Nota: o autor deste artigo, Alexandre Borges, reconhece que a única versão legítima dessa entrevista e do artigo completo é a que está publicada no site do autor: www.alemdaciencia.com. Qualquer publicação em outro site ou qualquer veículo não é reconhecida pelo autor como legítima.

Possível fraude do caso Ilha da Trindade – O segredo de Baraúna finalmente revelado?

Passado mais de meio século do clássico caso de um avistamento de um UFO na Ilha da Trindade, registrado em fotografias por Almiro Baraúna, fotógrafo civil, os debates continuam em torno da autenticidade das fotografias e da existência de testemunhas da aparição do fenômeno.

A pergunta crucial que vem sendo feita ultimamente é quem seriam as testemunhas que estavam a bordo do navio-escola Almirante Saldanha e que presenciaram a aparição do UFO em 16 de janeiro de 1958.

Segundo conta a história, reproduzida em vários livros e artigos de ufologia, seriam 48 testemunhas oculares da passagem do UFO sobre a ilha. Quem são essas testemunhas oculares?

De acordo com jornais da época e de publicações em anos posteriores, elas são militares e civis. A polêmica se reacendeu nesta década e críticas questionam se realmente existe numerosa quantidade de testemunhas do histórico episódio e se as fotografias são, de fato, reais.

Agora, depois de 53 anos do episódio, uma nova versão dos fatos será revelada de forma nunca vista antes. Pela primeira vez, uma nova história sobre o caso Ilha da Trindade será exposta.

Baraúna guardava um grande segredo e morreu no ano de 2000 sem revelá-lo em público. Um dos pilares da ufologia mundial parece se desmoronar a partir de hoje. O clássico caso da Ilha da Trindade tem sido, até então, uma das maiores provas de que discos voadores existem.

A nova versão dos fatos afirma: as fotografias do disco voador na Ilha da Trindade são apenas uma montagem! Desde 2002 este autor está envolvido mais detidamente com o caso Ilha da Trindade. O resultado dessas pesquisas pode ser inesperado e chocante. Não há como não se surpreender com os fatos aqui revelados.

De acordo com a nova versão dos fatos, as fotografias seriam apenas um bem elaborado truque e Baraúna foi um grande brincalhão que enganou toda a ufologia mundial.

Essa conclusão não poderia ter sido alcançada em completude sem um depoimento bombástico de uma testemunha-chave de toda a polêmica. Seu nome é Marcelo Ribeiro, 69 anos, fotógrafo profissional e sobrinho de Almiro Baraúna. Marcelo é um premiado fotógrafo, com trabalhos no Brasil, na Europa e na África.

Tendo viajado por 72 países, quando esteve fotografando na África Ocidental registrou em suas lentes uma velha com uma criança caminhando pelo deserto do Saara. É considerada por ele a foto mais importante de sua vida e lhe rendeu um prêmio da Nikon.

Ribeiro seria o único detentor atual do segredo de Baraúna. Depois de guardá-lo por tanto tempo, finalmente agora irá revelá-lo publicamente, narrando toda a verdade — segundo ele — sobre o caso da Ilha da Trindade, e garante: “Tudo foi uma grande brincadeira, uma gozação de Baraúna”!

Os integrantes do Clube de Caça Submarina de Icaraí abordo do navio da Marinha
Os integrantes do Clube de Caça Submarina de Icaraí a bordo do navio da Marinha. Baraúna é o primeiro da esquerda (Foto: O Cruzeiro)

Nos anos iniciais das investigações, em 2003, na busca por familiares e amigos de Baraúna, já era de conhecimento deste autor que Baraúna tinha um sobrinho fotógrafo, mas por alguma razão do destino não o contatou.

Com a retomada final das investigações em 2011, pôde finalmente entrevistá-lo por telefone. Marcelo conta, sem evasivas ou receios, como todo o episódio ocorreu e como tudo não passou de uma grande brincadeira de Baraúna.

Nessa entrevista esclarecedora, saberemos as razões, segundo o entrevistado, que levaram Baraúna nunca ter confessado que havia realizado uma montagem nas fotografias. A história de como teria ocorrido será exposta agora.

Ufólogos de todo o mundo se questionam sobre a autenticidade das fotografias. Segundo Marcelo, a verdade sobre elas é bem clara: as fotografias seriam apenas um truque, uma montagem criada por Baraúna em seu próprio laboratório. Essa seria uma das conclusões que poderíamos chegar depois de alguns anos de investigação sobre o episódio.

Baraúna era um fotógrafo profissional e esteve na ilha da Trindade como integrante do Clube de Caça Submarina de Icaraí. O Clube que esteve na ilha era composto por quatro outros integrantes: Amilar Vieira Filho, José Teobaldo Viegas, Mauro Santos Andrade e Aluizio Fonseca Araújo, todos já falecidos. Baraúna ficou conhecido como o personagem principal de todo o episódio.

Se não fossem as suas fotografias, este episódio ufológico seria apenas mais um caso esquecido no tempo, como foram outros avistamentos de UFOs em navios, naquela época, e que não deixaram registros fotográficos ou fílmicos.

Baraúna era um habilidoso fotógrafo, pioneiro na fotografia submarina e autor da primeira reportagem fotográfica submarina publicada no país. Exímio em realizar manipulações fotográficas de caráter diversional ou para enganar as pessoas.

Ao longo da sua vida, atraiu os extremos da amizade e da inimizade com seu trabalho. Ele era um brincalhão, um gozador da vida, mas encarava a fotografia com extrema seriedade e um objetivo de vida. Seu profissionalismo, pioneirismo e competência, acima da média, lhe deram respeitabilidade como fotógrafo.

Foi criador da Barasub, uma caixa estanque para fotografia subaquática e que fez sucesso na época. Sua visita à ilha tinha como objetivo realizar fotografias subaquáticas para a Marinha e também de escrever artigos sobre as atividades dos cientistas nela. O caso Ilha da Trindade tornou-se um clássico da ufologia mundial unicamente pelas excelentes fotografias de Almiro Baraúna.

Amigos de Baraúna: opiniões divididas

A busca por fotógrafos amigos de Baraúna levou este autor a entrevistar, em 2003, os fotógrafos profissionais Carlos Ruas e Zalmir Gonçalves. Ruas, que na década de 50 trabalhava para o Diário Fluminense, declarou ao autor que acreditava na veracidade das fotografias do disco voador e que confiava na pessoa de Baraúna como um sujeito honesto.

Almiro Baraúna em entrevista no ano de 1997 (Crédito: Reprodução/Marco A. Petit)

Enfatizou que os truques fotográficos anteriores, realizados por Baraúna, eram no nível da brincadeira. Zalmir também endossou os mesmos argumentos.

Baraúna e Ruas faziam parte de uma turma de fotógrafos de Niterói (RJ), na década de 50, que eram habilidosos em realizar variados truques fotográficos, inclusive montagens criando discos voadores. Baraúna era considerado um dos mais habilidosos deste grupo.

Na época da entrevista, nem Ruas e nem Zalmir sabiam de toda a verdade sobre o caso. Eles não sabiam do segredo. Segundo narra seu sobrinho, o verdadeiro enigma de como tudo aconteceu só era conhecido por apenas três pessoas da confiança de Baraúna, sendo que duas delas atualmente já faleceram. Marcelo seria o único detentor atual do verdadeiro segredo de Baraúna e ele será revelado agora de forma inédita.

As opiniões dos amigos de Baraúna, em 1958, ficaram divididas. Outro amigo da mesma turma de Niterói, o fotógrafo amador Joaquim Simões, já falecido, acusou que as fotos eram fraudulentas. Para o Diário Popular, de 24 de fevereiro de 1958, Simões atacou:

“Trata-se, realmente, de um excelente profissional, perito em fotomontagens, capaz de fazer milagres dentro de um laboratório, mas dono de uma imaginação fantástica e de desmedida ambição de fazer nome como fotógrafo. Mas com a Marinha de Guerra e a opinião pública não se deve brincar”. [1]

E continua Simões em sua crítica contra Baraúna:

“Ninguém melhor do que ele tem condições, em Niterói, para fazer disco voador num laboratório. Baraúna tem um ampliador DeJur (6×9) e um Meopta (35 mm), ambos próprios para as fotografias técnicas, que requerem distorção na imagem, inclinações e outras técnicas”. [1]

A reportagem ainda publicou que “O Sr. Simões conta que nunca teve o menor atrito com Baraúna. Quer continuar amigo dele. Apenas admite que, depois disso Baraúna não encontrará mais ambiente junto aos colegas, pois conhecendo eles todos os seus truques jamais esperavam que ele um dia resolvesse enganar tanta gente”. [1] A resposta de Baraúna ao seu crítico foi publicada no jornal O Globo, de 24 de fevereiro de 1958:

“A acusação que ora me faz um meu ‘soi disant’ colega, o Sr. Joaquim Simões, de que teria repetido agora as montagens (confessadas) de 1954, querendo impingi-las como fotos verdadeiras, não tem nenhuma procedência. As fotos tomadas a bordo do navio-escola Almirante Saldanha são autênticas. Técnicos de ilibada honradez e competência, que examinaram o filme, a pedido das autoridades superiores da Marinha de Guerra, assim declararam, conforme noticiaram os jornais. E acima de tudo está o testemunho das pessoas que assistiram aos fatos”. [2]

Com base na nova versão dos fatos aqui apresentada, Joaquim Simões esteve sempre certo, apesar de nunca ter ouvido qualquer confissão de Baraúna da montagem das fotografias.

O inventário de truques

Baraúna era um habilidoso fotógrafo, já tendo realizado truques fotográficos antes de estar na Ilha da Trindade e tinha grande habilidade para realizar novos truques.

Em 1954, para a revista O Mundo Ilustrado, em artigo intitulado “Um disco voador esteve em minha casa…”, Baraúna apresenta fotografias de como fazer um disco voador usando duas fichas da antiga empresa de barcas Frota Carioca.

Com texto assinado por Vinícius Lima, o truque fotográfico não tinha a intenção de enganar os leitores, pois dizia claramente como realizar a montagem. A composição final da união dessas duas fichas lembra o próprio disco voador fotografado na Ilha da Trindade, com um formato semelhante ao planeta Saturno. [3]

Outro de seus truques fotográficos e que, desta vez, ele vendeu como se fosse real, é a de um tesouro que ele tinha achado no Espírito Santo. Não havia tesouro algum. Ele montou um cenário e vendeu as fotos para o jornal Tribuna da Imprensa, que comprou acreditando serem autênticas. [1][4][5]

O que muitos ufólogos e entusiastas da ufologia vinham se perguntando nos últimos anos era se as fotografias do disco voador na Ilha da Trindade seriam apenas mais um de seus truques. Teria Baraúna conseguido enganar a Marinha de Guerra? Segundo narra seu sobrinho, realmente Baraúna conseguiu enganar a Armada.

Cena exibida em matéria da revista O Mundo Ilustrado em 1954, onde Baraúna ensinava como montar uma foto de disco voador (Foto: O Mundo Ilustrado)

Em 2002, este autor entrou em contato por e-mail com o mais famoso cético da ufologia àquela época, o americano Philip Klass, para saber sua opinião sobre o caso. Ele já considerava as fotografias uma farsa:

“Eu considero que as fotos são uma fraude por várias razões, incluindo a criação anterior de Baraúna de uma foto forjada de um UFO, além do fato de que nenhuma das fotos mostrarem um borrão longitudinal — devido a alta velocidade relatada do UFO — e a imagem do UFO não está centralizada nas fotos”. [6]

As investigações sobre o caso continuaram. Quando este autor entrou em contato por telefone com uma das viúvas de Baraúna, a Sra. Suraiha, em 2003, e lhe questionou sobre a posse dos negativos, ela afirmou que todo o material de Baraúna estava em seu poder, inclusive os negativos, mas negou diversas vezes em fornecê-los para uma análise científica. A Sra. Suraiha, hoje já falecida, era uma das três pessoas que sabiam do segredo de Baraúna.

Hoje sabemos, com base nos novos fatos, que ela não cedeu os negativos — se é que ainda os tinha — pois sabia que as fotografias eram uma montagem e que tudo era apenas uma grande brincadeira de Baraúna.

Na data dessa entrevista, a sua outra viúva, também conhecedora do segredo, já era falecida. Então, desde essa data, restavam apenas duas pessoas que conheciam o verdadeiro segredo de como tudo aconteceu.

O disco voador seria duas colheres?

Apesar das críticas anteriormente apresentadas terem colocado em dúvida a autenticidade do caso, o último abalo em sua credibilidade, até então, ocorreu em 2010.

No dia 15 de agosto daquele ano, o programa televisivo Fantástico, da Rede Globo, localizou e entrevistou uma amiga da família de Baraúna, a publicitária Emília Bittencourt. Ela declarou ter ouvido do próprio Baraúna, 34 anos depois do evento, a confirmação de que suas fotos eram apenas uma montagem:

“Eu tive a oportunidade de visitá-lo há 18 anos atrás, em Saquarema (RJ), e ele contou como a história foi feita. Ele estava no navio da Marinha na Ilha da Trindade e começou a olhar pra o céu e dizer, ‘olha ali um objeto, o que é aquilo, alguma coisa voando’. Quando chegou em casa, resolveu fazer a brincadeira. Pegou duas colheres de cozinha, de metal, juntou, e improvisou uma nave espacial. Usou de pano de fundo a geladeira da casa dele e iluminou com um abajur. Ele calculou precisamente o horário e de onde vinha a fonte de luz. Ele foi bem preciso, foi muito esperto. Então, a partir daí ele conseguiu ampliar uma foto do disco voador, que tinha como fundo a Ilha da Trindade e as duas colheres que seriam a nave espacial. Foi assim que ele fez a fraude das fotos.” [7][8][9] 

Emília Bittencourt em entrevista ao programa Fantástico
Emília Bittencourt em entrevista ao programa Fantástico (Reprodução/Fantástico)

Segundo Emília, Baraúna se divertia ao lembrar-se dos fatos e ria muito com todo o episódio. O programa Fantástico também transmitiu a informação de que uma sobrinha de Baraúna teria confirmado que as fotos eram trucadas. Horas depois da veiculação do programa, a sobrinha do fotógrafo, que hoje é curadora de seu acervo fotográfico, negou que tenha confirmado a fraude.

Ela narra que nunca ouviu de seu tio a confissão de manipulação das fotografias e, pelo contrário, lembra que Baraúna ria daquelas pessoas que achavam que todo o episódio não passava de uma farsa. [10]

Segundo narra Marcelo, a sobrinha não era umas das três pessoas conhecedoras do segredo guardado por Baraúna. Como vemos, nem todos da própria família têm conhecimento do segredo. De qualquer forma, todos agora conhecerão.

Quem analisou os negativos

A Marinha, na época, mandou analisar os negativos. Uma grande falha dos oficiais superiores, quando ainda estavam no navio-escola Almirante Saldanha, foi não terem confiscado os negativos logo após eles terem sido revelados, ainda a bordo. A grande falha de toda a história do caso está aqui.

Se o capitão de corveta Carlos Alberto Ferreira Bacellar tivesse confiscado os negativos imediatamente e os levado para análise quando o navio voltasse da ilha, teria visto, segundo essa nova versão dos fatos, que não havia nada fotografado nos céus dela.

A brincadeira teria sido descoberta neste momento e o caso hoje não teria importância maior do que muitos outros episódios de avistamentos de UFOs. Essa foi a grande falha da Marinha de Guerra.

Outra grande questão contribuiu para os militares não descobrirem nada: não havia papel fotográfico a bordo. Dessa forma, não foi possível reproduzir os negativos no papel, o que mostraria nitidamente se algo havia sido captado ou não. Essa reprodução só foi feita pelo próprio Baraúna, em sua casa.

A própria Marinha reconheceu estas falhas e a externou no seu relatório final. O impresso, intitulado de “Relatório sobre a observação de objetos voadores não identificados registrada na Ilha da Trindade, no período compreendido entre 5 de dezembro de 1957 e 16 de janeiro de 1958”, externou em três tópicos:

“I – Não foram feitas cópias do filme no momento de sua revelação.

II – O comandante do navio não se apossou dos negativos logo após sua revelação, a fim de obter mais tarde cópias na presença de testemunhas.

III – As cópias e ampliações foram realizadas pelo fotógrafo em seu próprio laboratório”. [11]

Os integrantes do Clube de Caça Submarina de Icaraí com os oficiais
Os integrantes do Clube de Caça Submarina de Icaraí com os oficiais (Foto: O Cruzeiro)

Como não foi dada ordem de confiscar os negativos, Baraúna ficou em poder deles o tempo todo. O navio-escola Almirante Saldanha volta da ilha e atraca primeiro em Vitória, no Espírito Santo. Ele ficaria atracado por dois dias, antes de partir novamente para o Rio de Janeiro.

Os cinco integrantes do Clube de Caça Submarina de Icaraí tomaram a decisão de desembarcar e prosseguir de ônibus, com destino a Niterói. A autorização de desembarque foi permitida apenas para civis e negada para qualquer militar.

Segundo Baraúna relatara, eles resolveram desembarcar neste momento e seguir de ônibus porque dois colegas do grupo estavam no fim do gozo das férias e iam perder dias de trabalho se continuassem atracados em Vitória. [5] 

Essa desculpa até que poderia ter sido verdadeira, mas ele tinha algo mais em mente. Segundo a nova versão dos fatos, ele queria desembarcar logo e chegar em casa o mais rápido possível, levando os negativos consigo.

Os negativos ficaram em poder de Baraúna por uns oito dias ou mais, desde o momento em que ele bateu as fotos no navio. Este tempo seria suficiente para que ele pudesse realizar a montagem em seu próprio laboratório, já em casa. Somente depois desse período de tempo, a Marinha finalmente requisitou-os e mandou-os para análise.

Os técnicos do Departamento de Hidrografia e Navegação (DHN), da própria Marinha, e técnicos do Serviços Aerofotogramétricos de uma empresa de aviação, a extinta Cruzeiro do Sul, realizaram testes nos negativos. O resultado deste exame está exarado no relatório final da Marinha:

“I – O técnico do Departamento de Hidrografia e Navegação da Armada, depois de analisar os negativos, afirmou que são naturais;

II – Os técnicos do Serviço Aerofotogramétrico da Cruzeiro do Sul, após a realização de exames microscópicos para verificar a granulação, análise de sinais, verificação de luminosidade e detalhes de contornos, afirmaram:

Não havia sinal algum de fotomontagem nos negativos mencionados e toda evidência demonstrava que eram realmente negativos de um objeto verdadeiramente fotografado.

A hipótese de uma fotomontagem tramada após o avistamento está excluída.

É impossível provar tanto a existência como a inexistência de uma prévia fotomontagem; de qualquer forma, para isto se requerem uma técnica de alta precisão e circunstâncias favoráveis para a sua execução.” [11]

Como podemos depreender, aparentemente os técnicos da Marinha fizeram apenas uma avaliação preliminar, sem se aprofundar em análises mais robustas.

Os testes mais rigorosos ficaram a cargo da empresa Serviços Aerofotogramétricos Cruzeiro do Sul, que conseguiu excluir a possibilidade de uma fotomontagem posterior ao avistamento, mas não a de uma fotomontagem elaborada e criada antes de tudo ocorrer.

Este relatório da Cruzeiro do Sul ainda é secreto e a Marinha nunca publicou. Nele devem estar detalhados todos os procedimentos efetuados nas análises dos negativos. Ainda na época, o diretor-superintendente da Cruzeiro do Sul, Hélio Meireles, já falecido, chegou a negar que sua empresa teria realizado análises dos negativos a pedido da Marinha. [12]

Sabemos hoje que Hélio estava alheio aos trâmites da própria empresa em que trabalhava ou estava ocultando a informação, pois o relatório da Marinha continha a descrição de que tal laboratório realizou a análise.

A primeira foto de Almiro Baraúna
A primeira foto de Almiro Baraúna (Foto: Almiro Baraúna)

Em uma entrevista no ano de 1983 ao astrônomo e ufólogo norte-americano Josef Allen Hynek, 25 anos depois do evento, Baraúna afirmou que os negativos também teriam sido analisados por um laboratório da Kodak, em Rochester, nos Estados Unidos. [13]

Até então, em nenhuma das suas entrevistas anteriores, ele havia dito isto. Hoje, segundo narra seu sobrinho, isso não era verdade. Na realidade, essa inverdade já poderia ter sido descoberta há muito tempo.

O próprio relatório da Marinha não faz menção alguma de que a Kodak se ocupou de tais análises. Ele apenas menciona que a Serviços Aerofotogramétricos Cruzeiro do Sul e a própria Marinha analisaram os negativos.

Em 1978, um grupo civil de pesquisas de discos voadores, o Ground Saucer Watch (GSW), hoje extinto, realizou uma análise nos positivos e chegou à conclusão de que as fotografias eram reais. [14]

Na verdade, o GSW analisou o que tinha disponível em mãos, apenas os positivos. Os negativos nunca foram enviados ao exterior para nenhuma análise. Eles sempre estiveram em poder de Baraúna.

Outros pesquisadores fora do Brasil também analisaram os positivos. Alguns deles atestaram que as fotografias eram reais e outros colocaram em dúvida sua autenticidade ou mesmo concluíram como falsas. Apresentamos, abaixo, um quadro-resumo de algumas das instituições que analisaram as fotografias.

Instituição Analisou Negativos Analisou Positivos
Marinha Brasileira Sim Sim
Serviços Aerofotogramétricos Cruzeiro do Sul Sim Sim
Kodak Não Não
Ground Saucer Watch (GSW) Não Sim


Antes testemunhas, agora vítimas

Uma das testemunhas que afirmaram ter visto o disco voador nos céus da ilha foi o civil, advogado, fundador e presidente do Clube de Caça Submarina de Icaraí, Amilar Veira Filho. Amilar foi pioneiro de caça submarina em Niterói, sendo tricampeão sul-americano dessa modalidade.

Na época do avistamento era bancário do Banco do Brasil e posteriormente trabalhou em uma empresa de comércio exterior, tendo montado seu próprio escritório mais tarde. Até 2008, aos 83 anos, era o último integrante vivo do pessoal do Clube de Caça Submarina de Icaraí que esteve na ilha, quando foi assassinado em uma tentativa de assalto no Rio de Janeiro.

Em 2003, este autor conseguiu localizá-lo e realizou uma entrevista por telefone, na qual ele confirmou seu avistamento:

“Eu não tenho o menor interesse em discutir se houve fraude ou não houve. Eu estou lhe dizendo que minha observação é essa, de que eu vi o objeto e não vou fugir disso nunca!”. [15]

Na época do avistamento, declarou ao jornal O Globo, de 28 de fevereiro de 1958, que o que viu “foi um objeto de cor a princípio cinzenta, de forma oval, que passou por sobre a ilha e depois, adquirindo uma luz do tipo fluorescente, desapareceu, em profundidade, até que o foco luminoso se extinguiu pouco acima da linha do horizonte”. [16]

Quando este autor lhe questionou sobre a possibilidade de Baraúna ter manipulado as fotografias, ele acolheu parcialmente essa possibilidade:

“Pode até ser. Mas, que ele contou com o aparecimento do objeto no céu, isso eu estou dizendo, por que eu observei o objeto. Eu vou afirmar isso aqui de vez. Se ele fez algum truque, de que ele preparou o filme, não sei, ele contou com o objeto no céu. Se ele fez algum truque, foi dentro do que foi visto no céu”. [15]

Hoje sabemos que nem seu próprio amigo, o Amilar, conhecia o segredo de Baraúna. Os críticos da época, em 1958, acusaram de que existia um complô entre os cinco integrantes do clube e que eles teriam armado toda a história, fingindo ter observado algum disco voador nos céus da ilha.

Segundo a nova versão dos fatos, hoje sabemos que isso não é verdade. Nenhum dos outros quatro integrantes do Clube de Caça Submarina sabia do segredo de Baraúna. Eles também foram enganados!

A entrevista: a revelação do segredo de Baraúna

Agora, apresentaremos a entrevista com o sobrinho de Baraúna e também fotógrafo, Marcelo Ribeiro. Nela, ele garante que revela, em detalhes, o segredo de Baraúna, guardado por 53 anos. Essa entrevista foi realizada nos dias 27 e 30 de janeiro de 2011.

Marcelo Ribeiro, fotógrafo e sobrinho de Baraúna (Foto: Murilo Ribeiro)

Qual a verdade sobre as fotografias?

Aquilo não é verdade. Até porque disco voador não existe, não é? Se existisse, você acha que só ele ia conseguir fotografar isso de verdade? Ele me contou essa história toda e ganhou até muito dinheiro com isso na época. Ele contou várias histórias pra outras pessoas. Até eu já vi na televisão uma entrevista que uma pessoa deu. Ano passado até saiu uma [no programa Fantástico].

Tem uma moça [Emília Bittencourt] que disse que ele contou pra ela. Não é nada daquilo, é tudo mentira. A história verdadeira não é essa. Na verdade, as pessoas viram alguma coisa lá. Tinha alguma coisa, uma formação de nuvem, alguma coisa. Ele estava saindo de dentro d’água.

Ele estava fazendo fotos submarinas pra Marinha e quando saiu [de dentro d’água], ele não tinha mais filme na máquina. Ele já tinha usado tudo lá embaixo. Quando as pessoas viram aquele negócio, ele achou que não era não, mas ele era um repórter e como repórter a gente primeiro aperta tudo e depois vê.

Ele não tinha filme, mas ele fez como se tivesse feito umas dez fotos ali, rodando e apertando. E correu para cabine pra pegar mais filme. Quando ele voltou, a coisa já não estava mais lá, a formação já tinha desaparecido.

Então, ele não fotografou nada?

Lá, ele não fotografou nada. Ele fotografou o céu. Depois, ele fez no laboratório uma montagem. Ele já tinha feito outras coisas, como tesouro pra [revista] Mundo Ilustrado. E não era tesouro coisa alguma, era pura mentira. Ele gostava de brincar com isso, ele não fazia de má fé. Ele gostava era de brincar com essa coisa das pessoas acreditarem em qualquer coisa. Baraúna era um grande gozador e tinha um senso de humor fantástico.

Ele era uma pessoa encantadora nesse sentido e muito brincalhão, brincava muito. Existiam umas fichinhas da Frota Carioca, que eu cheguei a ver uma vez ele fazendo na casa dele. Ele pendurava a fichinha da Frota Carioca na janela, contra o céu à noite. Ele fazia essas coisas, eu cansei de ver. Então, ele fez, e como o pessoal começou a entrar numa, ele deixou rolar.

Ele simulou que tinha batido as fotos?

Teve gente que viu ele, lá dentro [do navio], fazendo, apertando [o botão da máquina] e rodando [a manivela pra passar o filme]. O povo viu, então comprovaram que realmente ele fez. Quem vai dizer que não?

Eu estou entendendo que realmente apareceu algo no céu, mas ele não conseguiu tirar foto nenhuma?

Não, porque ele não tinha filme.

Navio Almirante Saldanha na Ilha da Trindade
Navio Almirante Saldanha na Ilha da Trindade (Foto: O Cruzeiro)

Mas, apareceu no céu alguma coisa? Apareceu um objeto? Um disco?

Claro que sim. Um objeto, não! Apareceu uma formação de nuvens ou, sei lá, um balão meteorológico, alguma coisa. Realmente apareceu. As pessoas chegaram a ver alguma coisa sim.

Mas ele não tinha mais filme?

Quando ele estava saindo de dentro d’água, ele não tinha mais filme.

Baraúna contava que estava no convés, já estava em cima [no momento da aparição do objeto].

Quando ele saiu de dentro d’água, é claro que ele vai para o convés. Quando ele chegou ali, as pessoas estavam olhando: ”Olha lá, olha lá…” etc. E ele viu. Ele viu que realmente tinha alguma coisa. Aí, ele simulou ali, porque sabia que depois ele podia simular o resto. Baraúna era uma pessoa muito inteligente. Ele não queria perder a oportunidade.

Os filmes da câmera Rolleiflex, daquela época, tinham doze poses. Ele já tinha gasto as doze poses?

Já, ele já tinha gasto vários rolos ali, porque ele mergulhava com duas ou três câmeras. Cada câmera levava um filme de doze [poses]. Mas aí, ele correu para a cabine e colocou outro filme e voltou pra tentar fazer alguma coisa, pra depois ver qual era. É o normal que a gente faz.

A gente como fotógrafo aproveita todas as oportunidades. Quando ele chegou em casa, começou a rolar as notícias de que tinha aparecido um disco voador, e aí ele disse: “Pô, vou ganhar uma grana com isso, todo mundo está vendo um disco voador, eu vou fazer um disco voador”. E ganhou um bom dinheiro.

Nessa entrevista do ano passado, [em 2010], com a Emília Bittencourt, ela falou que o disco eram duas colheres, uma sobreposta à outra.

Não foi colher coisa nenhuma. Se você colocar uma colher, você vai ver que não dá pra fazer. Isso é o que ele disse [pra Emília], porque ele é um grande brincalhão, não estou te dizendo? Mesmo com gente conhecida. Ela não é parenta dele, é amiga. Ficava todo mundo enchendo a paciência dele, querendo saber como era: “Como é que você fez?”.

E ele dizia: ”Pô, isso aí é uma mentira, eu não fiz de verdade, etc.” As pessoas ficavam naquela curiosidade. Ao mesmo tempo, parecia que ele estava brincando quando ele dizia que era mentira, dá pra entender? Ele era um grande brincalhão. O Baraúna era uma figura. Se você pegar duas colheres, não dá pra fazer. Eu sou fotógrafo e eu sei que não dá.

A segunda foto de Almiro Baraúna
A segunda foto de Almiro Baraúna (Foto: Almiro Baraúna)

Então, o que ele deve ter usado pra fazer o disco voador?

Ele usou a ficha da antiga Frota Carioca.

Ele também havia feito uma reportagem com essas fichas na [revista] Mundo Ilustrado.

Sim, ele sabia que com as fichas dava pra fazer.

Então, ele repetiu o truque?

É. Ele era um grande laboratorista e fazia coisas inacreditáveis em laboratório. Ele era fantástico. O que eu sei de fotografia, foi ele que me ensinou. Ele era um fotógrafo de preto-e-branco de primeira linha. Quando ele era fotógrafo e eu ainda era criança na família, ele era malvisto.

Porque, [naquela época], fotógrafo é o cara que não deu pra coisa nenhuma. O cara ser fotógrafo era uma profissão de segunda classe, mas ele me fascinava e eu ainda era muito pequeno. Ele era casado com a minha tia. Eu era fascinado pelo jeito dele, era uma grande figura humana, viveu bem demais e curtiu muito.

Como é que ele fez, porque os negativos foram analisados pela Cruzeiro do Sul.

Eles analisaram o grão. O grão era real. Você vai fazer uma análise de estrutura de grão, o grão está lá, porque ele fotografou a ficha contra um céu escuro. A imagem é real.

Ele fez uma dupla exposição? Ele pegou a paisagem da ilha e montou com a ficha?

Claro! E é fácil de fazer.

E os exames técnicos não detectam?

Não, claro que não. Deixo lhe dizer: um companheiro meu de estúdio e viagens, uma pessoa que também é um grande fotógrafo em preto-e-branco, ganhou um prêmio na Asahi Pentax, no Japão, com uma reprodução de uma foto que ele fez com outra máquina. Era que, pra entrar no concurso dessas câmeras, Nikon, Pentax, ou Canon, você manda o negativo e você tem que entrar com uma foto feita com a objetiva da câmera que você está participando do concurso.

Ele já tinha feito antes uma foto belíssima com uma Yashica. Daí, ele fez uma ampliação belíssima [em papel] e fotografou com a Asahi Pentax. A foto era tão bem-feita que o grão [do negativo] da câmera Pentax não vai mostrar que é uma reprodução, de tão boa que é essa reprodução. Você vai ter somente a estrutura de grão [do negativo] da câmera que você usou.

Ele reproduziu o negativo da ilha no papel fotográfico e bateu uma foto com a ficha suspensa nessa imagem?

Não, ele fez uma dupla exposição. Ele fez a foto do disco contra o céu, à noite, na casa dele, em Niterói. Depois, ele imprimiu junto com o céu lá da ilha. Ele fez uma foto da ficha, que é o disco, e juntou com a foto da ilha. Ele juntou. A qualidade disso vai depender de quem sabe fazer melhor ou pior. Se eu for fazer, todo mundo vai saber que eu fiz. Eu não sou bom nisso, eu sou um bom fotógrafo, mas não sou um bom laboratorista.

Então, foi diferente deste concurso japonês que você falou, onde o fotógrafo fotografou uma reprodução de uma foto no papel.

Sim, aí é diferente. [Neste concurso], ele fotografou uma foto. Ele fez uma ampliação de altíssima qualidade e fotografou a foto [impressa].

Numa linguagem popular, podemos dizer que o pessoal da Marinha e da Cruzeiro do Sul “comeu mosca”?

Eu não diria que “comeram mosca”, é porque você não detecta. Não é que eles não detectaram por incapacidade. Porque também tem isso, você vê o que você quer ver. Da mesma maneira que o pessoal lá [do navio] estava acreditando que tinha visto disco voador, eles [os técnicos] estavam acreditando que o Baraúna tinha fotografado.

Então, quando eles estavam examinando esse negativo, a cabeça funciona desse jeito. Sua cabeça vai funcionar diferente. Não é que eles tivessem incapacidade ou má fé. É que pela estrutura de grão não ia detectar. A estrutura de grão era real.

Detalhe com a ficha da antiga empresa Frota Carioca, utilizada em outra ocasião por Baraúna, a fim de demonstrar como realizar um truque (Foto: O Mundo Ilustrado)

Nenhuma outra análise detectaria essa dupla exposição?

Não, nem se fosse americano ou alemão ou… claro que não. Assim como o [concurso] japonês não detectou. O negativo que ele mandou [pra Marinha] é o negativo da montagem. Então, o grão do disco voador com o grão da ilha são iguais, é o mesmo grão, porque está no mesmo negativo. Como ele trabalhava tão bem, na imagem que ele reproduziu pra mandar o negativo você não percebe a montagem lá onde ele estava fotografando [no seu laboratório].

É ali que ele poderia cometer alguma falha e apareceria no negativo dele. Mas, como ele era bom demais nisso, os técnicos não detectaram. E outra coisa: o céu no dia lá [na Ilha da Trindade] não era azul, era um céu nublado, meio cinza, o que facilitou o trabalho dele. Se o céu fosse azul, ficava mais difícil de fazer a montagem.

Depois que Baraúna revelou os negativos, ainda a bordo, o capitão de corveta, Bacellar, pegou-os ainda molhados e disse ter visto o objeto neles. Baraúna disse que os marujos também olharam com uma lupa e tinham dito que o objeto que foi visto no céu correspondia ao que estava no negativo. Como Baraúna conseguiu driblar isso?

Você tem que levar em conta que isso foi na década de 50. Não tinha nada ali. Nem todo mundo sabe ver um negativo. Todo mundo olha o negativo, e daí? Você sabe ver um negativo, se você não for um fotógrafo laboratorista? Tem fotógrafo que não sabe ver. Só um laboratorista que sabe ver um negativo [com olhar técnico].

Quando alguém disser: “Está aqui, está vendo?”, [o outro vai dizer]: “Ah é, estou vendo”. Todo mundo vai dizer que está vendo. Duvido que alguém diga “não vi nada, é mentira”. Isso numa década em que todo mundo acreditava nessas coisas, toda hora aparecia. Você tem milhares de histórias de aparecimento dessas coisas. Se você mostrar, o povo vai dizer que viu, porque o clima leva a você dizer que viu.

Os negativos ficaram com a revista O Cruzeiro?

Não, esses negativos ninguém nunca mais viu. Os negativos ficaram com ele e ele não deixou isso com ninguém. Ele dizia que ia deixar isso comigo, mas ele morreu de repente. Acho que ele foi adiando isso.

Os negativos não estão com a sobrinha dele?

Não, não está com a sobrinha. Ele não deixava junto com aquele arquivo que está com ela. Ele deixou o arquivo com a mulher dele e, depois que ela morreu, a sobrinha foi lá e pegou. Historicamente eles diziam que iam deixar isso comigo, que eu era fotógrafo e sobrinho dele.

Então, ele deu fim nos negativos?

Ele deu fim, não está com ela não. Ele não deixou os negativos com ninguém, ficavam com ele. Eu vi esses negativos lá na casa dele, com ele. E ele dizia: “Depois vou deixar isso tudo por escrito e vou deixar como herança pra você, aí depois você conta essa história”.

Ele falava pra você confessar a história?

É. Eu dizia pra ele: “Poxa, Baraúna, conta logo, conta isso aí, você vai morrer de rir”. E ele me dizia: “Não cara, eu vou ficar meio desmoralizado, os caras vão ficar bravos comigo”.

Então, o Baraúna disse pra você que quando ele morresse podia contar tudo?

É. Por várias razões ele me contou a verdade. Primeiro, ele sabia que eu não acreditava em coisa de disco voador nenhum. [Eu dizia pra ele]: “Baraúna, não tem disco voador. O que era aquilo? Era uma nuvem com um desenho que podia parecer, enfim, me conta essa história porque essa coisa não existe”. E segundo, porque eu era fotógrafo também. Eu era sucessor dele, ele não tinha filhos. Eu era meio filho.

Quando eu comecei a me interessar realmente por fotografia, eu chegava à casa dele às nove horas da noite e saía de lá seis ou sete horas da manhã. Ele me ensinando e a gente fazendo laboratório. Ele tinha uma relação próxima e ficava todo orgulhoso. Quando eu ganhei o prêmio da Nikon, ele ficou maravilhado: “Cara, então valeu a pena o que te ensinei, você ganhou um prêmio da Nikon!”. A gente tinha uma relação belíssima.

Se fosse feito, hoje, uma análise nos negativos, não detectaria a fraude?

Não. A tecnologia melhorou algumas coisas, mas a análise é a mesma que você vai fazer. Não significa que hoje você teria alguns equipamentos mais modernos. Eu não chamo de fraude não. Eu chamo aquilo de uma grande brincadeira, porque aquilo não existiu. Eu acho que fraude é você fraudar uma coisa que realmente existe. Disco voador não existe. Nós estamos isolados aqui.

Não existe essa possibilidade de vir de outro planeta, são bilhões e bilhões de anos-luz. Senão, os físicos todos acreditariam na possibilidade de disco voador. Você olha o Marcelo Gleiser, um dos maiores físicos do mundo, e pergunta a ele, e ele começa a rir. Ele não acredita nem em Deus, vai acreditar em disco voador?

O pessoal tem feito uma análise nos positivos e tem visto que as nuvens estão diferentes nas fotografias, como se as nuvens tivessem ‘andado’ muito. Só que o Baraúna havia falado que o tempo de observação do objeto foi apenas de alguns segundos.

Talvez por esses positivos aí o pessoal até detecte alguma coisa. Porque lá eles fizeram uma análise de estrutura de grão. Essa análise aí que o pessoal está fazendo nos positivos é diferente, é outra análise: o cara está comparando posição de nuvem. Mas, também não vai provar coisa nenhuma não. Vai só dizer que parece isso ou parece aquilo, que acha que não é verdadeiro por isso ou por aquilo. Mas, realmente não é.

Terceira foto de Almiro Baraúna
Terceira foto de Almiro Baraúna (Foto: Almiro Baraúna)

E já descobriram outra coisa também. Parece que Baraúna pegou o disco de uma foto, da primeira, e inverteu 180° em outra.

Porque a fichinha você também podia virar. Ela tinha um buraquinho no meio, que ele passava um fio preto sobre o céu preto. O fio preto você não vê. Você só vê a ficha isolada no espaço, porque o fundo está preto. Aí, ele jogava uma luz e também dava um polimento na ficha pra ficar bem brilhante. Eu o vi fazendo isso, à noite, na casa dele, ali no edifício Paraíba.

Você o viu fazendo exatamente dessa foto [de Trindade]?

Não exatamente dessa. Vi outra que ele tinha feito pra outra história, outra brincadeira.

O próprio Baraúna também falou que os negativos tinham sido analisados pela Kodak, em Rochester, nos Estados Unidos.

Não, isso não aconteceu. Foi só a Marinha e o Serviço de Aerofotogrametria da Cruzeiro do Sul, que era um serviço muito bom. Eles tinham um laboratório muito bom e técnicos também muito bons. O Baraúna tinha trabalhado lá.

Ele já havia trabalhado lá? Ele já sabia da capacidade do pessoal?

Todo mundo conhecia ele lá. Ele sabia que os técnicos não iam detectar [a fraude], porque não se detecta. Não é por aí.

Você falou que alguns militares viram o disco, mas o próprio Baraúna teria visto ou não?

Ele chegou a ver sim. Tinha alguma coisa lá, algum desenho, uma formação, uma nuvem, alguma coisa… Mas, como ele não tinha filme, ele correu pra pegar. Porque, se não desse pra fotografar, ele sabia que ia poder [fazer depois]. Ele queria vender pra jornal e revista, como ele vendeu. O Correio da Manhã comprou. Ele comprou um monte de equipamentos, coisas caríssimas. Tudo por causa daquelas fotos.

Em alguns recortes de jornais diziam que ele comprou até um apartamento.

É verdade. Ele comprou, ali na esquina da [Rua Coronel] Moreira César com a Rua do canal, em Niterói.

E também equipou o laboratório dele com o dinheiro?

Foi. E comprou uma lambreta, na época.

Então, foi muito dinheiro?

Vendeu pra o mundo inteiro.

O valor que sei aqui é de que seriam 40 mil cruzeiros [Nota: Baraúna dizia que eram 60 mil cruzeiros].

Eu não me lembro. Devia ser mais ou menos isso. 40 mil cruzeiros era muito dinheiro, hoje devia ser mais de 400 mil [reais].

Quem pagou foi a revista O Cruzeiro?

Não. Primeiro ele vendeu pra o jornal Correio da Manhã. Aí, O Cruzeiro se interessou pra fazer uma reportagem, aí ele vendeu pra O Cruzeiro, e depois pra umas revistas europeias e americanas. Você não tinha internet, não tinha TV a cabo, não tinha nada, era outra história.

Então, publicava aqui e os correspondentes viam e ligavam pra lá: “Olha, tem um material assim”. Aí o cara dizia pra comprar ou não. No total, ele ganhou mais ou menos isso aí. Eu não sei, não me lembro mais. Realmente, ele comprou um apartamento, uma lambreta, uma [câmera] Hasselblad, uma [câmera] Leica… tudo material de primeira linha, caríssimo.

Almiro Baraúna na Ilha da Trindade
Almiro Baraúna na Ilha da Trindade (Foto: O Cruzeiro)

Eu telefonei, em 2003, para o amigo do Baraúna, o Amilar Vieira. Ele falou que tinha visto o disco, que ia morrer com aquilo e que podiam dizer o que quisessem, mas ele tinha visto.

Que ele viu, viu. O povo vê o que quer. Eu estou dizendo isso porque eu sou fotógrafo por opção de vida, mas sou psicólogo de formação. Eu tenho uma ideia de como é que funciona o mecanismo da cabeça das pessoas. Eu fui casado por mais de vinte anos, a mãe dos meus filhos, com uma psicanalista da UERJ [Universidade do Estado do Rio de Janeiro] e vivi a vida toda com assuntos de Freud.

Então, eu sei que o povo vê o que quiser. Até porque, naquela época, o povo não sabia se era possível ou se não era. Não tinha ido foguete à Lua e o conhecimento do Universo era ainda muito mais precário do que é hoje.

Partindo desse lado psicológico, então deve ter ocorrido, a bordo, uma histeria coletiva dos militares?

Lógico. Fica todo mundo fascinado, todo mundo vê disco voador.

Há a possibilidade de ele ter montado as fotografias antes?

Não, antes não. Ele já tinha feito uma reportagem e ela não foi desacreditada. O povo acreditou que era verdadeira, como o povo acreditou que era verdadeiro um tesouro na praia. Ele sabia que podia brincar. A gente brinca com o imaginário das pessoas.

Então, ele chegou à ilha sem saber de nada e, depois que ele viu que a coisa apareceu no céu, ele resolveu brincar com isso?

Lógico. E ele dizia: “Poxa, dá pra ganhar um dinheiro”. Baraúna era um cara inteligente, muito rápido e muito ágil de perceber que, “se está todo mundo acreditando, eu vou ganhar dinheiro”. Baraúna era demais. Mas, ele não fez isso de má fé. É fundamental deixar isso muito claro. Ele fez como uma grande brincadeira, porque ele era uma pessoa assim. Ele gostava de fazer essas brincadeiras.

E a Marinha de Guerra caiu no truque.

Caiu, porque eles levam tudo muito a sério. Eles têm uma rigidez de estrutura de pensamento que levou todo mundo a acreditar nisso. Comandante do navio disse que viu, você acha que alguém vai desdizer o cara?

A estrutura funciona assim e numa época que as pessoas realmente acreditavam que isso era possível e que existia, tudo contribuía pra parecer verdadeiro. Era uma circunstância e uma época. As descobertas com relação ao Universo estavam ainda aparecendo. Você vê que, de lá pra cá, o que a ciência já descobriu? É um absurdo de coisas.

O surpreendente é que demorou anos e anos e ele nunca contou nada. Ele deu várias entrevistas, depois de vinte anos e depois de trinta anos do caso.

Eu tenho uma entrevista dele, que eu gravei. E ele fala disso seriamente [risos]. Porque, na verdade, na medida em que a gente vai ficando mais velho, eu acho que ficava mais difícil ele desmentir tudo. Realmente, acho que ele tinha um pouco dessa preocupação: “Pô, vou ficar todo desmoralizado”. Até porque, ele ganhou muito dinheiro com isso.

O povo ia interpretar de outra forma, ia colocá-lo como charlatão.

É, como charlatão. Eu acho que também tinha esse lado aí. Ele dizia: “Se o pessoal acreditou, então deixa pra lá”.

A viúva dele, a Suraiha, sabia que tudo era uma grande brincadeira?

Qual delas? Ele tinha duas. A Suraiha era a segunda mulher dele e que morreu depois. Ele viveu com as duas o tempo todo. Uma era minha tia [Adoléa Ribeiro Baraúna], irmão de meu pai. A Suraiha, ele veio conhecer muitos anos depois. A Suraiha era muito amiga, eu gostava muito dela também, eu me dava muito bem com as duas.

Quando a minha tia morreu, eu também fiquei viúvo do meu primeiro casamento, lá atrás, em um acidente. Quando a minha tia morreu, ele me abraçou e disse assim: “Meu filho, e agora, o que vai ser de mim?”. Eu disse: “Pô, cara, você está melhor do que eu, você tinha duas, morreu uma, ficou uma. Eu não tinha ninguém, só tinha uma” [risadas]. A Suraiha sabia e a minha tia sabia também.

Todos os familiares sabiam [do truque]?

Não, só a Suraiha, a minha tia e eu.

A quarte fotografia de Almiro Baraúna
A quarta fotografia de Almiro Baraúna (Foto: Almiro Baraúna)

E a sobrinha dele?

Não, ela não sabia. A verdade, não. Pra cada parente ou cada um que perguntava, ele contava uma história diferente. Ao mesmo tempo, ele também fazia uma grande brincadeira com todo mundo. Ninguém sabia qual era a história verdadeira. Cada hora, ele contava uma história pra um. Então, ficava cada um com uma história. Pra aquela lá [Emília], ele falou que era a tal da colher, e assim ia.

E uma colher de cozinha não tem possibilidade nenhuma de ser?

Não, claro que não. Pega uma colher e olha, você vai ver que não dá.

Se ele tivesse cortando a colher no cabo?

Não tem como. O desenho da colher não tem aquele desenho que tem lá [nas fotos]. Não existe isso.

Nem o pessoal do Clube de Caça Submarina sabia que ele tinha feito uma montagem?

Não. Baraúna não era bobo. Ele não podia deixar que alguém soubesse, porque senão ele ia ficar desmoralizado. Também, por causa da questão da Marinha. O fato da Marinha estar envolvida nisso podia dar até cadeia. Ainda mais em um país autoritário como esse e na época ainda era pior. Os militares já estavam preparando o golpe de 1964, e já tinha tido o de 1955. Eu também nunca dei muita importância pra essa história, eu brincava com Baraúna, sacaneava ele, e ele ria demais.

Finalizando, eu lhe agradeço, seu depoimento fui muito esclarecedor.

Tudo bem. Eu só quero que você coloque aí a verdade. Não é colocá-lo como charlatão ou coisa parecida, porque ele não era nada disso. Ele era um grande brincalhão, um grande gozador. Ele não era charlatão não, era um cara sério. Poucas pessoas trataram a fotografia com a seriedade com que ele tratou. Ele era um grande fotógrafo.

Caso Ilha da Trindade reduzido a cinzas?

O clássico caso da Ilha da Trindade ocorreu quando a ufologia moderna ainda era uma criança em termos de nascimento. Apenas onze anos a separam do voo de Kenneth Arnold no Monte Rainier.

A ufologia amadureceu com o passar das décadas e a revisão deste clássico ajuda a depurar a maturidade da compreensão e o entendimento deste fenômeno fugidio e esquivo, por vezes apresentando-se como uma provocação e charada ao ser humano, por outras tantas se apresentando ameaçador e insolente.

A possível revelação do segredo de Baraúna, 53 anos depois, deve ser vista hoje como uma grande aprendizagem para a ufologia, principalmente ao lidar com fotografias e depoimentos de testemunhas.

Mais do que nunca, é imperativo que todos grandes clássicos do passado, que ainda não foram revisados, sejam esquadrinhados em todos seus meandros e extraídos o que realmente interessa: a verdade, seja ela qual for, e a quem ela possa agradar ou desagradar.

A possibilidade de que as mundialmente famosas fotografias de Almiro Baraúna seriam apenas fruto de uma montagem seria um duro golpe pra ufologia. Os ufólogos devem ser mais impiedosos e insensíveis em suas futuras análises ufológicas. O caso Ilha da Trindade nos ensina e nos lega isso daqui pra frente.

Almirante-Saldanha
Navio-escola Almirante Saldanha (Foto: Divulgação)

O que restou das cinzas do caso Ilha da Trindade? Se formos aceitar como realidade o depoimento do sobrinho, a única investigação, a partir daqui, é saber se, realmente, apareceu algum UFO nos céus naquele momento ou tudo não passou de uma grande histeria coletiva com a observação de algo comum. Como vimos na entrevista, Marcelo Ribeiro, sendo cético da existência de discos voadores, tem sua visão pessoal sobre a temática ufológica que certamente não é a mesma dos ufólogos.

Apareceu um UFO nos céus da ilha e Baraúna foi um grande azarão em não poder captá-lo com sua câmera, por falta de filme no exato momento da aparição? Ou, apenas surgiu algo comum nos céus e uma brincadeira generalizada dos marujos desencadeou uma histeria coletiva a bordo? Essa última hipótese não é remota e nem descartável. As futuras investigações certamente concluirão a verdade disso também.

As fotografias de Baraúna podem entrar para a história como a melhor montagem já realizada em fotos de discos voadores. Ela confirma a verdade, sempre dita, de que fotografias e filmes ufológicos nunca foram e nunca serão prova da existência de discos voadores.

Se não houvesse, hoje, a possível revelação da confissão de que tudo não passou de uma excelente montagem, elas ainda continuariam sendo consideradas autênticas por muitos anos.

É verdade que elas continuariam, também, sendo postas em dúvida por muitas pessoas, mas a desconfiança não alcançaria a comprovação de que seriam falsas. Seja onde Baraúna estiver, deve estar rindo muito de tudo isso até hoje.

Síntese dos fatos

Para podermos condensar de forma mais clara a revelação do segredo de Baraúna, segundo a versão do sobrinho Marcelo Ribeiro, apresentamos um resumo de como tudo ocorreu: Baraúna estava fotografando dentro d’água, na Ilha da Trindade, e no momento que chegou ao convés do navio, viu que as pessoas estavam apontando e olhando para o céu.

Elas diziam que um disco voador estava sobrevoando a ilha. Como ele já tinha gasto todos seus filmes lá embaixo, na água, não pôde fotografar o exato momento que o alegado objeto voava pelos céus. Então, simulou que estava tirando as fotos, enquadrando o disco voador em sua lente.

Pra tentar captar algo real, correu para a sua cabine e pegou mais filmes. Quando voltou, o tal do disco voador já tinha sumido. Tinha perdido a oportunidade. Então, resolveu tirar várias fotos somente da ilha, mostrando o céu e o mar.

Ele ia aproveitar depois, quando chegasse em casa, pra fazer uma montagem e colocar um disco voador na paisagem da ilha. O capitão de corveta Carlos Bacellar mandou que ele revelasse o filme ainda a bordo. Ele revelou algum dos seus rolos e mostrou ao capitão.

Bacellar pensou que viu o disco voador nos negativos e mostrou aos marujos, que também concordaram que tinha algo realmente fotografado.

Na verdade, por não terem visão técnica, eles pensaram que tinham visto algo, quando não viram nada. Baraúna deu sorte, porque o capitão não confiscou seus negativos e o navio também não tinha papel fotográfico para reproduzir as fotos e mostrar claramente se tinha captado algo.

Baraúna levou os negativos para sua casa e no seu laboratório começou a trabalhar na montagem das fotos. Como ele não tinha fotografado nenhum disco voador, as fotos mostravam apenas a ilha, o céu, o mar e partes do navio.

Usou duas fichas da empresa Frota Carioca para ser o disco voador. As fichas têm o formato que lembra o planeta Saturno quando sobrepostas. Pendurou a ficha por um fio escuro sobre um fundo escuro.

Fez uma dupla exposição com o cenário da ilha. Estava feito! O disco voador estava agora nos céus da ilha. A fotografia não ficou desfocada ou tosca, porque Baraúna usou toda sua expertise aqui. Calculou iluminação e sombra do disco voador. Ele percebeu que aquilo era uma grande oportunidade na sua vida e ia lhe render um excelente retorno financeiro.

Além disso, na época, ele era um fotógrafo freelancer, queria aproveitar a oportunidade para projetar seu nome ao mundo. Ele colocou o melhor de si naquela obra-prima e guardou em segredo que tinha feito essa montagem. Quando a Marinha requisitou seus negativos dias depois, obviamente ele não ia fornecer os negativos que ele tinha tirado lá, no navio, pois eles não mostravam nada nos céus.

Ele entregou os negativos que tinha acabado de montar, da composição da ilha com a ficha. Os técnicos da Marinha e da Serviços Aerofotogramétricos Cruzeiro do Sul analisaram os negativos e não detectaram nenhum truque.

A análise de granulação, ou de grãos, não detectou a montagem. Eles nunca detectariam, já que o grão da ilha era o mesmo grão do disco voador. Eles estavam agora em um mesmo negativo. As fotografias ganharam o mundo e o resto é história.

Referências

[1] Fotógrafo é especialista em discos: já fez dois. Diário Popular, Rio de Janeiro, 24 fev. 1958. 

[2] Também oficiais, entre outras pessoas, viram o disco voador. O Globo, Rio de Janeiro, p. 5, 24 fev. 1958. 

[3] LIMA, Vinícius; BARAÚNA, Almiro (fotos). Um disco voador esteve em minha casa… O Mundo Ilustrado, Rio de Janeiro, ano II, n. 93, p. 38-39, 10 nov. 1954. 

[4] Marinha quer saber se “Disco-Baraúna” é “furo” ou chantagem. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, p. 1, 25 fev. 1958. 

[5] PETIT, Marco Antonio. Caso Trindade: novas revelações. Conservatória, RJ. 2000. 1 videocassete (40 min), VHS/NTSC, son., color. 

[6] KLASS, Philip. Comunicação pessoal com o autor, 25 ago. 2002.

[7] Aeronáutica divulga procedimentos em caso de aparição de discos voadores. Fantástico. Rio de Janeiro: Globo, 15 ago. 2010. Programa de TV. 

[8] Famosas fotos de disco voador são fraude, revela amiga do fotógrafo. Fantástico, 19 ago. 2010. Disponível em:<http://fantastico.globo.com/Jornalismo/FANT/0,,MUL1614449-15605,00.html>.

[9] BORGES, Alexandre de Carvalho. O OVNI da Ilha da Trindade seria duas colheres? Além da Ciência, 17 ago. 2010. Disponível em: <https://www.alemdaciencia.com/o-ovni-da-ilha-da-trindade-seria-duas-colheres>. 

[10] BORGES, Alexandre de Carvalho. Surge possível nova testemunha dos avistamentos de OVNIs na Ilha da Trindade. Além da Ciência, 19 ago. 2010. Disponível em: <https://www.alemdaciencia.com/surge-possivel-nova-testemunha-dos-avistamentos-de-ovnis-na-ilha-da-trindade>. 

[11] BRANDÃO, José Geraldo. Relatório sobre a observação de objetos aéreos não identificados, registrados na Ilha da Trindade, no período compreendido entre 5 de dezembro de 1957 e 16 de janeiro de 1958. Marinha do Brasil, fev. 1958. 

[12] Alheios ao caso do disco voador. O Globo, Rio de Janeiro, p. 3, 25 fev. 1958.

[13] BARAÚNA, Almiro. Entrevista com Almiro Baraúna. Brasília: II Congresso Internacional de Ufologia, 19 abr. 1983. 1 arquivo de áudio (20 min). Entrevista concedida a J. Allen Hynek.

[14] HEWES, Hayden. The mystery disk over Trindade Island. UFO Report, v. 7, n. 1, p. 18-19, 58, Feb. 1979.

[15] BORGES, Alexandre de Carvalho. Entrevista com Amilar Vieira Filho: 45 anos depois, testemunha do avistamento do OVNI sobre a Ilha da Trindade comenta sobre as críticas ao caso. Além da Ciência, 13 fev. 2008. Disponível em: <https://www.alemdaciencia.com/entrevista-com-amilar-vieira-filho-45-anos-depois-testemunha-do-avistamento-do-ovni-sobre-a-ilha-da-trindade-comenta-sobre-as-criticas-ao-caso>.

[16] Disco ou não, viu um objeto oval e luminoso nos céus de Trindade. O Globo, Rio de Janeiro, p. 4, 28 fev. 1958.

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