Por Allan Bispo
O termo transcomunicação foi criado nos anos 80, na Alemanha, pelo físico e estudioso Ernst Senkowski e significa comunicação com o mundo extrafísico. Segundo os dicionários modernos, quer dizer: comunicação com a verdade eterna ou comunicação transcendental.
Várias celebridades do mundo científico tentaram a Transcomunicação Instrumental (TCI), dentre eles figuram Thomas Alva Edison, inventor da lâmpada e do fonógrafo, Gugliemo Marconi, precursor do rádio, Nikola Tesla, precursor do transformador e criador do motor de corrente contínua, e, no Brasil, o escritor Monteiro Lobato.
Oficialmente, o Brasil é pioneiro nestas pesquisas com o português naturalizado brasileiro Augusto de Oliveira Cambraia, inventor das fibras do tecido cambraia. Dentre as suas 16 patentes requeridas, está a do Telégrafo Vocativo, que deu entrada em 1909, com a finalidade de comunicação com os espíritos.
Apesar de não existirem maiores detalhes sobre o aparelho, concordamos com o raciocínio do pesquisador Clóvis Nunes: “Será que ele pediria registro de patente de um aparelho que nunca funcionou?”.
O Brasil também é pioneiro na publicação do primeiro livro sobre TCI. Trata-se do livro Vozes do Além pelo Telefone, publicado em 1925 pela papelaria e tipografia Marquês Araújo, onde Oscar D’argonel registra oito anos de contatos consecutivos com vários espíritos.
Os padres pesquisam
Passei a me interessar pelo assunto a partir de 1990. Nesta época, eu me perguntava qual seria o verdadeiro sentido da TCI no Brasil, uma vez que o brasileiro é espiritualista por excelência. A resposta veio mais adiante, quando assisti, impressionado, uma conferência do padre François Brune no Centro Espírita Leon Denis, falando sobre vozes dos espíritos nos gravadores, oficialmente autorizado pelo Vaticano a pesquisar este fenômeno.
Poliglota, com vários títulos acadêmicos, viaja o mundo promovendo conferências e realizando pesquisas. Clóvis Nunes, que viajou com ele muitas vezes, fala de sua personalidade amigável. Em seu livro Linha Direta do Além, François Brune e Remy Chauvin contam a experiência dos padres Agostino Gemelli e Pellegrino Ernetti, personalidades de renome na Itália.
Poderíamos dizer que o primeiro caso de voz paranormal gravada aconteceu no laboratório de física experimental da universidade católica de Milão, em 17 de setembro de 1952. Ali, os padres Gemelli e Ernetti realizavam experiências com cantos gregorianos para eliminar os harmônicos. Naquela época, não existiam gravadores com fitas, mas apenas com fios. Este fio se rompia com frequência, então era necessário dar um nó finíssimo para não prejudicar o som.
Naquele dia, o fio acabara de se romper mais uma vez e o padre Gemelli, chateado, exclama “oh, papai, me ajude”, como tinha por hábito de dizer a muitos anos, desde a morte de seu pai. Uma vez feito o conserto, começaram a escutar o material gravado, porém, ao invés do canto gregoriano esperado, ouviram estupefatos a voz do pai: “Claro que o ajudo e estou sempre com você”.
Padre Gemelli quase desmaiou, mas padre Ernetti o estimulou a prosseguir e fazer uma nova tentativa, assim fala-nos o Padre Brune em sua palestra. Obtiveram, então, a mesma voz, perfeitamente reconhecível, que dizia em tom levemente irônico: “Mas claro, bobão (“zuccone” em italiano), você não está vendo que sou eu mesmo?”. Esta era a maneira afetuosa que brincava com ele quando menino.
Temerosos de uma reprovação, levaram o material para avaliação no Vaticano e tal foi à importância do fato que assim avaliou o Papa Pio XII:
“— Meu caro padre, fique tranquilo. Trata-se de um fato estritamente científico e nada tem a ver com o espiritismo. O gravador é um aparelho objetivo, que não pode ser sugestionado. Ele grava as vibrações sonoras. E esta experiência poderá, talvez, marcar o início de um novo estudo científico, que virá confirmar a fé no Além”.
O padre François Brune, amigo pessoal dos padres citados, confirma a veracidade deste texto que foi publicado pelo Vaticano em junho de 1990.
No dia 12 de junho de 1959, o produtor de cinema Friedrich Jürgenson e sua esposa se encontravam em sua casa de campo, em Estocolmo, Suécia, onde colecionavam canto de pássaros utilizados nos programas culturais para as rádios suecas.
Nesta data, Jürgenson ocasionalmente registrou vozes e sons inexplicáveis na fita de seu gravador. Pouco tempo depois, de sons passaram a vozes em várias línguas. A princípio, ele pensava tratar-se de seres extraterrestres, porém tamanha foi a sua surpresa quando as vozes lhe revelaram ser de desencarnados.
Após quatro anos de gravações experimentais, em 1963 ele anuncia ao mundo sua descoberta, publicando também o livro Vozes do Universo e Telefone para o Além. Suas experiências interessaram ao filósofo e psicólogo Dr. Konstantin Raudive, que aperfeiçoou a sua técnica com o físico Alex Schneider.
O termo EVP (do inglês: Electronic Voice Phenomenon) originou-se de uma iniciativa dos próprios espíritos, a fim de categorizar os fenômenos, onde o engenheiro americano, presidente e diretor de pesquisa da Metascience Foundation, George W. Meek, e colaboradores técnicos, desenvolvem o Spiricom, que é um aparelho de rádio aperfeiçoado para este fim.
O aparelho basicamente grava o chiado produzido por uma rádio de FM fora da estação. Este ruído tecnicamente conhecido como ruído rosa, tem a característica de possuir, na sua forma de onda, a amplitude fixa e frequência variável. Com isto, os espíritos modulam e variam a frequência para produzir os fonemas que formam as palavras.
O Brasil ganhou respeito neste campo de pesquisas graças ao trabalho de Clóvis Nunes, do engenheiro civil Hernani Guimarães Andrade, do prof. Mário Amaral Machado, de Sonia Rinaldi e outros não mencionados, mas que parabenizamos pelo trabalho.