(Crédito: Globo Repórter/Reprodução)

O caso Ilha da Trindade é um episódio ocorrido em 16 de janeiro de 1958 de uma suposta aparição de um fenômeno aéreo de origem não conhecida em uma ilha vulcânica do Oceano Atlântico, localizada na costa do estado do Espírito Santo, a Ilha da Trindade. O incidente acabou se transformando em um clássico dos estudos de supostas aparições de discos voadores.

Nesta oportunidade, um repórter fotográfico baiano e civil de nome Almiro Baraúna (1916-2000) afirmou ter registrado quatro fotografias deste alegado fenômeno aéreo no momento em que estava a bordo do navio-escola Almirante Saldanha da Marinha do Brasil.

Apresentaremos agora uma entrevista que, apesar de bem conhecida no círculo dos pesquisadores que se dedicam a escrutinar este evento, algumas pessoas ainda a desconhecem. Ela foi concedida pelo fotógrafo ao programa televisivo Globo Repórter, da Rede Globo, e veiculada em 16 de julho de 1976, ocasião em que o fotógrafo tinha 60 anos.

Gravada em vídeo, a entrevista é breve, não revelando nenhuma novidade aos investigadores que já conhecem os meandros dessa história ou mesmo quando comparada a outras entrevistas e depoimentos concedidas pelo protagonista em outras oportunidades ao longo das décadas.

O programa Globo Repórter daquela edição tratava por meio de sua reportagem de alguns acontecimentos alegadamente ufológicos, oportunidade em que abordou o incidente de Trindade por intermédio dessa entrevista com o autor das polêmicas fotografias.

Apresentamos e transcrevemos essa entrevista apenas a título de estudo, de catálogo e servindo como material de análise aos interessados na investigação deste episódio, não necessariamente endossando sua narrativa como expressão de veracidade.

Transcrição

Narrador: Um dos documentos fotográficos sobre discos voadores mais acreditados em todo mundo foi colhido pelo perito em fotografia, Almiro Baraúna, a bordo do navio Almirante Saldanha da Marinha Brasileira.

Baraúna: Eu fui a Trindade pra fazer fotografia submarina, e não de disco voador. Chegamos na ilha, o mar estava muito forte, não deu pra pescar, não deu pra fotografar, a ressaca estava batendo muito dois dias seguidos.

No terceiro dia o navio voltava. Na hora de levantar a âncora eu estava deitado no convés, quando fui despertado por uma correria no convés e pessoas me chamando pra fotografar um objeto no céu. A princípio eu não estava vendo nada. Estava com muita dor de cabeça, enjoado, o navio balançando muito, de repente eu vi um objeto brilhante no céu. Aí comecei a fotografar.

O objeto deslocou-se para o Pico Desejado — é uma montanha que tem lá na ilha. Eu bati três fotografias, o objeto escondeu-se atrás da montanha, de repente voltou, fez a mesma rota de volta. Parou um pouco no céu. Eu bati mais uma foto.

Daí em diante não consegui pegar mais nada porque ele deslocou-se numa velocidade incrível e eu fui jogado no convés; pessoas correndo pra baixo e pra cima a gritar e a mostrar no céu o objeto.

Depois de eu estar ajoelhado no convés, por ter caído, eu bati a última foto que foi a última da máquina. Bati um total de seis chapas, mas só aproveitei quatro. Na hora da confusão a bordo o comandante, que estava embaixo, subiu ao convés e perguntou: “O que é isso que está havendo aí?”

Aí o oficial chegou pra ele: “Comandante, o disco apareceu mais uma vez”. Aí nós ficamos sabendo que já tinha aparecido outras vezes na ilha. De fato, depois foi comprovado que ele havia aparecido mais três vezes antes.

Repórter: A Marinha depois fez uma revelação oficial, fez publicar um relatório oficial?

Baraúna: A Marinha publicou uma nota oficial dizendo que não havia motivo para esconder o fato porque as fotografias foram feitas a bordo do navio na presença de várias testemunhas. Apenas não podia dizer o que era o objeto porque a fotografia não dá pra saber o que é o objeto, mas que apareceu e foi fotografado não resta a menor dúvida.

Referências

[1] Enigma do espaço. Globo Repórter. Rio de Janeiro: Globo, 16 jul. 1976. Programa de TV.

[2] BORGES, Alexandre de Carvalho. Caso Ilha da Trindade: um ardil publicitário ou uma sólida evidência dos UFOs? Além da Ciência, 19 maio 2015. Disponível em: https://www.alemdaciencia.com/caso-ilha-da-trindade-um-ardil-publicitario-ou-uma-solida-evidencia-dos-ufos/.

[3] IGY team snaps UFO. The A.P.R.O. Bulletin, Alamogordo, New Mexico, p. 1, 6, Mar. 1958.

[4] ‘Saucers’, Los Angeles, California, v. VI, n. 1, p.1, Spring, 1958.

Alexandre de Carvalho Borges
Físico pela Universidade de Franca, Analista de Tecnologia da Informação pela Universidade Católica do Salvador, pós-graduado em Ensino de Astronomia pela Universidade Cruzeiro do Sul, pós-graduado em Ensino de Física pela Universidade Cruzeiro do Sul, pós-graduado em Perícia Forense de Áudio e Imagem pelo Centro Universitário Uninorte, pós-graduado em Inteligência Artificial em Serviços de Saúde pela Faculdade Unyleya, pós-graduado em Tradução e Interpretação de Textos em Língua Inglesa pela Universidade de Uberaba, e fotógrafo.

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