma data de 17 de abril de 1958, também publicou que “[…] essa informação foi dada a reportagem de O Jornal pelo comandante Raul Lopes Cardoso, do gabinete do ministro Alves Câmara, que nos declarou:
— Com efeito, a Marinha enviou à Câmara um memorando contendo resposta a uma série de indagações feitas oficialmente por um deputado. Devo afirmar, contudo, que o memorando foi remetido em caráter secreto e a Câmara não tem autorização para divulgar qualquer dos dados nele contidos”. [10]
Na Marinha, o autor iniciou a busca deste documento. Folheando um volume de memorandos — não confidenciais —, nada foi encontrado. A busca seguiu em um volume contendo todos os atos do ministro — não confidenciais — de abril de 1958.
O documento foi achado. Porém, foi localizado apenas o cabeçalho dele, datado de 09 de abril de 1958. O conteúdo era confidencial e o restante da folha estava completamente em branco.
A partir daí as buscas ficaram mais difíceis. O cidadão comum não tem permissão de folhear todos os volumes de documentos confidenciais, mesmo que hoje eles não estejam mais classificados. Esta tarefa somente pode ser realizada pelo funcionário da Marinha. Ele tem que ter a boa vontade de pesquisar, folha a folha, os volumes de documentos emitidos em abril de 1958 pelo ministro da Marinha.
Numa outra ida à Marinha, este documento foi localizado parcialmente pelo funcionário. A maioria das respostas ao deputado Sérgio Magalhães estava em um anexo. Este anexo era um inquérito confidencial, elaborado pelo Estado-Maior da Armada, e ele não estava no mesmo volume. Em novas buscas, não foi localizado.
O conteúdo do documento obtido, remetido pelo ministro da Marinha ao deputado federal Sérgio Magalhães, é reproduzido abaixo, sem o inquérito:
“MJS/PFM D.F.,
Nº 898 CONFIDENCIAL Em 9/4/ de 1958
Do: Ministro da Marinha
Ao: Excelentíssimo Senhor Primeiro-Secretário da Câmara dos Deputados
ASSUNTO: Requerimento nº 2957/58 do Senhor Deputado Sérgio Magalhães
ANEXO: (A) Cópia do Inquérito — CONFIDENCIAL — feito pelo Estado-Maior da Armada, a respeito do assunto; e
(B) Quatro (4) cópias fotográficas.
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- Com relação ao requerimento nº 2957/58 do Senhor Deputado Sérgio Magalhães, a que se refere o Ofício de Vossa Excelência nº 00186 de 20 de março último, apraz-me enviar-lhe cópia do anexo (A), que responde a quase todas as perguntas do Senhor Deputado Sérgio Magalhães.
-
- No que diz respeito ao Rebocador ‘Tridente’, nada consta neste Ministério sobre o assunto.
-
- O fato foi mantido em sigilo para que pudesse ser concluído o inquérito instaurado a respeito, uma vez que a Marinha não poderia, levianamente, tornar público um fato ocorrido em navio seu, sem que antes tivesse feito as necessárias investigações a respeito. Outrossim, tratando-se de assunto controvertido, não deseja a Marinha a ele ligar-se, oficialmente, por motivos óbvios.”
Aproveito a oportunidade para reiterar a Vossa Excelência meus protestos de estima e mui justa consideração.
ANTÔNIO ALVES CÂMARA JÚNIOR
Almirante – R Rm – Ministro da Marinha” [7]
Apesar do inquérito não ter sido localizado, seu conteúdo não é desconhecido. O que é e o que diz o inquérito da Marinha? Apesar de confidencial, o deputado não guardou para si o segredo e contou uma parte de seu conteúdo aos jornalistas — ele apenas não liberou uma cópia. [9][11]
Alguns jornais publicaram essas informações e elas são, justamente, as mesmas que estão descritas no conhecido relatório do capitão de corveta José Geraldo Brandão — “Relatório sobre a observação de objetos voadores não identificados registrada na Ilha da Trindade, no período compreendido entre 5 de dezembro de 1957 e 16 de janeiro de 1958” —, o militar responsável pela investigação do caso no Estado-Maior da Armada (EMA). [12]
As informações transmitidas pelo deputado Sérgio Magalhães aos jornalistas são exatamente as mesmas exaradas neste relatório final da Marinha sobre o episódio.
Além disso, segundo publicou o Jornal do Brasil de 17 de abril de 1958, “o inquérito sigiloso foi instaurado em janeiro de 1958, logo que chegou ao Rio [de Janeiro] o Almirante Saldanha procedente da Ilha da Trindade, e encerrado a 2 de fevereiro último […]”. [9] De acordo com essa informação, com dez dias a Marinha já havia encerrado a investigação do caso.
Infelizmente, o relatório do capitão de corveta Brandão também não foi localizado na Marinha. No primeiro dia, o autor levou este relatório impresso e solicitou uma cópia do original. O funcionário informou que o documento “não foi localizado”. Em outras idas à Marinha, o funcionário continuava não sabendo onde se localizava este documento, mesmo mostrando a referência de datas e numeração.
O funcionário afirmou que não localizou estes documentos nos arquivos que pertenciam ao Estado-Maior da Armada e nem aos do Departamento de Inteligência. Também, não foi possível localizar os documentos pelos nomes dos oficiais envolvidos no caso.
O que se conhece hoje deste relatório do capitão de corveta Brandão é a versão que foi vazada em 1964 para a APRO nos Estados Unidos. Este relatório é a conclusão oficial da Marinha sobre todos avistamentos ocorridos na ilha entre dezembro de 1957 e janeiro de 1958, incluindo o avistamento mais famoso a bordo do navio-escola Almirante Saldanha em 16 de janeiro de 1958.
Relatórios do Posto Oceanográfico da Ilha da Trindade
Outros documentos obtidos pelo autor são os relatórios do Posto Oceanográfico da Ilha da Trindade (POIT) dos anos de 1957 e 1958. Eles não são relatórios específicos sobre UAPs. Esses documentos descrevem todos os procedimentos operacionais executados pelos militares, na ilha, desde a entrada de mantimentos até o lançamento de balões-sonda para a pesquisa meteorológica.
Dentre os cinco relatórios obtidos, de diferentes missões, o único confidencial era o da guarnição da 2ª Turma, intitulado “Relatório de fim de comissão. Posto Oceanográfico da Ilha da Trindade. Período de 1º de novembro de 1957 a 16 de janeiro de 1958”. [13]
Esse relatório foi elaborado pelo capitão de corveta Carlos Alberto Ferreira Bacellar e descreve os avistamentos na ilha e o avistamento a bordo do navio-escola Almirante Saldanha. Carlos Bacellar pertencia à 2ª Turma e foi o comandante do POIT de 01 de novembro de 1957 a 16 de janeiro de 1958.
As páginas com a descrição das ocorrências da aparição de UAPs eram desconhecidas do público. Apesar disso, os avistamentos descritos nelas já eram conhecidos publicamente, e todos eles são mencionados no já citado aqui relatório do oficial da Inteligência, José Geraldo Brandão.
Podemos dizer que, o que está descrito no relatório do POIT são as informações escritas pelo próprio punho do militar Carlos Bacellar, e não uma cópia exata do que está escrito no relatório de Brandão. Portanto, há algumas novidades que serão aqui conhecidas pela primeira vez.
Depois que a Marinha encerrou a investigação do caso, conforme data informada pelo Jornal do Brasil, em 02 de fevereiro de 1958, mais dois avistamentos aconteceram na ilha. [9] A existência desses dois avistamentos também já era conhecida publicamente.
Eles foram relatados pelo ufólogo Olavo Teixeira Fontes, pesquisador do caso Ilha da Trindade. Fontes não teve acesso a este relatório que temos hoje; ele tinha conhecidos na Marinha que o informaram dessas ocorrências. Segundo o pesquisador, a primeira aparição aconteceu em 07 de março de 1958. [14]
Infelizmente, não foi possível resgatar o relatório do POIT deste período. O segundo avistamento aconteceu em 05 de outubro de 1958 e a guarnição do POIT em exercício era a da 6ª Turma, comandada pelo capitão de corveta Eduardo Jorge dos Santos Crespo de Castro. Essa guarnição atuou na Ilha da Trindade entre o período de 17 de agosto de 1958 a 25 de outubro de 1958.
O relatório foi obtido pelo autor e ele não está classificado como confidencial. Talvez, a ocorrência tenha sido considerada inexpressiva e não mereceu a classificação. Na seção “Ocorrências” de seu relatório de fim de comissão, o militar Eduardo Castro relata a observação de um UAP na ilha:
“Na noite do dia 5 cerca de 20:41 fui chamado em minha residência pelo MN 1a.CL.SI- Silvio Barbosa Lima para ver uma estranha luz de cor avermelhada brilhando intensamente que se encontrava numa marcação verdadeira aproximada de 45º e a uma altura do horizonte 20º. Tinha ao meu lado nesse momento o 1º Tenente (MD)-Dr. Arindal Pires e o 1a.CL.SI- Manuel Januario de Assis. Tomei imediatamente a hora 20:42 e após a luz ter chegado a um máximo diminuiu até sumir voltando a seguir a um máximo e sumindo a seguir, eram 20:46. O céu estava límpido, nada houve a mais que registrar.” [15]
O ano de 1957 foi a reconquista da Ilha da Trindade e o início do estabelecimento de uma base militar permanente, que existe até hoje. Tudo isto foi documentado em fotos e relatórios. Junto a um desses relatórios que o autor obteve, há o registro fotográfico dessa época, composto de 75 fotografias.
Entre outras cenas, as fotografias mostram casas sendo construídas na ilha e militares trabalhando no convés do navio-escola Almirante Saldanha. [16]
Depois que o Posto Oceanográfico foi construído, a 1ª Turma atuou no período de 16 de agosto de 1957 a 01 de novembro de 1957. O comandante do POIT nessa oportunidade era o capitão de corveta Carlos Alberto de Carvalho Armando. [17] A tabela elaborada por este autor, abaixo, apresenta a relação de todas as turmas que atuaram entre 1957 e o início do ano de 1959:
O que diz o relatório de Bacellar
O relatório do comandante do Posto Oceanográfico da Ilha da Trindade, o capitão de corveta Carlos Bacellar, descreve os avistamentos de UAPs na seção “Ocorrências”. Em três parágrafos, ele descreve quatro avistamentos:
“No dia 31 de dezembro foi enviado um rádio cifrado ao EMA [Estado-Maior da Armada], com informações à DHN [Departamento de Hidrografia e Navegação], comunicando haver sido avistado sobre a ilha um objeto voador não identificado, da forma de um elipsóide de revolução bem achatado, cor de aço inoxidável, a cerca de 1600 metros de altitude, deslocando-se com velocidade vertiginosa no rumo aproximado de nordeste, sem fazer qualquer ruído.
O objeto foi visto pelo médico, 1º Ten. Ignácio Carlos Moreira Murta, 1ª Cl=SI Sebastião Soriano de Souza e mais cinco operários da Cia. Moraes Rego, um dos quais — o primeiro a avistar o objeto — declarou que já o vira anteriormente, no dia 5 de dezembro, e que comunicara isso a seus colegas não tendo sido, entretanto, levado a sério. Em ambas as vezes eram quase oito horas da manhã.
No dia seguinte, 1º de janeiro, todas as atenções estavam voltadas para o céu quando surgiu algo, que foi visto por uns vinte homens da guarnição, e que se afirmou ser o mesmo objeto; eu também estava atento e me pareceu, no entanto, tratar-se de uma gaivota.
O objeto — ou gaivota — estava projetado sobre o céu e assim não se tinha noção de profundidade; deslocando-se no rumo nordeste, em determinado ponto da trajetória brilhou intensamente, embora durante talvez menos de um segundo.
Se era gaivota a sua velocidade seria grande, mas dentro do razoável; se era realmente o objeto, deveria estar a uma distância considerável e nesse caso, a sua velocidade era incrível. Esse fato não foi comunicado ao EMA em virtude da dúvida que subsistiu.
Finalmente, no dia 16, cerca de 11:00, achava-me já a bordo do NE ‘Almirante Saldanha’, após a passagem de Comando do Posto, quando fui avisado de que um objeto aéreo não identificado fora visto, de bordo, sobre a ilha.
Encontrava-me no camarote, nesse momento, e subi imediatamente ao tombadilho, onde encontrei várias pessoas um pouco excitadas com o que haviam visto, entre essas o Sr. Almiro Baraúna, fotógrafo profissional, que acompanhara diversos caçadores de mergulho à ilha da Trindade afim de fazer fotografias submarinas.
Esse Sr. Baraúna era dos mais excitados por haver batido diversas chapas do objeto e estar em grande expectativa, duvidando que tivesse obtido resultado positivo. Não me afastei mais dessa pessoa, a fim de verificar a autenticidade dos negativos.
Vi-o, ainda no tombadilho, retirar o rolo de filme da máquina e o segui à câmara escura para assistir à revelação, não tendo nela entrado devido ao forte calor que fazia, ficando do lado de fora durante o tempo necessário à operação, ou seja, 10 minutos. Saindo da câmara, ainda com o filme na bacia, vi-o retirá-lo e assisti à sua decepção quando, bastante nervoso, supôs que não obtivera êxito.
Tomei do filme, examinei-o melhor e, em três negativos e em posições diferentes, notei a presença de uma estranha mancha que mais tarde foi perfeitamente identificada. O filme ficou em poder do Sr. Baraúna que, sob insistência minha, comprometeu-se a comparecer ao EMA caso houvesse necessidade.
Ao chegar ao Rio lá fui e tratei do caso com o CC José Geraldo Brandão, prestando, então, depoimento verbal. A partir de então tudo o que foi feito foi de iniciativa exclusiva do EMA.” [13]
Além das quatro aparições de UAPs, Bacellar também narra um avistamento que testemunhou quando estava lançando um balão-sonda. Ele realizou 44 lançamentos de balões-sonda na ilha, no período de 05 de novembro de 1957 a 10 de janeiro de 1958. No seu relatório do POIT, há dados de todos esses lançamentos e há a menção de apenas um avistamento de UAP, do dia 08 de janeiro de 1958.
Ele relata que “[…] embora não se pudesse medir a distância zenital, o balão ainda era visível quando o receptor acusou a queda da RS [radiossonda]. O objeto que se supõe seja o balão, ainda foi visto até 15:10 (HMG) quando desapareceu atrás das nuvens. No teodolito se apresentava branco e da forma de lua nova.” [13]
Quando Bacellar voltou da ilha e foi chamado a depor no Estado-Maior da Armada no Rio de Janeiro, informou ao oficial da Inteligência, o capitão de corveta José Geraldo Brandão, que houve duas aparições de UAPs, em dias diferentes, no momento em que os balões-sonda estavam no ar. O relatório de Brandão menciona as duas ocorrências, porém descreve detalhadamente apenas uma delas.
Bacellar viu manchas nos negativos
De acordo com o relatório do POIT do capitão de corveta Carlos Bacellar, depois que o fotógrafo baiano Almiro Baraúna alegou ter batido as fotos do disco voador, foi determinado que ele revelasse o filme ainda a bordo. Assim que Baraúna saiu da cabine de revelação improvisada, Bacellar examinou os negativos ainda molhados.
Ele os viu a olho nu e enxergou algo ali, que chamou de “estranha mancha”. Das quatro chapas que Baraúna alegava ter registrado o disco voador, Bacellar viu as tais manchas em apenas três delas. O capitão não menciona o formato discoidal das manchas.
Se as fotografias eram um truque, como um fotógrafo civil teria conseguido enganar os militares, oficiais e praças, em pleno navio de guerra? Não teve receio de ser desmascarado? Na verdade, como narra o próprio Bacellar em seu relatório, depois de revelar o filme, Baraúna supôs não ter capturado o “objeto aéreo” em suas lentes.
Ele não tentou trapacear ou induzir o capitão de corveta Bacellar a ver o “disco voador” nos negativos. Ao pegar o filme ainda molhado, foi o próprio Bacellar quem achou que as manchas eram a imagem do disco voador.
O que eram as manchas? Por que elas foram vistas em apenas três chapas e não em quatro? Além disso, Baraúna também contava que o filme ficou superexposto e assim não era possível enxergar direito por ter ficado muito escuro. [18] Porém, nós também sabemos que ele tinha acabado de usar produtos químicos no laboratório improvisado.
Depois da revelação, nem ele, um laboratorista e especialista em fotografia, tinha enxergado nada nos negativos. Bacellar, que não era especialista em fotografia, tomou os negativos de sua mão e passou a analisar a olho nu. Enxergou em três chapas “uma estranha mancha que mais tarde foi perfeitamente identificada.” [13]
Quando o navio voltou da Ilha da Trindade e chegou ao Rio de Janeiro, Bacellar foi chamado a depor. Ele compareceu ao Estado-Maior da Armada em 27 de janeiro de 1958 e expôs verbalmente todos os fatos ao capitão de corveta José Geraldo Brandão, oficial da Inteligência da Marinha que investigou o episódio.
Baraúna e outros militares também foram chamados a depor. Brandão compôs um relatório com base nesses depoimentos. Na primeira seção do relatório, designada de “Ocorrências”, Brandão reproduz a versão de Bacellar e dos outros militares do momento da revelação do negativo:
“VII — Após o avistamento, o fotógrafo retirou o filme da câmera na presença do CC Bacellar e demais oficiais; depois, junto com CC Bacellar, foi ao laboratório fotográfico do navio vestido apenas com camiseta e shorts; o processamento durou cerca de 10 minutos e depois os negativos foram examinados pelo CC Bacellar; CC Bacellar afirma que viu o aludido OANI naquele primeiro exame dos negativos mencionados, com detalhes que só as ampliações mostraram depois mais claramente.
VIII — Posteriormente, os mencionados negativos foram mostrados aos membros da tripulação do navio que tinham sido testemunhas do fenômeno; eles reconheceram que o objeto que aparecia nas fotos era idêntico ao que tinham avistado no ar”. [12]
No final do relatório, numa subseção designada de “Pontos Positivos” da evidência fotográfica, Brandão sumariza todos os pontos positivos da fotografia. A sumarização trata dos pontos que ele já havia descrito anteriormente na seção “Ocorrências” e não se trata de uma apresentação de novos fatos:
“Pontos Positivos
I — O relato do capitão de corveta Bacellar, que viu no filme imediatamente após a sua revelação, ainda úmido, as imagens que identificou nas cópias como o objeto fotografado; e também que os instantâneos precedem a sequência obtida da passagem do OANI correspondem às cenas tomadas a bordo poucos minutos antes do acontecimento.
II — As declarações das pessoas que avistaram o objeto: elas viram as cópias fotográficas e declararam que haviam visto exatamente o que aparece nas fotografias.” [12]
Posteriormente, Bacellar também enviou um depoimento, por escrito, ao jornalista da revista O Cruzeiro, João Martins. Ele foi publicado na edição de 03 de maio de 1958 e, entre outros pontos, declarou:
“6 — Eu vi o filme logo depois de revelado, ainda molhado, e, examinando-o, pude constatar que:
[…]
b) Nas fotos da sequência era visível, em posições diferentes, uma imagem que se assemelhava ao objeto mais tarde visto nas cópias, com detalhes que só posteriormente as ampliações mostraram com mais clareza.
[…]
“d) Os referidos negativos foram vistos por muita gente a bordo”. [19]
Ao cruzarmos os dados do relatório de Brandão com o relatório do POIT de Bacellar e com seu depoimento por escrito ao jornalista da revista O Cruzeiro, João Martins, dispomos de três fontes que permite-nos ter uma visão contada por um militar do que aconteceu depois da revelação dos negativos a bordo do navio.
Com base nessas três fontes, constata-se que os alegados tripulantes que, segundo o relatório de Brandão, tinham sido testemunha da aparição de um UAP a bordo do navio não reconheceram no negativo a imagem do “disco voador” como sendo o mesmo “objeto” que eles teriam visto no céu. Eles o reconheceram nas fotos, como está exatamente escrito na seção “Ocorrências”, tópico VIII do relatório de José Brandão, reproduzido acima.
E as fotos eram as cópias em papel, que somente foram vistas no Estado-Maior da Armada quando o navio voltou ao Rio de Janeiro. Apesar destes militares disserem ter visto algo nos negativos, ainda no navio, somente quando estavam no Estado-Maior da Armada eles olharam o “disco voador” no papel fotográfico e reconheceram ser um “objeto” semelhante ao que eles alegaram ter avistado no céu da ilha. O reconhecimento foi a posteriori.
A indicação da interpretação correta deste trecho do relatório de Brandão está no final dele, já mencionado aqui: no tópico II de “Pontos Positivos”, Brandão sumariza todos os pontos positivos da evidência fotográfica. A sumarização trata dos pontos que ele já havia descrito anteriormente na seção “Ocorrências”, e não se trata de uma apresentação de novos fatos:
“II — As declarações das pessoas que avistaram o objeto: elas viram as cópias fotográficas e declararam que haviam visto exatamente o que aparece nas fotografias.” [12]
Quando estava no navio, Carlos Bacellar disse ter visto manchas nos negativos e, posteriormente, quando voltou da ilha e esteve no Estado-Maior da Armada viu as fotos impressas no papel fotográfico. Foi aí que ele afirmou que a imagem do “disco voador” mostrada no papel se assemelhava ao que ele tinha visto nos negativos. [19]
Como não havia papel fotográfico a bordo, os militares tiveram que se contentar em ver as manchas nos negativos. Bacellar descreve no seu relatório que algumas pessoas estavam excitadas, confirmando ter avistado algo no céu, e os negativos apresentavam manchas em três chapas.
Consequentemente, Bacellar validou que as manchas eram o disco voador, e os negativos não precisaram ser confiscados. Baraúna voltou para casa com eles e, segundo alegou seu sobrinho no início deste ano, o fotógrafo profissional Marcelo Ribeiro, e a sua amiga no ano passado, a publicitária Emília Bittencourt, ele teve a oportunidade de produzir uma montagem fotográfica no laboratório que dispunha em sua residência. [20][21][22][23]
Depois de quase 40 anos do caso, Baraúna contou uma versão de como os militares teriam tentado enxergar o “disco voador” nos negativos. Ele afirmou que os militares usaram uma lupa para observar melhor. [18]
Tanto no relatório do POIT do militar Carlos Bacellar, como no relatório de José Brandão e no seu próprio depoimento, por escrito, ao jornalista João Martins da revista O Cruzeiro, o capitão de corveta Bacellar não menciona o uso de lupas. Por falta de dados adicionais aos pesquisadores do caso, permanece inconclusivo se tal instrumento pode ter sido utilizado ou não.
Já cogitaram a impossibilidade de um simples fotógrafo civil ter conseguido ir adiante com um truque em pleno ambiente militar, conhecido pela sua rigidez. O que poucas pessoas sabem é que Baraúna, quando mais jovem, já tinha servido as Forças Armadas. Além de ter sido filho de um militar, ele mesmo serviu o exército por quatro anos.
Antes de dar baixa, já tinha alcançado a patente de sargento. O ambiente militar não era algo inóspito para o ex-sargento Baraúna. Ao depor e lidar com os oficiais superiores no Estado-Maior da Armada, o ex-sargento Baraúna estava em um ambiente muito familiar.
A impossibilidade de provar a existência de uma fotomontagem
O documento da análise das fotografias de Baraúna, realizada pela empresa civil Serviços Aerofotogramétricos Cruzeiro do Sul S.A., não foi localizado por este autor nos arquivos da Marinha. Até hoje este documento nunca foi divulgado, caso ainda exista.
De acordo com as notícias dos jornais da época, o documento que a empresa Serviços Aerofotogramétricos Cruzeiro do Sul produziu não era um relatório e nem um parecer. Ela teria emitido para a Marinha um laudo, que é uma peça técnica de caráter objetivo. [24]
Segundo Baraúna, os negativos teriam ficado apenas quatro dias na empresa Serviços Aerofotogramétricos Cruzeiro do Sul. [25] A pergunta que se faz é se, nesse tempo, os técnicos teriam descrito todos os procedimentos utilizados na análise ou apenas teriam emitido para a Marinha a conclusão a que chegaram.
Talvez a empresa não tenha produzido um laudo no formato que nós imaginávamos, com a descrição de todos os procedimentos utilizados.
Segundo alegou o sobrinho de Baraúna no início deste ano, o fotógrafo Marcelo Ribeiro, as famosas fotografias da Ilha da Trindade são uma montagem. [20] A sobreposição da paisagem da ilha com a maquete do disco voador fazia a composição final do disco voador sobrevoando a ilha.
Ribeiro afirmou que, se a montagem for muito bem-feita, o exame de grãos que foi feito nos negativos não poderia detectar a montagem. Alguns fotógrafos podem discordar que o truque não seria detectado numa análise. Entretanto, os técnicos da empresa Serviços Aerofotogramétricos Cruzeiro do Sul tinham opinião similar à de Ribeiro.
Os técnicos concluíram que uma possível montagem realizada após o avistamento estava descartada, porém era impossível descartar uma montagem efetuada antes do avistamento. Reproduzimos a conclusão da análise dos negativos exposta no relatório da Marinha na seção “Pontos Positivos” da fotografia:
“I — O técnico do Departamento de Hidrografia e Navegação da Armada, depois de analisar os negativos, afirmou que são naturais.
II — Os técnicos do Serviço Aerofotogramétrico da Cruzeiro do Sul, após exames microscópicos para verificar a granulação, análise de sinais, verificação de luminosidade e detalhes de contornos, afirmaram:
Não havia sinal algum de fotomontagem nos negativos mencionados e toda evidência demonstrava que eram realmente negativos de um objeto verdadeiramente fotografado;
A hipótese de uma fotomontagem tramada após o avistamento está definitivamente excluída;
É impossível provar tanto a existência como a inexistência de uma prévia fotomontagem, o que exige todavia uma técnica de alta precisão e circunstâncias favoráveis para a sua execução.” [12]
O que temos aqui é uma conclusão que não está atrelada exclusivamente ao exame físico do negativo. Independente de a montagem ter sido efetuada antes ou depois do avistamento de algo no céu, o exame dos negativos é de ordem física e deveria falar por si. Não importaria em qual momento do dia o fotógrafo fez a montagem.
Não foi o caso, os técnicos da empresa Serviços Aerofotogramétricos Cruzeiro do Sul concluíram que era “impossível provar tanto a existência como a inexistência de uma prévia fotomontagem”. [12] A montagem podia existir, mas no exame que fizeram era impossível provar sua existência. Na avaliação deles não era possível detectá-la, caso existisse.
O que a ufologia tem repetido, durante mais de 50 anos, é a afirmação contrária: “Se não foi detectado uma montagem, então as fotografias são autênticas.” Tecnicamente, não foi possível concluir isso.
Se não foi detectada uma montagem, a razão seria por uma das duas causas: a) Não existia montagem; b) Existia montagem, mas era muito bem-feita e foi realizada com uma “técnica de alta precisão” — palavras da empresa Serviços Aerofotogramétricos Cruzeiro do Sul.
Foi por essa razão que a Marinha não autenticou as fotografias, pela inviabilidade técnica de fazê-lo. Não restou alternativa, a não ser concluir no seu relatório final que:
“Que a mais valiosa prova apresentada, a fotográfica, de alguma maneira perde sua qualidade convincente devido à impossibilidade de provar uma prévia fotomontagem.” [12]
Quem “autenticou” as fotografias foram alguns jornais da época, em manchetes espetaculares, e alguns oficiais superiores e oficiais generais, quando questionados a emitir sua opinião estritamente pessoal sobre elas, não técnica e não chanceladas pela instituição Marinha. [26][27]
O truque que Baraúna confessou
Apesar do sentimento de autenticidade pairar em parte da oficialidade, ele não durou para sempre. As opiniões começaram a se dividir. Depois que a imprensa começou a publicar o passado de Baraúna, dos truques fotográficos que ele já havia realizado, a Marinha cogitou instaurar um novo inquérito para a reanálise das fotos. [28]
O baiano Baraúna não era um fotógrafo de fim de semana; ele era um especialista em fotomontagens. A Marinha já aventava seriamente a possibilidade de ter sido trapaceada. Do que se tem notícia, eles acabaram não levando isso à frente e encerraram o assunto.
A desconfiança da Marinha era justa. Tempos atrás, Baraúna já tinha vendido fotos trucadas para o jornal Tribuna da Imprensa sobre uma história fictícia de um tesouro numa ilha. [29]
Em 1958, quando as fotos da Ilha da Trindade estouraram na imprensa, um fotógrafo amigo seu, Joaquim Simões, resolveu contar o passado de truques de Baraúna. Ele contou aos jornais que Baraúna gostava de brincar com as pessoas com seus truques. [30][31]
Simões denunciou à imprensa a história do tesouro na ilha e Baraúna foi descoberto. Ao invés dele reconhecer publicamente que foi uma brincadeira, em uma entrevista ao Jornal do Brasil, de 23 de fevereiro de 1958, ele ainda parece negar: “Imagine só, até aquela história do tesouro que fotografei no Espírito Santo querem dizer que é chantagem…”. [32]
Além disso, de acordo com seu amigo Simões, quando Baraúna estava montando o cenário do truque, teria lhe tapeado. Baraúna o teria pedido ajuda para arranjar alguns elementos do cenário fictício, sem que lhe contasse que estava montando um truque para posterior venda como autêntico. [31]
Dos registros conhecidos, depois de quase 40 anos ele confessou publicamente o truque do tesouro. Nessa oportunidade teria admitido que realmente foi tudo uma brincadeira. [18] Em relação às fotos da Ilha da Trindade — muito mais expressivas que as do tesouro na ilha —, ele nunca teria admitido uma trucagem publicamente.
Foi captado pelo radar?
O navio-escola Almirante Saldanha tinha apenas um único radar. A Marinha não confirmou e nem desmentiu publicamente a informação de que tenha ocorrido uma radarização do sobrevoo do “disco voador”.
Entretanto, em 1958 não houve menção a existência de uma radarização durante ou nos momentos anteriores ao avistamento principal a bordo do navio, ou seja, do dia 16 de janeiro. Nenhum jornal publicou esta informação e nenhum oficial comentou publicamente o assunto. Até o próprio Baraúna negou que o radar tenha captado algo naquele dia.
No jornal Última Hora, veiculado em 21 de fevereiro de 1958, o repórter pergunta se o radar tinha captado algo, ao que Baraúna declara que “não foi possível, pois o disco desenvolvia uma velocidade incrível. Quando o operador correu para o radar o objeto já tinha desaparecido no horizonte”. [33]
No mês seguinte, na revista O Cruzeiro em edição de 08 de março de 1958, Baraúna concede uma entrevista ao jornalista João Martins, declarando que “[…] o radar do Almirante Saldanha havia captado no dia 15, o reflexo de um objeto a velocidade supersônica.” [25] Naquela época, a única menção era dessa radarização do dia 15 de janeiro, dia anterior ao do alegado avistamento no convés do navio.
O ufólogo Olavo Fontes foi um dos pesquisadores deste caso e conhecia alguns militares que serviam na Marinha. Seus conhecidos puderam lhe confirmar algumas informações sigilosas.
Por razões óbvias o nome desses militares nunca foi publicado, porém seus informantes permitiram checar a versão do radar. Fontes publicou suas pesquisas em três partes no boletim da APRO, entre janeiro e maio de 1960:
“A meu pedido, eles [seus informantes] também verificaram o relato do radar. Eles confirmaram o relato de Baraúna. Segundo os técnicos do radar do navio, ele tinha captado um alvo voando a velocidade supersônica no dia antes do avistamento de Baraúna, cerca de 12:05 P.M. O operador tentou trocar a configuração para rastreamento automático, mas não conseguiu, e o corpo estranho não foi identificado. Entretanto, como eles não foram alertados sobre discos voadores naquela ocasião, os técnicos do radar admitiram a possibilidade de um defeito na configuração e o testaram. Eles descobriram que tudo estava normal”. [14]
Ou seja, os informantes militares de Fontes confirmaram a única história que havia na época: a radarização do dia 15 de janeiro. Dos registros conhecidos hoje, somente depois de dois anos Baraúna surgiu com uma nova versão da história.
Em depoimento numa das reuniões da Sociedade Brasileira de Estudos Sobre Discos Voadores (SBDEV), publicado no boletim informativo nº 16 desse grupo de 01 de julho de 1960, ele dizia que o radar teria captado a aparição em dois dias: em 15 de janeiro e uns 15 minutos antes da aparição do dia 16 daquele mês. [34]
Décadas depois, em uma entrevista gravada em vídeo no ano de 1997, ele contou outra versão sobre o horário do registro do UAP, dizendo que o radar já estava captando algo desde umas quatro horas antes da aparição do dia 16 de janeiro. [18]
Há muito mais a ser analisado sobre essas supostas radarizações, mas por hora a história da captação do radar nos minutos — ou horas — antes do avistamento do dia 16 de janeiro não demonstra aparentar ser verdadeira.
O que a ufologia tem feito durante todos esses anos é apresentar a radarização do dia 16 de janeiro como real. Ao contrariar os fatos históricos de 1958, ela desponta para a hipótese de ser uma falha de memória de Baraúna. Quanto à suposta radarização do dia 15 de janeiro, sua existência continua em xeque.
A verdade sobre as 48 testemunhas
A história da ufologia conta que 48 testemunhas teriam observado um disco voador sobrevoar a Ilha da Trindade quando estavam a bordo do navio-escola Almirante Saldanha da Marinha em 16 de janeiro de 1958.
Desde que o caso tem sido revisado, a evidência testemunhal tem sido questionada. O autor pôde analisar pessoalmente todos os microfilmes de jornais daquela época e atesta: ninguém falou em 48 testemunhas, nem o próprio Almiro Baraúna.
Em 1958, a Marinha concluiu que algumas pessoas teriam avistado algo no céu quando estavam no convés do navio-escola Almirante Saldanha. [12] Entretanto, não mencionou publicamente a quantidade exata.
Em uma nota oficial, transmitida em 22 de fevereiro de 1958, o gabinete do ministro da Marinha informa que, no momento que o fotógrafo Baraúna tirou as fotos no navio, um “grande número” de pessoas estava presente. Contudo, não especifica se todas essas pessoas presentes viram o UAP. [35]
Deve-se notar que quem emitiu a nota foi o Ministério da Marinha, e não o Estado-Maior da Armada, que na pessoa do oficial da Inteligência, o capitão de corveta José Brandão, investigou o caso.
Pelos ofícios confidenciais vazados ao exterior em 1964 demonstra que o relatório final do Estado-Maior da Armada com as conclusões da investigação foi despachado para o ministro da Marinha, o almirante de esquadra Antônio Alves Câmara Júnior, uns dez dias depois dessa nota, em 03 de março de 1958. [4]
Pelos fatos históricos sabemos que nem todas as pessoas presentes no convés do navio declararam ter avistado algo no céu. Talvez por este motivo o relatório final do Estado-Maior da Armada contrasta com a nota oficial do Ministério da Marinha e menciona que “outras testemunhas” ou “membros da tripulação do navio” teriam avistado algo, porém também não informou a quantidade exata. [12]
O capitão de corveta Carlos Bacellar acompanhou pari passu todos os acontecimentos no navio e na ilha. Depois que as pessoas afirmaram ter avistado algo no céu, ele contou que subiu ao convés. Em seu relatório do POIT escreveu que encontrou “várias pessoas um pouco excitadas com o que haviam visto”. [13] Como já vimos aqui, já em terra ele despachou um depoimento, por escrito, ao jornalista da revista O Cruzeiro, João Martins.
Ele informou que “um objeto aéreo não identificado foi realmente avistado por algumas pessoas que se encontravam no convés do NE Almirante Saldanha”. [23] Lamentavelmente, também não especificou quantas testemunhas seriam. Todavia, esse seu último depoimento já indicava que “algumas pessoas” no convés teriam visto algo no céu, não todas.
Em 25 de fevereiro de 1958 o periódico O Jornal publicou o depoimento do capitão de fragata Paulo de Castro Moreira da Silva — segunda maior patente presente no navio. Ele informou que o ‘objeto aéreo’ “[…] foi visto por muitas pessoas de reconhecida idoneidade.” [27] No dia seguinte, em outro depoimento para o jornal O Globo, Moreira finalmente tinha uma resposta mais precisa:
“Realmente, eu estava a bordo naquela ocasião, e mesmo no convés do Saldanha. Não vi nada, mas tive a minha atenção despertada pela comoção que percebi, no convés, à aparição de alguma coisa no céu”.
O repórter questiona o capitão de fragata:
“— Quantas pessoas viram essa ‘alguma coisa’?
— Umas oito…
— Algum oficial viu isso?
— O Tenente Homero, dentista de bordo. Dos oficiais, foi o único.” [36]
Moreira estava no convés no momento e pôde fornecer esta contagem. O que ele anteriormente dizia serem “muitas pessoas”, não era algo em torno de 50 ou 100 testemunhas, como muitos poderiam imaginar. “Muitas pessoas” eram, na verdade, “umas oito”.
Quando o assunto do disco da Trindade estourou em toda a imprensa, todos os jornais queriam entrevistar Baraúna. O jornal Última Hora o localizou em sua residência, logo no dia 21 de fevereiro de 1958. Os repórteres bateram em sua porta às três horas da madrugada querendo saber como tudo tinha acontecido.
Quando perguntado se ele sabia os nomes das pessoas que teriam sido testemunhas da aparição, Baraúna declarou que não conseguiu “relacionar os nomes de todos, pois foram muitos os que presenciaram o fenômeno. De memória, posso adiantar que se encontravam ao meu lado o capitão José Viegas (da reserva da FAB), o Sr. Amilar Vieira Filho, funcionário da CACEX, e o tenente Homero, dentista de bordo. Entretanto, num inquérito que foi realizado pelo capitão do Saldanha, quase cem tripulantes da embarcação confirmaram ter visto o disco”. [33]
Aparentemente, nem o próprio Baraúna sabia quantas pessoas teriam sido testemunhas. Depois de dois anos, ele reduziu essa quantidade para menos da metade — 48 indivíduos —, e é esse número que é contado até hoje pela ufologia. [36] Na mesma edição deste jornal, outra matéria publica que o comandante do navio, o capitão de mar e guerra José Santos de Saldanha da Gama, tinha outra contagem bem diferente da oferecida pelo fotógrafo:
“[…] O Capitão-de-Mar-e-Guerra José Santos Saldanha, que comandava o navio, tomou então duas providências: ouvir o depoimento das testemunhas oculares da aparição do disco e mandar revelar, sob sua guarda, as chapas fotográficas. Os depoimentos, em número de quinze, foram, em geral, coincidentes.” [37]
Apesar desta informação não ser um depoimento direto do comandante, a estimativa da quantidade de testemunhas é mais compatível com a oferecida pelo capitão de fragata Paulo Moreira.
Em 2003, quando este autor entrevistou uma das principais testemunhas do alegado avistamento, o civil Amilar Vieira Filho, bancário e amigo de Baraúna do mesmo Clube de Caça Submarina de Icaraí, lhe questionou se possuía o nome das 48 testemunhas. Amilar retrucou:
“Não tenho. Eu não tenho nem o nome do pessoal de bordo. Quem falou em 48 testemunhas? Eu nem sei disso, de que tinha 48 pessoas que viram esse objeto. Eu não tenho o menor conhecimento sobre isso.” [38]
E emenda:
“Estava todo mundo no convés, todo mundo olhou, comentou, mas eu não sei se eram 48 pessoas que viram o objeto”. [38]
Segundo Amilar, o tempo de visibilidade do UAP no céu foi tão rápido que, mesmo estando no convés, ele não teria conseguido observar toda a trajetória dele. Quando o viu, o UAP já estava do lado do Pico Desejado e retornando para o mar. Grosso modo, ele disse ter visto apenas metade da trajetória.
O agravante disso é que, segundo narrou Baraúna para a revista O Cruzeiro de 08 março de 1958, Amilar teria sido um dos primeiros a ter observado o UAP. [25] Este seria um dos indicativos de que poucas pessoas teriam conseguido visualizar algo no céu, segundo a estimativa do capitão de fragata Paulo Moreira da Silva.
Nessa mesma entrevista ao jornalista João Martins, publicada em O Cruzeiro de março de 1958, Baraúna responde à pergunta de quantas pessoas teriam observado o alegado “objeto aéreo”: “A maior parte das pessoas que estava no convés, inclusive o Tenente Homero, o Capitão Viegas e o Amilar Vieira”. [25]
Mas, quantas pessoas estavam no convés naquele momento? Cinco, vinte, cinquenta, cem? A quantidade exata não é conhecida. Naquela hora muitas pessoas também estavam dentro do navio.
De acordo com que Baraúna contou ao Jornal do Brasil da edição de 23 de fevereiro de 1958, seu amigo José Teobaldo Viegas, capitão da reserva da Força Aérea Brasileira (FAB), teria sido o primeiro a ter visto o UAP. Gritou, da popa do navio, chamando as pessoas. [32]
Na mesma edição deste jornal, Baraúna disse que neste momento estava a meia nau, ao lado de José Farias de Azevedo, fotógrafo do mesmo jornal. [32] Entretanto, no relatório da Marinha, assinado pelo capitão de corveta José Brandão, é registrado que Baraúna estava na popa. [12]
O navio-escola Almirante Saldanha tinha quase 94 metros de comprimento. Possivelmente, Baraúna estava entre o início da popa e meia nau. De qualquer forma, ele narra que correu até a popa pra ver o que Viegas estava observando no céu. [32] Já o fotógrafo José Farias de Azevedo declarou ao jornal Imprensa Popular, veiculado na edição de 22 de fevereiro de 1958, que não viu o “disco voador” no céu. [39]
Não há registros históricos de sua movimentação, em depoimento direto, se também teria corrido para a popa do navio ou apenas ficou parado a meia nau. De qualquer forma, um possível cenário parcial do que aconteceu teria sido o que foi publicado pelo O Jornal, de 22 de fevereiro de 1958:
“Súbito, da popa, vem um grito do capitão José Viegas, chamando a atenção para um ponto reluzente, que se deslocava em grande velocidade, em direção do centro da Ilha, na linha do horizonte formada pelo Pico Desejado e a Crista do Galo. Imediatamente, acorreram Baraúna, já de máquina em punho, e Amilar, divisando ambos o objeto luminoso, que também chegou a ser visto pelo 1º Tenente Dentista Homero e um sargento. […] Houve uma correria de marujos em direção à popa, mas raros foram os que confessaram haver assistido ao espetáculo. Nenhum oficial, a não ser o Dr. Homero, testemunhou a aparição”. [40]
Na avaliação deste autor, o mistério das 48 testemunhas pode ter uma solução. Se houve 48 testemunhas — ou quantas forem —, lançamos uma hipótese de trabalho de que esta quantidade pode ser o somatório de todas elas: as testemunhas do avistamento do dia 16 de janeiro de 1958, a bordo do navio, e dos outros avistamentos anteriores a esta data, ocorridos em solo na ilha no período entre novembro de 1957 a 08 de janeiro de 1958.
A guarnição da 2ª Turma estava na ilha desde novembro de 1957. Ela era composta de 44 militares. Dos oficiais, o capitão de corveta Carlos Bacellar era o comandante e o primeiro-tenente Ignácio Carlos Moreira Murta era o médico. Subordinados ao comandante vinham os praças, entre sargentos, marinheiros e grumetes. [13] Nem todos esses militares da guarnição foram testemunhas de algo no céu quando estavam na ilha.
Fora da guarnição, existiam os pesquisadores civis, os operários de companhias, os jornalistas e outros militares. O capitão de fragata Paulo Moreira também não pertencia a essa guarnição.
Ele era um cientista oceanográfico e chefe do departamento de Geofísica do Departamento de Hidrografia e Navegação da Marinha (DHN). Ele também tinha seus auxiliares. Nem todas essas pessoas que estavam na ilha teriam testemunhado o aparecimento de UAPs.
Em uma análise do relatório final da Marinha, assinado pelo oficial José Geraldo Brandão, podemos observar que não há distinção entre a quantidade total de testemunhas em solo na ilha e a quantidade total de testemunhas do convés do navio-escola Almirante Saldanha. Na conclusão do relatório, a Marinha tratou a quantidade total de testemunhas em um conjunto global de ocorrências.
Devemos notar que, mesmo sendo apresentadas totalizações parciais de cada avistamento em solo na ilha, não é feito o mesmo com o avistamento do navio. Abaixo, o autor elabora uma tabela com todos os alegados avistamentos conhecidos do ano de 1957 e 1958.
A tabela foi composta pelo cruzamento de dados do relatório do POIT do C.C. Carlos Alberto Bacellar [13], o relatório do C.C. José Geraldo Brandão [12], o relatório do POIT do C.C. Eduardo Crespo de Castro [15], as informações do pesquisador Olavo Fontes [14][41][42], as informações de Almiro Baraúna [25][32][33][43], as informações do C.F. Paulo Moreira da Silva [36] e jornais da época (1958) [35][40][44]:
Dificuldade em localizar os documentos na Marinha
O autor esteve na Marinha em janeiro de 2011, depois de uma troca de e-mails com o segundo-tenente arquivista da Força Aérea Brasileira e escritor Rodrigo Moura Visoni, que informou ter pesquisado em 2009 o Livro de Quartos do navio-escola Almirante Saldanha nos arquivos militares.
Contudo, a busca dos documentos confidenciais começou no início de abril de 2011. Depois de ir quatro vezes à Marinha na busca destes documentos, a impressão que ficou é de que não existe algo organizado nos seus arquivos a respeito do caso Ilha da Trindade.
Observando o trabalho de busca do funcionário, tanto manualmente, como por meio do computador, observamos que não parece existir uma pasta exclusiva, com todos os documentos organizados e separados. Os documentos estão espalhados em meio a outros milhares de documentos quaisquer da Marinha, em volumes de memorandos, avisos, ofícios, circulares, relatórios, etc.
Apesar de o funcionário conhecer a história do caso Ilha da Trindade, quando solicitado os documentos, ele não sabia onde estavam. Foram mostrados ao funcionário todas as datas e departamentos em que os documentos circularam, mas ele não conseguiu localizá-los completamente. Além disso, há períodos sem documentos arquivados.
Por exemplo, alguns ofícios do ministro da Marinha para o ano de 1958 não existiam. Os documentos sobre o caso estão espalhados em variados volumes e os nomes dos oficiais que se envolveram com este episódio, naquela época, não estão cadastrados no computador.
Além de solicitar os documentos, o funcionário tem que ter interesse em procurá-los nas estantes e percorrer cada folha dos volumes restritos a determinado mês. Documentos confidenciais, mesmo não mais classificados, somente podem ser pesquisados pelo próprio funcionário — segundo me contou.
A localização parcial somente foi possível pela análise baseada nos documentos que foram vazados em 1964 ao exterior e em algumas informações de recortes de reportagens de jornais de 1958. A partir destes dados foi possível analisar o fluxo que os documentos percorreram e em quais mesas das autoridades militares estes documentos circularam.
Nos dias atuais, publicamente a Marinha não demonstra ter interesse direto no assunto UAPs. Possivelmente, ela registre e talvez investigue o assunto, caso ocorra dentro de sua jurisdição. Até o famoso avistamento a bordo do navio-escola Almirante Saldanha não teria tido maior relevância do que as próprias pesquisas oceanográficas do Ano Geofísico Internacional conduzidas naquela época.
O almirante Arthur Oscar Saldanha da Gama, parente de José Santos de Saldanha da Gama, comandante do navio-escola Almirante Saldanha naquela oportunidade, escreveu o livro Brasileiros no sinistro Triângulo das Bermudas, de 1984.
Ele informa que “no Almirante Saldanha, a publicidade havia em torno do disco voador foi comentada alegremente nas conversas da praça d’armas. Na Marinha se trabalha silenciosamente e com muita devoção ao dever, sem que os seus membros esperem palavras de elogio ou de reconhecimento. Assim, os acontecimentos que pouco ou nada os interessavam eram julgados de maneira pouco séria. Os resultados obtidos nos labores do Ano Geofísico Internacional, nos quais estavam todos os oficiais muito empenhados, eram mais importantes do que a história pouco verossímil do OVNI.” [45]
Os documentos oficiais da Marinha do Brasil
Os documentos obtidos pelo autor na Marinha do Brasil estão disponíveis para download. Nota: por solicitação da chefe do departamento do Serviço de Documentação da Marinha, alguns documentos aparecerão com o carimbo de “confidencial” coberto por mim por um papel. A razão: atualmente, os documentos não estão mais classificados como confidenciais.
a) Documento remetido pelo ministro da Marinha, Antônio Alves Câmara Júnior, ao deputado Sérgio Magalhães (PTB/DF), em resposta ao RIC 2957/1958. [Parcialmente obtido, sem o inquérito].
b) Documento remetido pelo ministro da Marinha, Antônio Alves Câmara Júnior, ao deputado Sérgio Magalhães (PTB/DF), em resposta ao RIC 2957/1958. [Página em branco].
c) Relatório da 1ª Turma do POIT. [Fotografada apenas algumas páginas, não há ocorrências de UAPs].
d) Relatório da 2ª Turma do POIT. [Relatório do C.C. Carlos Bacellar. Há relatos de UAPs. Apenas algumas páginas finais da listagem de mantimentos não foram fotografadas.].
e) Relatório da 5ª Turma do POIT. [Fotografada apenas a página inicial. Não há ocorrências de UAPs].
f) Relatório da 6ª Turma do POIT. [Fotografada apenas algumas páginas. Há uma ocorrência de UAP].
g) Relatório da 8ª Turma do POIT. [Fotografada apenas a página inicial, não há ocorrências de UAPs].
h) Relatório de viagem de reabastecimento do POIT na Ilha da Trindade. [Não há ocorrências de UAPs].
i) Relatório de viagem de ocupação da Ilha da Trindade em 1957. [Fotografada apenas algumas páginas. Não há ocorrências de UAPs. Anexo de 75 fotografias].
Referências
[1] LORENZEN, Coral E. New evidence on IGY photos. The A.P.R.O. Bulletin, Tucson, Arizona, p. 1, 3-8, Jan. 1965.
[2] PINEDA, Jorge O. 2001 – Periodismo de Anticipación. Buenos Aires, Año 3, oct. 1971.
[3] Trindade: a Marinha Brasileira como testemunha. Planeta Ufologia, São Paulo, n. 122-A, p. 40-46, nov. 1982.
[4] CARVALHO, Antônio Maria de. Informação sobre o avistamento de objetos aéreos não identificados sobre Trindade. Marinha do Brasil, memorando n. 0098 (M-20), 03 mar. 1958.
[5] LUZ, Luiz Felippe Pinto da. Fenômenos observados sobre a Ilha da Trindade. Marinha do Brasil, Comunicação Interna n. 0043, 06 fev. 1958.
[6] CARVALHO, Antônio Maria de. Fenômenos observados sobre a Ilha da Trindade (recomendações). Marinha do Brasil, memorando n. 0089 (M-20), 13 fev. 1958.
[7] JÚNIOR, Antônio Alves Câmara. Requerimento nº 2957/58 do senhor deputado Sérgio Magalhães. Marinha do Brasil, ofício n. 898, 09 abr. 1958.
[8] MAGALHÃES, Sérgio. Requerimento de Informações nº 2957/1958. Câmara dos Deputados, 27 fev. 1958.
[9] Deputado diz que as fotos eram de objeto luminoso que não foi identificado. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 17 abr. 1958. 1º Caderno, p. 16.
[10] Disco voador: Câmara não pode divulgar relatório. O Jornal, Rio de Janeiro, p. 12, 17 abr. 1958.
[11] Inquérito da Marinha confirma existência do disco voador sobre a Ilha da Trindade. Correio da Manhã, Rio de Janeiro, 16 abr. 1958. 1º Caderno, p. 1, 8.
[12] BRANDÃO, José Geraldo. Relatório sobre a observação de objetos aéreos não identificados, registrados na Ilha da Trindade, no período compreendido entre 5 de dezembro de 1957 e 16 de janeiro de 1958. Marinha do Brasil, fev. 1958.
[13] BACELLAR, Carlos Alberto Ferreira. Relatório de fim de comissão. Posto Oceanográfico da Ilha da Trindade. Período de 1º de novembro de 1957 a 16 de janeiro de 1958. Marinha do Brasil, fev. 1958.
[14] FONTES, Olavo. The UAO sightings at the Island of Trindade: part III. The A.P.R.O. Bulletin, Alamogordo, New Mexico, p. 4-9, May 1960.
[15] CASTRO, Eduardo Jorge dos Santos Crespo de. Relatório de fim de comissão do C.C. Eduardo Jorge dos Santos Crespo de Castro (6a Turma). Período de 17 de agosto de 1958 a 25 de outubro de 1958. Marinha do Brasil, out. 1958.
[16] LYRA, Marcio de Farias Neves Pereira de. Relatório de fim de comissão. Viagem de ocupação da Ilha da Trindade (Ano Geofísico Internacional). Terceira parte: navegação, oceanografia, meteorologia e hidrologia. Marinha do Brasil, set. 1957.
[17] ARMANDO, Carlos Alberto de Carvalho. Relatório do C.C. C. A. Carvalho Armando (1a Turma). Período de 16 de agosto de 1957 a 01 de novembro de 1957. Marinha do Brasil. s. d.
[18] PETIT, Marco Antonio. Caso Trindade: novas revelações. Conservatória, RJ. 2000. 1 videocassete (40 min), VHS/NTSC, son., color.
[19] MARTINS, João. A ronda dos discos voadores. O Cruzeiro, Rio de Janeiro, ano XXX, n. 30, p. 54-57, 03 maio 1958.
[20] BORGES, Alexandre de Carvalho. Caso Ilha da Trindade: sobrinho de Almiro Baraúna afirma que as fotos são um truque. Além da Ciência, 02 fev. 2011. Disponível em: <https://www.alemdaciencia.com/caso-ilha-da-trindade-sobrinho-de-almiro-barauna-afirma-que-as-fotos-sao-um-truque>.
[21] Famosas fotos de disco voador são fraude, revela amiga do fotógrafo. Fantástico, 19 ago. 2010. Disponível em: <http://fantastico.globo.com/Jornalismo/FANT/0,,MUL1614449-15605,00.html>.
[22] Aeronáutica divulga procedimentos em caso de aparição de discos voadores. Fantástico. Rio de Janeiro: Globo, 15 ago. 2010. Programa de TV.
[23] BORGES, Alexandre de Carvalho. O OVNI da Ilha da Trindade seria duas colheres? Além da Ciência, 17 ago. 2010. Disponível em: <https://www.alemdaciencia.com/o-ovni-da-ilha-da-trindade-seria-duas-colheres>.
[24] “Não foi balão sonda, nem teleguiado, o objeto surgido na Ilha da Trindade”. Diário de São Paulo, São Paulo, 22 fev. 1958
[25] MARTINS, João. Disco voador sobrevoa o Almirante Saldanha. O Cruzeiro, Rio de Janeiro, ano XXX, n. 21, p. 4-14, 08 mar. 1958.
[26] Marinha autentica as fotos. Diário Carioca, Rio de Janeiro, p. 1, 23 fev. 1958.
[27] Nem balão-sonda, nem fraude nas fotos do disco voador. O Jornal, Rio de Janeiro, p. 1, 9, 25 fev. 1958.
[28] Relatório da Marinha será enviado às outras Armas. Correio da Manhã, Rio de Janeiro, p. 1, 9, 25 fev. 1958.
[29] Marinha quer saber se “Disco-Baraúna” é “furo” ou chantagem. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 1, 25 fev. 1958.
[30] “Baraúna, hábil falsificador”. Diário Carioca, Rio de Janeiro, p. 1, 23 fev. 1958.
[31] Disco voador da Trindade já aparecera em 54 numa outra fotomontagem. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 23 fev. 1958. 1º Caderno, p. 9.
[32] Baraúna conta que o disco voador só apareceu em sua casa, depois de 8 dias. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 23 fev. 1958. 1º Caderno, p. 9.
[33] “14 segundos foi o tempo que tive para fotografar o disco voador!”. Última Hora, Rio de Janeiro, p. 1, 6, 21 fev. 1958.
[34] BUHLER, Walter Karl. O disco voador na Ilha da Trindade. Boletim informativo da SBEDV, Rio de Janeiro, n. 16, 01 jul. 1960.
[35] Nota oficial cita “estranho objeto visto sobre Trindade”. O Jornal, Rio de Janeiro, p. 1, 23 fev. 1958.
[36] O fotógrafo estava só quando revelou o filme. O Globo, Rio de Janeiro, p. 3, 26 fev. 1958.
[37] Por três vezes, o “Disco Voador” passou sobre a Ilha da Trindade. Última Hora, Rio de Janeiro, p. 1, 6, 21 fev. 1958.
[38] BORGES, Alexandre de Carvalho. Entrevista com Amilar Vieira Filho: 45 anos depois, testemunha do avistamento do OVNI sobre a Ilha da Trindade comenta sobre as críticas ao caso. Além da Ciência, 13 fev. 2008. Disponível em: <https://www.alemdaciencia.com/entrevista-com-amilar-vieira-filho-45-anos-depois-testemunha-do-avistamento-do-ovni-sobre-a-ilha-da-trindade-comenta-sobre-as-criticas-ao-caso>.
[39] Estranho objeto voava sobre a Ilha da Trindade. Imprensa Popular, Rio de Janeiro, p. 1, 2, 22 fev. 1958.
[40] Relatório da Marinha admite: objeto ainda não identificado. O Jornal, Rio de Janeiro, p. 1, 6, 22 fev. 1958.
[41] FONTES, Olavo. The UAO sightings at the Island of Trindade: part I. The A.P.R.O. Bulletin, Alamogordo, New Mexico, p. 5-9, Jan. 1960.
[42] FONTES, Olavo. The UAO sightings at the Island of Trindade: part II. The A.P.R.O. Bulletin, Alamogordo, New Mexico, p. 5-8, Mar. 1960.
[43] BARAÚNA, Almiro. Como se deu a aparição do disco voador da Ilha da Trindade. Depoimento pessoal por escrito, 30 jan. 1967.
[44] Ampliação revelou portas na base do disco voador. O Jornal, Rio de Janeiro, p. 1, 6, 22 fev. 1958.
[45] GAMA, Arthur Oscar Saldanha da. Brasileiros no sinistro Triângulo das Bermudas. Rio de Janeiro: Biblioteca do Exército, p. 181-188, 1984.
Muito boas as fotos do documento em anexo (i)
Parabéns pelo trabalho, agradeço pela publicação.
Obrigado, meu querido. Enjoy!
Gostariamos de saber onde procurar o Capitão de Corveta que fez parte da 6 turma na ilha da trindade.
Ele tem 3 filhos ,que podem ser provado pelas certidões de nascimento.
Não sabemos do paradeiro dele ,e nem sabemos se ele esta vivo ou não..
Não sabemos em que órgão da Marinha teremos que procurar uma vez que não moramos no Rio de Janeiro.
Espero , ter uma indicação,ou seja uma orientação.
Muito obrigado.
Elizabeth Crespo de Castro.
Olá Elizabeth, você é parente dele? Possa ser que já tenha falecido. Não tenho informação. Você pode tentar ir no 1o Distrito Naval, no Rio de Janeiro, e tentar localizar alguma informação de contato.
Até, Alexandre de Carvalho Borges
Alexandre, parabéns por todo esforço em torno do caso. Quanto mais documentos, melhor.
Obrigado Rodolpho, e agradecemos a você também por levantar alguns documentos.
Alexandre, thankyou for your research in the Navy archives, and thanks for providing download links to these important documents. Historians of this fascinating case will be greatly indebted to you.
Kind regards
Martin Shough
OK Shough,
Thanks for your words.