Por CVDEE (Centro Virtual de Divulgação e Estudo do Espiritismo)


Nosso entrevistado é o expositor e médium espírita Pedro Vieira. Colabora com o centenário Centro Espírita Cristófilos e com o Centro Espírita Léon Denis, no Rio de Janeiro, além de algumas outras casas.

O que é exatamente TCI?

A sigla TCI significa “Transcomunicação Instrumental”.  O termo “Transcomunicação” foi criado na década de 1980 pelo Prof. Ernest Senkowski, buscando a junção de dois vocábulos: “Comunicação” e “Transcendente”, ou seja, uma comunicação que transcenda o mundo em que vivemos, físico. No entendimento espiritualista, uma comunicação com o mundo dos Espíritos. O termo “Instrumental” mostra o meio por que essa transcomunicação é conseguida: aparelhos, instrumentos.  De uma forma geral podemos dizer que TCI responde pela “comunicação com o mundo espiritual utilizando-se como meios aparelhos (normalmente eletroeletrônicos)”.

Qual sua relação com o espiritismo e por que há tanta controvérsia sobre TCI e Espiritismo?

Sou expositor e médium espírita e colaboro com o centenário Centro Espírita Cristófilos e com o Centro Espírita Léon Denis, no Rio de Janeiro, além de algumas outras casas. Ademais, possuo profundo respeito e gratidão pela figura do Sr. Prof. Allan Kardec, o codificador, trazendo ao mundo a mensagem dos Espíritos de maneira tão límpida e clara. A Doutrina Espírita é, para mim, a filosofia de vida que, embasada pelo conhecimento científico, leva o homem à melhora de si mesmo, na reforma moral, íntima e pessoal, na direção de Deus.

A TCI é um fenômeno que, como a mediunidade como conhecemos, não é restrita ou pertencente a nenhuma crença ou filosofia. A mediunidade existe desde que existem homens. A TCI existe desde que existem homens e aparelhos. A relação entre TCI e Espiritismo, portanto, não é inata, ela requer uma aproximação, que só será feita pelo estudo, da mesma forma que o Sr. Prof. Allan Kardec fez com as mesas girantes – que também não estavam presas a qualquer filosofia em particular.

Verificamos, entretanto que, de maneira profundamente clara, o Espiritismo possui em si equacionado o modo de funcionamento do Plano Espiritual e, mais do que isso, o conhecimento do próprio homem como ser moral, que dá à mediunidade, automaticamente, o caráter de meio de evolução e não de dom, de finalidade da vida. É, portanto, de fundamental importância na desmistificação e, por outro lado, no entendimento do próprio fenômeno, que acontecerá – como fato inconteste – com ou sem a sua participação.  

Quanto à controvérsia, pessoalmente, nunca a presenciei. Todos os espíritas que considero sérios, com décadas de experiência, em cargos de direção de federativas ou respeitáveis trabalhos de divulgação doutrinária, cujas ações correspondem às palavras, demonstram a tranquilidade necessária para o entendimento e o lido com o fenômeno: nem a negação sistemática – típica de um medo injustificável; nem a empolgação descontrolada – típica da ignorância. 

Há pesquisas científicas sérias que os relaciona? Quais e onde?

Os grupos que têm se dedicado ao estudo da TCI normalmente são espiritualistas em geral. Alguns grupos espíritas também têm se dedicado a isso, porém muitas vezes carecendo de posicionamentos técnicos que o possam guiar. No início de 2002 no Centro Espírita Cristófilos formou-se um grupo hoje com cinco engenheiros eletrônicos (mestrandos e doutorandos), dois técnicos de eletrônica, um estudante de física, um engenheiro civil e três pessoas na equipe de apoio: Grupo Espírita de Pesquisas Eletrônicas Cristófilos (GEPEC).

Trata-se de um grupo espírita que reúne pesquisadores seríssimos da área da eletrônica, que realizaram seminários de estudo dos fenômenos perispirituais para então, no início desse ano, montando laboratório próprio, se dedicarem à prática científica da TCI. Nosso objetivo é que esse tipo de iniciativa possa se multiplicar pelas casas espíritas de todo o Brasil e do mundo. 

A história da TCI, entretanto, possui referências a diversos grupos seríssimos, não espíritas, que contribuíram sobremaneira para a pesquisa do fenômeno. A respeito desse assunto, recomendamos fortemente a consulta ao livro do Sr. Hernani Guimarães Andrade intitulado: A Transcomunicação Através dos Tempos, da FE Editora. 

A comunicação pode ocorrer através da internet? Já houve casos assim? 

Sim, pode e já houve casos confirmados. Há, entretanto, de se compreender a mesma manifestação exterior ocorrendo por diferentes meios:

– Por um computador ligado à Internet ter seu teclado pressionado num fenômeno de efeitos físicos comum.

– Por um computador ligado à Internet ter os pulsos elétricos relativos ao teclado ativados num fenômeno de efeito físico elétrico.

– Por um computador ligado à Internet ter os pulsos elétricos da linha telefônica ativados por um fenômeno de efeito físico elétrico.

– Por um computador intermediário da Internet, sendo a comunicação efetivamente transmitida pela Internet.

– Diretamente na máquina do usuário, dando a impressão de que foi recebida pela Internet (em qualquer dos níveis do próprio computador). 

A experiência tem nos mostrado, entretanto, que normalmente os fenômenos de TCI pela Internet visam atender a alguém que esteja necessitado e os Espíritos nunca se identificam como desencarnados, já que não é esse seu objetivo. Podemos dizer, portanto, que esse fenômeno tem sido até mesmo comum, como meio de um contato direto da equipe orientadora espiritual em relação aos trabalhos sérios que visam o consolo e a divulgação da palavra de Jesus, espíritas ou não, através da Internet. 

Transcomunicação Instrumental é uma prática espírita?

Será… se seguir os critérios da ciência espírita que diz que nenhuma pesquisa espírita se justifica por si só, só se justifica como meio de auxiliar o ser humano a se tornar melhor, conhecendo-se como Espírito, numa acepção moral. Nesse caso contará com todo o arcabouço doutrinário que o Espiritismo oferece. Não será… se cair no campo da curiosidade ou da experimentação simples.

O que se tem de concreto sobre Transcomunicação Instrumental hoje? Há cientistas de fato trabalhando nisso ou somente curiosos?

Há cientistas trabalhando no assunto, mas a grande maioria, realmente, é de curiosos, que traz espaço de análise, mas não validade científica aos resultados. Do ponto de vista da ciência qualquer resultado obtido fora do rigor do método científico é inválido, embora possa ser válido para outras finalidades. De concreto temos diversos resultados em diversos países do mundo, inclusive demonstrações ao vivo.

Centenas de milhares de vozes gravadas, vídeos, casos de positiva comprovação da identidade do Espírito, etc. A documentação é vasta, embora nem sempre simples de ser encontrada, pelo que temos visto e nem sempre seja devidamente analisada, sob o critério científico e mesmo espírita, conforme fez com as mensagens dos Espíritos o Sr. Prof. Allan Kardec.

O Padre Quevedo está oferecendo 10.000,00 dólares para quem conseguir um fenômeno de transcomunicação estando a 50 metros dos aparelhos. Por que nenhum transcomunicador aparece?

Uma certa vez um senhor inquiriu o Sr. Prof. Allan Kardec sobre tema semelhante, pedindo a ele provas sobre os fenômenos, mas não sob o ar do pesquisador, mas do negador. A sábia resposta do mestre de Lyon foi: “Desde o momento em que a sua razão se recusa a admitir o que nós consideramos como incontestável, é que o senhor a considera superior a de todas as pessoas que não partilham de sua opinião. Não duvido da sua capacidade e não tenho a pretensão de colocar minha inteligência acima da sua; admita, pois, que eu me engane, já que é a razão que lhe diz; e não se fala mais no assunto”.

Resposta que poderia ser facilmente dada a todos aqueles que buscam nos fenômenos espirituais não um ambiente sincero de suas pesquisas, mas meios de, torcendo os fatos a seu bel prazer, já ter por objetivo negá-los. Nem a ciência séria nem o Espiritismo podem se dar ao luxo de perder o seu tempo com essas criaturas.

Quanto a eventuais propostas monetárias, elas são de responsabilidade de quem as oferece. O Espiritismo nos mostra que, da mesma forma que a verdade é trazida pelos Espíritos gratuitamente, ela não se coloca sob a forma de mercadoria de qualquer tipo (“De graça recebestes, de graça dai”), sendo, portanto, papel sem valor do ponto de vista da espiritualidade superior, qualquer remuneração como atrativo. A única coisa que atrai os Espíritos Superiores é a sinceridade de coração, não a quantidade de dólares ou reais.  

Por último, temos a considerar que são centenas e centenas de pesquisadores reconhecidamente sérios no mundo acadêmico, das mais diversas áreas do conhecimento humano, aos quais dedicaram toda a sua vida, que se dedicam a estudar seriamente os fenômenos espíritas.

Se a razão e a lógica admitem que sejam todos esses homens de incontestável inteligência facilmente enganados por algo tão “óbvio e facilmente explicado” ou que essas pessoas sejam capazes de dispor de seu tempo para brincadeiras, então essa razão não está ainda amadurecida para sondar o mundo espiritual.

Como disse o Sr. Prof. Allan Kardec: “Portanto, sejamos breves, eu lhe peço, porque não tenho tempo a perder em considerações sem objetivo”. As citações acima estão no livro O que é o Espiritismo, de autoria do Sr. Prof. Allan Kardec, Parte I, Capítulo I: “O Crítico”.

Por que nenhum transcomunicador aparece para o James Randi e prova os fenômenos paranormais? Aí poderia doar o dinheiro para a caridade.

A verdadeira caridade é aquela que se faz com a dedicação do próprio tempo. A dedicação à Transcomunicação Instrumental visa não só o desenvolvimento de técnicas contundentes de modelagem do canal plano espiritual para plano físico, como da utilização dessa comunicação no consolo dos corações que sofrem e das mentes que padecem na dúvida e que manifestam desejo de buscar uma resposta. Se o dinheiro de quaisquer pessoas poderia ser empenhado na caridade, é deles a responsabilidade de retê-lo para finalidades pessoais, não nossa. 

Com a Justiça Divina cada um se acertará a seu tempo. O Espiritismo poderia e pode, a todo instante, sendo um coração sincero e desarmado que busque sinceramente convencer-se e não uma negação sistemática, e de graça, como ensinou Jesus, se colocar à disposição deles.

Ao turno dos pesquisadores sérios, preferem dedicar-se como sempre trabalharam: de maneira séria, sem marketing ou estardalhaços, típicos da embalagem bela que esconde o recheio vazio. O homem, por ser ganancioso, se choca com a filosofia que mostra que o dinheiro só sofre atração irresistível para quem dele depende.

Padre Landell de Moura foi o primeiro transcomunicador?

Numa consideração literal de TCI, verificamos que Moisés foi o primeiro transcomunicador que a História tem notícias, quando utilizou a Arca da Aliança construída com dois querubins (instrumento) para a comunicação com Javé. Está em Êxodo, 25: “E ali virei a ti, e de cima do propiciatório, do meio dos dois querubins que estão sobre a arca do testemunho, falarei contigo a respeito de tudo o que eu te ordenar no tocante aos filhos de Israel.” 

Padre Landell de Moura já em 1893 conseguiu transmitir voz, sendo considerado o primeiro comunicador, no sentido eletrônico. Relatos demonstram que, juntamente com suas experiências, teria também recebido e estudado a Transcomunicação Instrumental. Então, do ponto de vista da instrumentação eletrônica, podemos sim afirmar que ele foi o primeiro transcomunicador. 

Gostaria de saber qual o tipo de preparação que é feita para que haja o estabelecimento da Transcomunicação Instrumental? O fenômeno da TCI somente possui uma comprovação empírica, ou já existem equipamentos eletrônicos patenteados, que possibilitem a ocorrência da TCI? Qual a contribuição da TCI para a Doutrina Espírita, no que concerne à aceitação por parte da comunidade científica em relação ao intercâmbio do mundo material/espiritual?

Por partes: do ponto de vista espírita e pelas informações que temos dos Espíritos, o posicionamento mental dos participantes influi de maneira decisiva nos resultados que se obtém nos experimentos. O ambiente espiritual equilibrado também. Além disso, há a preparação técnica, que não podemos descrever aqui por absoluta falta de espaço. Há alguns aparelhos patenteados, mas a TCI não se restringe ao plano material. Portanto, um aparelho estático pode não levar em consideração as variáveis específicas do ambiente psíquico, do grupo encarnado e desencarnado, etc.

Por isso é difícil afirmar que algum aparelho funcione em todos os casos. O que temos tentado fazer é modelar o problema primeiro para depois analisá-lo.  A TCI vem, nas palavras de Divaldo Pereira Franco, “reconfirmar os postulados doutrinários”, como a mediunidade colocou as informações dos Espíritos patentes até hoje, só que de uma forma mais ampla.

A preparação, no sentido amplo, passa pela preparação interior, no campo da própria consciência, para permitir-se, de alguma forma, ser digno das comunicações dos amigos espirituais. “Onde dois ou mais de vocês estiverem reunidos em meu nome, aí eu estarei”, nos disse Jesus.

Vozes de animais também aparecem nas gravações?

Há alguns relatos nesse sentido, sim, mas sobre eles não temos maiores informações.

Por que vocês não pedem para esses espíritos se materializarem e filmam, conseguindo assim uma prova de vida após a morte?

Isso já foi feito diversas vezes, relatado, mantém-se até museus com os resultados de tais sessões. Quem não se lembra de Kate King e das exaustivas experiências de Sir William Crookes na Inglaterra para a Sociedade Dialética de Londres? Quem não se recorda das incontestáveis materializações promovidas pelo médium Peixotinho, tão vastamente documentadas e estudadas? Entendemos que a fé não é um processo de comprovação externa, mas decorrente de um processo de busca interior, no qual a “prova” é completamente secundária.

A dureza dos corações, motivada pelo orgulho, fez até com que Espíritos passassem por Jesus e conseguissem não crer nele. Quem somos nós para nos considerarmos mais que o Mestre?  Trabalhamos nos colocando à disposição de quem queira dialogar. Eis a postura de quem entende que cada um tem o seu tempo. “Tu creste, Tomé, porque viste, felizes os que crêem sem ter visto”, nos disse Jesus.

Nestes fenômenos da TCI, ocorreram alguns casos em que houve um diálogo entre encarnado e desencarnado?

Sim. Comunicações bidirecionais. Perfeitamente. Algumas gravações se dão em tempo real, onde é possível dialogar com os Espíritos, dando mais uma evidência de que eles nos escutam e é conosco que falam. São, portanto, inteligências e não “vozes perdidas no éter”.

A maioria dos pesquisadores da TCI são espíritas? Quais são a maioria?

A maioria das pessoas que se interessa pela Transcomunicação Instrumental são chamados “transcomunicadores”: interessados práticos, que recomendam a prática como forma de se obter uma comunicação. Cabe ressaltar que esse posicionamento se distancia totalmente do pesquisador, que trata a questão sob o ponto de vista não da reprodução pura e simples do fenômeno, mas de seu entendimento, desde o ponto de vista técnico até o ponto de vista espiritual.  Quanto à maioria dos pesquisadores, não saberia responder ao certo.

Como se dá este fenômeno? É necessária a presença do médium?

Sim, sempre. Todo fenômeno de efeitos físicos, como é o caso da Transcomunicação Instrumental, requer a presença de um médium, doador de ectoplasma. Por que, então, algumas pessoas e mesmo alguns Espíritos dizem o contrário?

Numa conta simples, verificamos que a energia necessária, por exemplo, para se modular uma onda em AM é da ordem de 1e-6 W, enquanto a necessária para se erguer uma mesa de 10Kg a 1m de altura em 10s é de 1 W, ou seja, a energia necessária para a TCI é pelo menos 1 milhão de vezes menor que a necessária para os fenômenos de mesas girantes da época do Sr. Allan Kardec.

Além disso O Livro dos Espíritos nos mostra que, sendo a eletricidade uma forma mais sutil de matéria, a qualidade do ectoplasma também provavelmente deva ser mais etérea, requerendo menor ainda desprendimento do perispírito do médium.

Uma pessoa, portanto, que nem de longe é um médium de efeitos físicos para materializações, efeitos de levitação e mesmo curas pode ser mais do que suficiente para um fenômeno de TCI, daí a TCI ser muito mais simples de se obter, desse ponto de vista, que os outros fenômenos. Num efeito comparativo, dizem, portanto, que a TCI não é um efeito físico comum, já que a abundância de médium é tanta que é praticamente impossível conseguir reunir um grupo sem um deles.

Mas o estudo o Espiritismo mostra que não é quantitativamente, mas qualitativamente que se sabe dessa necessidade: sendo o Espírito um ser imaterial, para agir sobre a matéria, necessita de um fluido que lhe sirva de intermediário, que deve ser cedido por um médium. O Espiritismo esclareceu isso há quase 150 anos atrás.

 Em quais países as pesquisas no campo da TCI estão mais adiantadas, mais desenvolvida?

 Luxemburgo, com o casal Jules e Maggy Harsch-Fischbach; Alemanha e Brasil, com diversos grupos.

Quais são os maiores cientistas, na história e atualmente, envolvidos com a TCI?

Muitos. Friedrich Juergerson, Konstantin Raudive, George William Meek (juntamente com o médium William John O’Neil), Hernani Guimarães Andrade e Clóvis Nunes – esses dois últimos no Brasil – para citar alguns. A contribuição de vários outros é profundíssima e a análise do livro: A Transcomunicação através dos tempos, de autoria do Sr. Hernani Guimarães Andrade, poderá esclarecê-lo melhor sobre o papel que cada um teve e tem no desenvolvimento da TCI.

Segundo certos parapsicólogos, estes fenômenos são resultados do inconsciente do sensitivo e/ou dos assistentes. E que, se o sensitivo estiver mais de 50 metros de distância, este fenômeno não ocorre. A minha pergunta: isto é verdade? ou até que ponto isto é verdadeiro?

Não é verdadeiro. Segundo São Luís em O Livro dos Médiuns a presença do médium no local é o mais comum, mas nem sempre é necessária. Experimentos diversos foram feitos em situações de muito maior distância que essa, coroados de sucesso.

Quais os instrumentos são usados pelos os espíritos nestas comunicações? Qual o mais utilizado por eles?

As comunicações mais frequentes se dão por meio de rádios e de gravadores, entretanto há relatos e documentos de comunicações recebidas por: fax, televisão, telefone, computador (imagens, sons, texto, etc), além de por aparelhos especialmente desenvolvidos com essa finalidade, como foi o caso dos Spiricoms Mark I a Mark IV, desenvolvidos pela equipe do Sr. George W. Meek na década de 1980.

A maioria dos pesquisadores da TCI, acreditam ou não acreditam, que os espíritos estejam por detrás destes acontecimentos?

Pelo fato de os próprios comunicantes se identificarem como Espíritos, acreditam em sua maior parte. Entretanto verificamos que, como não se tratam, também, em sua maior parte, os comunicantes de Espíritos Superiores, ao contrário, possuem também acanhado conhecimento sobre os processos da vida espiritual, passando não raro seu ponto de vista pessoal sobre a realidade em que vivem, numa visão muitas vezes reducionista.

Isso ocasiona uma noção de “Espírito” muitas vezes longe da sublimidade, coerência e direção dada pelos Espíritos responsáveis pela Codificação Espírita. Por tudo isso recomendamos com fortíssimo empenho a leitura de O Livro dos Espíritos e de O Livro dos Médiuns pelo menos, antes da busca de informações de outras fontes espirituais. 

Acreditamos que os Espíritos que hoje se comunicam pela TCI têm importante papel desbravador, como tinham os Espíritos que giravam as mesas há 150 anos atrás, abrindo caminho para a busca da compreensão, beneficiando-se e permitindo que, com a técnica apurada, no futuro, espíritos mais esclarecidos a utilizem para suas comunicações. “Não creiais em todos os Espíritos, mas experimentai primeiro se eles vêm de Deus”, nos disse João Evangelista.

O que falta para que estes fatos sejam considerados como provas comprobatórias da imortalidade da alma? Que dia poderá ser?

Decerto que a aplicação de método científico no estudo da TCI, com a assinatura de pesquisadores de comprovada seriedade, que é o que buscamos por exemplo no GEPEC, auxiliará na crença desses fenômenos, do ponto de vista científico. Um processo que utilizará as críticas como realimentação para novos experimentos, quando forem expostos à comunidade científica. 

A generalidade dos fatos e sua multiplicação têm sido estrondosas, também contribuindo para que o senso comum aceite a existência e sobrevivência do Espírito, realizando grande papel no processo de modificação do paradigma do mundo do materialismo ao espiritualismo. 

Mas somente pelo coração sincero – e por isso os mais simples foram os que seguiram Jesus – poder-se-á aceitá-los não no sentido exterior, mas interior, verificando que os Espíritos se comunicam com uma finalidade: lembrar ao homem que ele é filho de Deus e que Deus pede dele amor, paciência, compreensão e paz, para que a mente e o coração possam evoluir em busca da felicidade. 

Qual é o mais recente, o mais moderno meio de comunicação da TCI, atualmente?

Têm-se obtido muitas comunicações por meio de computadores (mais moderno?), em forma de fotos, som e textos, que comprovam não só a existência como a identidade positiva dos Espíritos. Temos visto, entretanto, em muitos casos que, por falta de uma equipe técnica especializada de técnicos e engenheiros da área, a aparelhagem eletrônica tem sido somente utilizada e não estudada ou melhorada.

Dessa forma, podemos dizer que a melhor adaptação vem do Plano Espiritual. No Plano Físico poderíamos também, com maior dedicação, facilitar essa comunicação e, aí sim, a nosso ver, poderíamos chamar, a despeito do que diz a tecnologia material, essas pesquisas, no sentido da TCI, de “modernas”.

Em que estão trabalhando, atualmente, os pesquisadores da TCI, para a comprovação da veracidade destes fenômenos? 

Temos notícias de pesquisas feitas por profissionais da área de processamento de sinais na análise dos dados colhidos, emitindo laudos e auxiliando na busca de indícios em gravações em áudio. Nossas notícias, no campo da pesquisa, encerram-se por aí. 

Como podemos adquirir vídeos, DVD’s em que mostram as imagens do mundo espiritual e de espíritos desencarnados?

O material disponível, conforme afirmamos acima, ainda encontra-se muito descentralizado e sem catalogação suficientemente feita para uma busca mais apurada. Entretanto recomendamos como bom repositório desses arquivos o site: http://www.worlditc.org. Brevemente o GEPEC estará lançando um site que conterá apontadores para vários desses repositórios e grupos, ordenados por gênero, data, com matérias, transparências e palestras. Aguarde.

A TCI tem que ser feita no centro espírita ou em qualquer lugar?

Depende do que se deseja. A Casa Espírita é o local onde tem-se ambiente espiritual preparado para atividades dessa ordem, contando com orientação segura, proteção fluídica e aparelhagem mediúnica que facilitam sobremaneira o trabalho, inclusive auxiliando-o. Se seu desejo é desenvolver um trabalho que utilize o conhecimento espírita, respaldado por esse mesmo conhecimento, realizar pesquisas sérias eventualmente com o auxílio dos próprios Espíritos, por meio da mediunidade, certamente a Casa Espírita é o local ideal. 

Se, entretanto, tem seu desejo voltado para a simples experimentação, sem se importar com o fato de ser enganado por estar isolado, vinculando-se apenas ao empirismo, qualquer lugar lhe servirá, já que sempre haverá Espíritos dispostos a comunicar-se. O GEPEC preferiu a primeira alternativa.

Qual a causa das imagens não saírem tão nítidas? Existem imagens bem nítidas?

Falta de aparelhagem específica. Falta de estudos que permitam conhecer a influência mental sobre o ruído gerado pelos aparelhos. Falta de médiuns educados para esse tipo de trabalho. Falta de ambiente espiritual equilibrado.

Por isso entendemos que a pesquisa espírita séria, realizada por especialistas em ambiente preparado para tanto, suprirá essas dificuldades, que dificilmente seriam supridas por empirismos de origem pessoal, movidos pela curiosidade. Há imagens mais nítidas e menos nítidas, vozes mais claras e menos claras, tudo dependendo dos fatores acima estarem mais ou menos ajustados.

Qual o maior tempo de duração das imagens? Qual a média?

Na televisão, questão de décimos de segundos a poucos segundos, normalmente, até que a energia ectoplasmática necessária para impressionar o fósforo ativado se esgote. Variável segundo os parâmetros citados na resposta anterior.

Os grandes cientistas da Europa e dos Estados Unidos realizam a TCI onde, num laboratório, num Centro Espírita ou em casa mesmo? E aqui no Brasil?

Em todos os lugares. Normalmente montam laboratórios em sua própria casa. Cabe ressaltar que são, em sua maioria, pesquisadores não espíritas. Aqui no Brasil há uma multiplicidade de formas. Algumas pessoas indicam que se deve realizar gravações buscando a TCI na própria casa. Somos franca e abertamente contrários a essa indicação aos espíritas, que indica, por si só, um desconhecimento não só do processo como da finalidade das comunicações espirituais. Alguns casos de obsessão iniciaram-se por conta dessa prática, a nosso ver, irresponsável, quando parte de um espírita.

Tem algum cientista oriental comprometido com a TCI?

Desconhecemos.

Há alguma informação de como são as atividades dos espíritos nos fenômenos da TCI? Eles, os espíritos, filmam, no mundo espiritual, com “câmeras” fluídicas e enviam para nós encarnados? É isso?

Sim, há. Esse tipo de questão é de fundamental importância para o entendimento do fenômeno em si e demonstra que quem a fez é realmente um pesquisador. Se mais pessoas buscassem as respostas a essas questões, seja pelo estudo próprio, pelo debate construtivo ou pelas informações dos Espíritos, a TCI estaria num grau muito mais adiantado do que se encontra hoje, fugindo à simples experimentação.

Os Espíritos nos informaram que para ocorrer o fenômeno da TCI são necessários:

(1) Doador ou doadores de fluido vital (médiuns de efeitos físicos).

(2) Aparelhagem no plano físico capaz de receber as comunicações.

(3) Aparelhagem no plano espiritual capaz de processar as mensagens de maneira a fazer a conexão com os aparelhos físicos. No Plano Espiritual há aparelhos, portanto, específicos para cada tipo de comunicação que desejam. No caso perguntado das imagens, as informações que temos são de que elas são formadas no Plano Espiritual, como uma tela estática, uma foto, num aparelho deles, e então é esse aparelho que, utilizando-se da energia vital dos médiuns presentes, é capaz de influenciar os aparelhos físicos, no caso a televisão, imprimindo diretamente sobre o fósforo ativado da tela e não sobre o tubo de raios catódicos, essa imagem, mais ou menos perfeita de acordo com os fatores já anteriormente abordados.

Qual a imagens ou mensagem da TCI que mais marcou, que mais chamou a atenção do senhor?

Em termos de nitidez de áudio, uma mensagem telefônica recebida por George William Meek vinda de Konstantin Raudive na década de 1980. Em termos de multiplicidade de equipamentos as imagens da menina Anne Guigne recebidas por Adolf Holmes em 1993.

Enviou pelo computador e pela televisão a mesma fotografia. Em termos de comprovação da identidade espiritual, a recente e nítida mensagem obtida pelo Sr. Clóvis Nunes e um grupo de médiuns no Congresso Espírita da Bahia, em novembro/2002, enviada pelo Espírito Astrogildo da Silva, juntamente com a recebida diretamente no computador por Mark Macy, enviada para seu esposo pela Sra. Jeannete Meek, dando detalhes pessoais de fatos da vida de ambos, de desconhecimento de todos do grupo.

Em termos de fenômeno, as experimentadas pessoalmente por mim, uma via telefone celular, onde o Espírito repetia incessantemente o meu nome e outra aparecida no fósforo de uma televisão quebrada com a identidade do recém-desencarnado primo do dono da casa para comprovar sua sobrevivência, num recado para a família. Enfim, em cada área da pesquisa há mensagens que deixam suas marcas. Somente com essa busca conseguiremos detê-las no sentido de entendê-las e poder explorá-las em toda a sua magnitude e significação.

O que são spiricom e vidicom?

Spiricom, de “Spirit” + “Communication”. Nome inventado pelo Sr. George William Meek para designar os aparelhos projetados por sua equipe (apelidados de Mark I, Mark II, Mark III e Mark IV, em ordem de desenvolvimento) buscando o contato com o Plano Espiritual. Somente o Mark IV e com a presença do médium William John O’Neil funcionou, mas com qualidade ainda muito ruim. Vidicom, de “Video” + “Communication”.

Nome inventado pelo casal Jules e Maggy Harsch-Fischbach, de Luxemburgo, orientados pelo Espírito “Técnico”, na década de 1980. Consiste em uma montagem de aparelhos já existentes, com uma câmera filmando uma televisão “fora de canal”. Algumas modificações foram feitas a esse sistema por exemplo pelo Sr. Adolf Holmes, que usou um esquema de vidicom realimentado, aumentando a qualidade das captações.

Há realmente diálogos pelo telefone, entre um encarnado e um desencarnado?

Sim, e o pioneiro no Brasil, então completamente cético e mesmo descrente de Deus, foi Coelho Neto. O Jornal do Brasil, edição de 07/06/1923, relata que ele havia declarado uma comunicação também por telefone entre sua filha Júlia e a neta, quando ele próprio teria podido ouvir pela extensão do aparelho. Coelho Neto depois disso iniciou seus estudos espíritas. Os contatos por telefone têm sido frequentes e normalmente possuem melhor audibilidade que por gravadores ou rádio. Nós mesmos já pudemos presenciar um desses contatos, espontâneos.

Quais os espíritos famosos já comunicaram pela TCI?

Não entendemos o sentido da expressão “espíritos famosos”.

Existe alguma imagem registrada do umbral?

Desconhecemos, mas convém lembrar que isso é possível, desde que o domínio sobre a técnica nenhuma relação tem com a superioridade moral dos comunicantes.

Por que as vozes na comunicação são difíceis de se compreender? Como é feito exatamente a comunicação quando utilizado um aparelho de telefone com uma extensão por iniciativa de um encarnado?

Sabe-se que os Espíritos não são nem vivem em espaços tridimensionais. São seres N-dimensionais que, para manterem contato com nós, encarnados, procuram meios de se fazerem entender em nossa acanhada terceira dimensão espacial.

Há uma ponte natural entre esses mundos que é feita por meio da própria encarnação dos Espíritos: o médium, enquanto Espírito, é um ser N-dimensional, capaz de, por si, captar e entrar em contato com entidades espirituais; e como homem é um ser tridimensional, capaz já, pela própria estrutura encarnada, traduzir suas percepções de Espírito para palavras, letras, etc.

Como sabemos que o contato mediúnico é Espírito a Espírito, explica-se porque seja, por vezes, tão mais simples e límpido, já que se aproveita de uma estrutura inerente à própria encarnação espiritual para fazer a tradução da realidade de dimensão N para dimensão 3 e possamos compreender suas ideias.

Quando falamos de Transcomunicação Instrumental estamos falando de uma influenciação que, embora também se utilize do médium, é menos natural que a última. Os tipos de ondas na dimensão espiritual são diferentes das nossas (eles percebem, segundo dizem, as nossas quase que como ruído de fundo).

É necessário que, do ponto de vista dele, trabalhem com sinais muitíssimo fracos e ruins, que são os que utilizamos. Por isso a dificuldade ainda de se compatibilizar o processo de codificação da vontade deles em ondas perceptíveis por nós. Trabalhamos com a hipótese que eles usam uma estrutura de sinais parecida com a utilizada por um sonar: modulação por ruído de fundo. Assim, eles poderiam tentar mexer num sinal para eles mais real e, ao mesmo tempo, ter mais controle sobre o nosso. Estamos em estudos ainda.

A Transcomunicação Instrumental veio para substituir os médiuns?

Se os médiuns se deixarem substituir porque exercem a mediunidade simplesmente como passiva comunicação, sim. A TCI virá substituí-los, porque é mais generalizada, possui pequeníssimo gasto energético e a interferência anímica é praticamente inexistente, dando maior limpeza à comunicação.

Cabe ressaltar que, tecnicamente, em reuniões como as de atendimento espiritual, o papel do médium como enfermeiro psíquico não será substituído. No entanto, sabemos que não é só a mediunidade, tecnicamente falando, que torna o médium um bom médium. Vide, por exemplo, Chico Xavier: pela mediunidade consolava, exemplificava, se colocava à disposição, usando-a como mecanismo de auxílio em conversas e mesmo na vida, no dia a dia. 

Um aparelho seria incapaz de fazer isso. Médiuns, encarem a TCI como mais um chamado a que exerçam a mediunidade de maneira santa: empregando-a como parte de sua vida para atingir o coração dos que sofrem, dos que pedem, dos que choram, tornando-se exemplos vivos de dedicação e caridade. A Instrumentação veio para que os médiuns deixem de ser somente instrumentos, ou “aparelhos”, mas disseminadores da Boa Nova.

É possível na TCI um espírito leviano imitar e responder em nome de outro espírito chamado?

Perfeitamente. Eis a importância de se ler O Livro dos Médiuns: entender e evitar esse tipo de acontecimento. Temos visto que algumas vezes, pelos teores das mensagens, os Espíritos se traem em sua própria elevação, quase que gracejando com os pesquisadores que não se mostram capazes de julgar-lhes as informações.

Quais são os temas das mensagens recebidas pelos pesquisadores da TCI, na Europa e Estados Unidos?

Mensagens sem cunho filosófico profundo. Informações de ordem técnica ou simplesmente chamando a atenção para a imortalidade da alma. Algumas outras, transmitidas por Espíritos notadamente pseudo-sábios, tentam desastradamente abraçar a filosofia, entrando em contradição em si mesma e com a própria Doutrina Espírita. Coisas como: “golfinhos são mais evoluídos que os homens” ou “nunca reencarnei e nunca vou reencarnar” ou “sou mais evoluído que Jesus”, entre outras bobagens, são ouvidas e, infelizmente, por ignorância da realidade espiritual, sem discussão aceitas, causando a diversão dos Espíritos enganadores.

Não foi o mesmo que ocorreu com as mesas girantes à época de Kardec? Os Espíritos designados para esse trabalho de desbravamento, embora muitas vezes profundamente dedicados e bons, são ainda simples e de acanhado conhecimento espiritual. As comunicações de ordem séria só virão quando, além da técnica desenvolvida, formarem-se cada vez mais grupos sérios.

Em todas as páginas de distribuição interna do GEPEC, colocamos uma citação do Livro dos Médiuns: “Que supondes sois, aos olhos dos Espíritos superiores, quando fazeis que uma mesa gire, ou se levante? Simples colegiais. Passa o sábio o tempo a repetir o ‘abc’ da ciência? Entretanto, ao ver-vos buscar as comunicações sérias, eles vos consideram como homens sérios, à procura da verdade.” (São Luís). Assim sempre nos lembramos de como devemos fazer para adquirirmos o interesse e o concurso de Espíritos Superiores.

A imagem do Paracelso numa cidade espiritual não seria uma montagem? Já foi comprovada que não é uma montagem?

Onde estão os métodos científicos da obtenção dessa imagem? Onde estão os laudos, as atas, o procedimento por que foi obtida? A incapacidade de buscarmos determinada comprovação muitas vezes esbarra na própria imperícia dos grupos, que não possuem documentação que outros grupos se preocupam em gerar, evitando coisas desse tipo. 

Se for uma montagem – e nunca descartamos nenhuma possibilidade -, isso não significa que o fenômeno seja falso. É por conta de um médico ou advogado ladrões que toda a classe dos médicos ou advogados deve ser condenada? Certamente não. Esta é uma apenas. Centenas de fotos foram recebidas por grupos sérios, como o Sr. Adolf Holmes. Nossa recomendação é que não se perca tempo com essa análise. Parta para a análise de resultados incontestes, já que o conjunto universo é tão amplo.

Houve alguma comparação, feita por técnicos, peritos em vozes, dessas vozes dos desencarnados com as deles mesmo quando encarnados?

Sim, segundo a Sra. Sonia Rinaldi em seu livro Espírito: o Desafio da Comprovação, foram feitas análises por engenheiros da área de processamento de sinais sobre as vozes e os resultados estão nele documentados. Segundo o site da Associação Nacional dos Transcomunicadores:

“É a primeira obra que retrata o esforço de se autenticar o fenômeno das vozes paranormais, conhecido como Transcomunicação Instrumental, em condições laboratoriais.” Não conhecemos a obra pessoalmente, mas sabemos da seriedade da busca da Sra. Rinaldi, levando à conclusão de que possa ser um bom ponto de partida nessa área.

Tem alguma estimativa de tempo para a aceitação dessas evidencias da TCI como provas da imortalidade da alma, por parte da ciência oficial?

A ciência oficial não se ocupa com as questões da TCI. Apenas pesquisadores dela, mais interessados nos fenômenos, se ocupam. Portanto, não há prazos, mas poderíamos, pela análise da velocidade com os resultados estão chegando, dizer que a popularização e aceitação geral do fenômeno e, mais, da realidade do Espírito, não tardará. Cabe agora a questão mais importante: uma vez que saibamos que os Espíritos estão conosco – coisa que a Doutrina Espírita já comprovou -, o que isso vai mudar em nossas vidas? É a melhora moral que realmente importa. Todo fenômeno é secundário.

O que a matemática tem a ver com essas pesquisas?

Pode auxiliar no levantamento das funções de transferência eletrônicas e na formação de modelos teóricos para as comunicações. Vejo, entretanto, a curto prazo, a matemática aplicada à engenharia eletrônica como mecanismo de entendimento. Posteriormente é possível que esse “breakthrough”, como se diz em pesquisa, possa trazer elucubrações maiores no campo da matemática pura. Não se sabe.

Eu gostaria de saber se há algum risco nestas comunicações?

Sim, há. O risco de fascinação, obsessão, como sempre ocorre em grupos que desconhecem o fenômeno mediúnico e a própria realidade espiritual. Por isso temos repetido incessantemente que o estudo da Doutrina Espírita vem dificultar esse processo de fascinação. A participação de pessoas experientes mediunicamente no grupo, o ambiente e a orientação da Casa Espírita, são fatores que minimizam esses riscos que ser enganados ou obsediados por Espíritos ainda pouco esclarecidos.

 A TCI não significa um retrocesso na relação entre encarnados e desencarnados, buscando colocar um aparelho qualquer entre ambos, pois era assim que se procedia no início do Espiritismo, através das mesas girantes, da cesta, da prancheta, até se chegar ao meio mais simples e consequentemente mais adequado, que é o envolvimento direto do espírito comunicante com o médium? Principalmente se levarmos em conta que quanto mais evoluído e desmaterializado o Espírito encarnado, mais simples, fácil e natural a sua relação com os desencarnados?

O erro está em entender a Transcomunicação Instrumental como uma finalidade ou um ponto ideal em termos de intercâmbio espiritual. Ela não é. Terá seu fim, logo que o próprio homem, começando pelos médiuns, comece a elevar-se na direção dos Espíritos Superiores, apurando a própria intuição na vida.

Então, o homem não precisará de quaisquer tipos de aparelhos e nem mesmo da comunicação mediúnica ostensiva, onde o Espírito precisa escrever ou falar pelo médium, ele estará em contato incessante com os desencarnados por meio da mediunidade natural, da intuição, porque espiritualmente comungará com os orientadores espirituais seu nível de entendimento. Será um contato entre amigos e ocorrerá sem qualquer necessidade de subjugação física.

É por conta disso que afirmamos anteriormente que o desenvolvimento da própria mediunidade sofrerá um abalo necessário, impulsionando o médium a viver aquilo que sente e a utilizar com sabedoria, ao invés de ser mero instrumento dos Espíritos. A TCI gasta muitíssimo pouca energia de fácil obtenção, praticamente elimina a interferência anímica e está chegando aos pontos materialistas e agnósticos do planeta, por onde futuramente virão mensagens de paz e harmonia.

Na comprovação da realidade espiritual é passo necessário. Por ela e pelos médiuns. Com isso teremos o seguinte cenário: TCI servindo de contato com os desencarnados e médiuns servindo como verdadeiros ativadores desses contatos, modificando e fazendo modificar a própria vida em direção a Deus. E o cenário ideal: todos podendo conviver mentalmente com os desencarnados por suas próprias potencialidades, sem necessidade de mediunidade como a conhecemos hoje, nem TCI, nem nada. 

Gostaria de saber se qualquer pessoa consegue fazer a transcomunicação e como proceder?

A probabilidade de, num grupo, se encontrar um médium de efeitos físicos capaz de doar fluidos para a TCI é muito alta. É, portanto, de grande possibilidade que alguém seja capaz de auxiliar no fenômeno da TCI. Os métodos de obtenção são descritos em diversos livros sobre o assunto.

Nós, entretanto, reafirmamos que somos francamente contrários a que essas experiências se desenvolvam sob o aspecto da curiosidade ou de cunho pessoal ou residencial. Se desejar realmente pesquisar, procure sua Casa Espírita, reúna um grupo de algumas pessoas igualmente interessadas, de preferência com técnicos e/ou engenheiros e médiuns experimentados e inicie os experimentos.

Estas mensagens não podem ser uma linha cruzada?

Podem, tanto assim que os próprios Espíritos a maior parte das vezes fazem questão de transmitir mensagens em várias línguas (uma mesma frase com três, quatro línguas diferentes no meio) e mostrarem fatos que comprovem a sua individualidade. Todo pesquisador sério primeiramente considera essa hipótese, mas que linha cruzada diria que é a neta desencarnada, dando detalhes da própria vida e conseguindo enganar um coração de um avô e de uma mãe? Que tipo de rádio transmissora de ondas curtas envia mensagens com o nome do destinatário e em várias línguas diferentes numa mesma frase? 

Por que não há mensagens grandes como um discurso, uma palestra? Quais os obstáculos para uma comunicação deste tipo, material e espiritualmente falando?

Os Espíritos são unânimes em dizer que o reservatório de energia é pequeno para isso. Com aparelhos mais especificamente desenvolvidos e médiuns mais aguçadamente treinados nessa prática, essa dificuldade diminuirá. Não foi assim também quando se utilizava a tiptologia e a sematologia para as comunicações, ainda na época das mesas girantes? Até que se chegasse a aperfeiçoar a comunicação por meio da psicografia e do treinamento dos próprios médiuns, as mensagens eram praticamente SIM ou NÃO ou então muito lacônicas.

Há alguma imagem com som também? Uma entidade aparecendo e falando?

Sim. A primeira imagem desse tipo foi conseguida pelo casal Jules e Maggy Harsch-Fischbach, de Luxemburgo, em 1 de julho de 1988 com aparelho de TV “quebrado” e sem antena externa. O Espírito comunicante foi Konstantin Raudive. De lá para cá outras tantas captações desse tipo foram conseguidas, porém muito mais raramente que outras.

Dois transcomunicadores podem receber a mesma mensagem?

Sim, desde que o Espírito seja capaz de fazer-se irradiar em ambas as direções, se for simultânea, como verificamos dentro das Casas Espíritas que dois médiuns recebem, simultaneamente, a mesma mensagem.

No Brasil ou no exterior, existe alguma pesquisa sobre a crenças das pessoas nos fenômenos da TCI?

Desconhecemos. Acreditamos que a TCI ainda não atingiu o interesse comum para que se pudesse formar opinião sobre ela. Essa pesquisa, hoje, seria mais do “não vi e não gostei”, refletindo muito mais o preconceito do que propriamente a reflexão.

Gostaria de saber se num futuro bem próximo, poderemos receber em nossos aparelhos de TV ou mesmo computadores, a imagem dos nossos entes queridos.

Perfeitamente. Os Espíritos não cansam de dizer isso.

Gostaria de saber o nome de um senhor que é filosofo e que escreveu um livro sobre TCI.

Konstantin Raudive, filósofo e psicólogo, um dos pioneiros da TCI, que reuniu consigo mais de 72 mil vozes gravadas e que hoje, desencarnado, continua ativamente trabalhando pela divulgação da TCI.

Como um espírito consegue fazer com que sua voz seja gravada? Como eles tem voz?

Eles não têm voz. Mas são capazes, principalmente se vinculados à Terra, imprimirem em seu corpo perispiritual a vontade de falar, que resulta na formação de um campo mental que é captado por um médium com “fala” ou, se utilizado um aparelho, como modificação das ondas para refletir a fala. A voz é, na realidade, sintetizada, a partir dessa vontade do Espírito de falar. No plano espiritual existem aparelhos que fazem essa transdução: do perispírito para o sintetizador de vozes físicas, modificando nossas ondas de “ruído branco”, imprimindo nelas a forma mais próxima possível de sua voz. Afinal, não é isso que o nosso aparelho fonador faz, sob o comando do cérebro?

Existem casos de “correspondência cruzada” com gravadores? Um espírito fala uma coisa num gravador e depois continua o que dizia em outro a quilômetros de distância?

Conhecemos esse fato com a mediunidade, não com a TCI. É um ramo de pesquisa que deverá se desenvolver muito a partir do momento em que a própria técnica de captação esteja melhor desenvolvida.

Em qual país há mais pesquisadores da TCI?

Hoje em dia nos EUA, praticamente toda a América Latina, Europa, Ásia e Oceania. Não temos notícias de pesquisadores na África, mas cremos que eles existam. Os Espíritos não elegem um país em especial para se comunicarem.

No Livro dos Médiuns – Segunda Parte – cap. II – Das Manifestações Físicas, item 61 diz,” para que o fenômeno se produza se faz necessário a intervenção de uma ou mais pessoas dotadas… presentes ou não…” A minha dúvida é a seguinte: podemos considerar a TCI como efeito físico?

Perfeitamente. É um fenômeno de efeitos físicos. 

Esta experiência pode atrair outros espíritos que não foram chamados? E se caso for eles podem se comunicar interferindo na mensagem?

Só o nível moral e a seriedade do grupo podem criar uma barreira às interferências espirituais. Daí a indicação de que a pesquisa seja feita dentro da Casa Espírita e dela participem médiuns experimentados no contato com os desencarnados, de maneira a evitar esse tipo de interferência que, segundo a história da TCI conta, eram muito comuns nos desenvolvimentos dos aparelhos.

O espírito que se manifesta na TCI vem até o local da experiência ou envia pelo fluido universal a mensagem?

Segundo os Espíritos, pode ocorrer de ambas as formas. O Sr. Friedrich Juergenson (1903-1987), pioneiro na pesquisa do EVP (Fenômeno das Vozes Eletrônicas), chegou às seguintes conclusões:

1) As entidades que operam as transcomunicações devem encontrar-se instalados em postos de comunicação situados fora do nosso espaço tridimensional e nem sempre podem nos ver ou saber onde estamos.

2) Há algum tipo de radar que serve para nos localizar, através de cujo feixe eles estabelecem contato. O radar é dirigido diretamente sobre o gravador por que querem se comunicar.

E que muitas vezes os Espíritos que estão se comunicando conosco nem sequer são capazes de nos ver, indicando que estariam em alguma “estação transmissora”. Outros casos, entretanto, temos da presença do Espírito no próprio local, já que neste mesmo local foi montado, no Plano Espiritual, laboratório específico para tanto. Deverá ser analisado o caso a caso.

Quais são os fatores mentais dos participantes que influenciam na TCI?

O Sr. André Luiz, pela psicografia de Chico Xavier, em sua obra Mecanismos da Mediunidade analisa de maneira fantástica a influência mental, inclusive fazendo as analogias com circuitos e componentes elétricos, o que facilitará profundamente o entendimento do fenômeno pelo pesquisador que assim o desejar.

A chamada “Corrente Mental” e o chamado “Circuito Mediúnico” são formados também por ondas que correspondem às vibrações mentais, pelos pensamentos, dos próprios participantes. Um grupo que, por exemplo, não tenha conhecimento para oferecer, pela união mental, aos Espíritos, poderá só receber comunicações muito rápidas – correspondendo a uma baixa capacitância mediúnica; o grupo que não tiver a mente ajustada numa mesma direção terá uma alta indutância mediúnica, impedindo o sinal de chegar corretamente.

Enfim, o grupo que não estiver ajustado ao trabalho e seus objetivos terá uma alta resistência mediúnica, fazendo com que a energia gasta seja desperdiçada, evitando o êxito da tarefa. Recomendamos fortemente a leitura desse livro. No início do ano de 2002 recebemos num grupo espírita, pela psicografia, a mensagem que transcrevo abaixo, e que versa exatamente sobre isso: 

“Deus nos ajuda. Jesus nos ampara.

 Meus caros amigos,

 Desejo vos alertar para que não desvieis de vossa meta.

Vossas reuniões devem primar por ambiente fraterno e de preces, com leitura harmonizante para antepreparação. Alguns companheiros bem intencionados vos dirão da suposta desnecessidade da vinculação da pesquisa com o que chamarão atavismos religiosos. Permiti-me, como orientação primeira, vos dizer da importância da unissonissidade psíquica. De nosso ponto de vista, para que entendais de maneira aproximada, as disfunções e diversidade de pensamentos funcionam como geradores de grande sensibilidade de ruído térmico impossível de ser cancelado por método eletrônico algum.

Bem sabeis, vos temos dito, que a substância ectoplasmática serve sempre de intermediária aos processos físicos. Isso equivale dizer que sem uma conexão psíquica adequada, de todo o grupo, será impossível ultrapassar um determinado e inaceitável grau de ruído. Desejo também vos lembrar que qualquer resultado satisfatório será conseguido utilizando com rigor o método científico, ou seja, isolando de maneira mais perfeita possível um fator para otimizar outro, podendo considerá-lo aproximadamente constante. 

Sendo assim, vos convençais que tanto para o nosso objetivo – da melhora do homem -, como para o vosso, o ambiente de cumplicidade de harmonia, disciplina e dedicação, regido pela prece é o único meio de conseguir resultados realmente chamados bons, em todos os sentidos. Estaremos posteriormente vos enviando detalhamentos. Por hora, eis o que é urgente para que não percamos todos nós nosso tempo. Jesus nos ampara.

Vosso irmão, W.”

A TCI já passou da fase de experimentações para a de trabalhos práticos, como acontece com as outras formas de comunicações com o mundo espiritual?

Ainda não. Uma coisa de cada vez.

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Nota do editor do site ‘Além da Ciência’: os artigos são de inteira responsabilidade de seus autores e não expressam, necessária e irrestritamente, a opinião e suporte deste website. O material está sendo disponibilizado aqui para estudo e pesquisa, sendo que cada um deve fazer o seu próprio julgamento.

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