Por James E. Alcock
Website Skeptical Inquirer, 21 de dezembro de 2004
Quando falamos em comunicação com os mortos, geralmente nos referimos a “médiuns” que falam pela gente com os mortos, ou que permitem que os mortos falem através de si. E se em vez disso os mortos pudessem falar conosco diretamente, sem intermediários?
Imagine por um momento que você é o morto, que seu corpo sucumbiu mas a sua mente/personalidade/alma sobreviveu. Você está surpreso com isso e quer contar aos outros, especialmente aos seus amigos céticos, tudo o que está acontecendo – você quer comunicar-se conosco.
Você não tem cordas vocais, portanto não consegue falar. Você não tem braços nem pernas ou quaisquer meios de mover objetos. Mas você é – como eles dizem – um “campo de energia.” Poderia você nos alcançar interferindo nos campos energéticos de aparelhos eletrônicos, de um rádio ou gravador de fita, por exemplo?
Mas se você fosse capaz de gerar alguns sons num gravador de fita, poderia alguém detectá-los, e prestar-lhes atenção? Geralmente é difícil detectar sinais fracos – e você nada mais é do que um espectro, um espírito, e provavelmente sem muita energia.
Contudo, há esperança para os seres humanos, como diz Ray Hyman, porque os humanos são os melhores detectores de padrões que existem. Detecção de padrões, neste exemplo, seria a habilidade de discriminar o sinal entre ruído. É exatamente isso que está acontecendo, segundo algumas pessoas. Se você escutar cuidadosamente, dizem eles, você pode ouvir as vozes dos mortos nas gravações de fita.
Num site da internet (www.hauntedhike.com) somos informados que a TCI (Transcomunicação Instrumental) é um processo em que trechos de voz ou vozes são embutidos na gravação em fita magnética através de um processo que ainda não é bem compreendido. A voz embutida do “fantasma” pode ser ouvida quando a fita é tocada num gravador de fita comum.
A internet (www.mdani.demon.co.uk) nos informa também que “As gravações tipicamente duram somente alguns minutos. Isto acontece porque é necessária concentração intensa para se ouvir as vozes na fita, que geralmente tem que ser tocada repetidas vezes para se decifrar as palavras. O uso de fones de ouvido é recomendado.”
A melhor maneira de entender o desenvolvimento da TCI é retroceder um pouco no tempo.
Com a ascensão do Espiritismo começando com as “batidas misteriosas” das irmãs Fox no século dezenove, têm havido muitas tentativas de “contato com os mortos” realizadas a título de estudos científicos.
Thomas Edison vislumbrou novas tecnologias, algumas das quais ele inventou, como um meio através do qual os espíritos poderiam tentar se comunicar conosco. Aparentemente, ele esforçou-se para fazer contato através de um tipo de aparelho fonográfico na década de 1890.
Então, no final da década de 1920, ele tentou fazer contato com os espíritos de defuntos queridos através de um certo tipo de equipamento químico. Diz-se que vozes de espíritos foram captadas pela primeira vez em gravações fonográficas em 1938, sete anos após a sua morte.
Contudo, foi com Friedrich Jürgenson (1903-1987) que o estudo da TCI realmente se inicia. Jürgenson era em alguns aspectos um homem da Renascença – arqueólogo, filósofo, linguista, um pintor que foi comissionado pelo Papa Pio XII, cantor de ópera, e produtor de documentários cinematográficos.
O interesse de Jürgenson em Transcomunicação Instrumental aparentemente começou quando, após ter gravado gorjeios de pássaros num gravador de fita, ele podia ouvir vozes humanas nas fitas, mesmo que não houvesse ninguém nas proximidades.
Este evento surpreendente naturalmente despertou seu interesse, e ele voltou sua atenção para realizar gravações do nada – ou seja, gravações feitas num lugar tranquilo sem ninguém por perto. Ele continuou a detectar vozes nessas fitas, e seus estudos levaram à publicação em 1964 do livro Rosterna fran Rymden (“Vozes do espaço”), traduzido para o português com o título de Telefone para o Além.
Subsequentemente ele reconheceu algumas das vozes apanhadas no seu gravador de fita, incluindo a da sua mãe, que o chamava pelo seu apelido carinhoso. Contudo, sua mãe já era falecida e lhe parecia natural presumir que ela estava se comunicando do além-túmulo. Assim, ele chegou à conclusão de que todas as vozes que ele havia gravado eram vozes de pessoas mortas. Em 1967 publicou Sprechfunk mit Verstorbenen (“Rádio-link com os mortos”).
O Dr. Konstantin Raudive (1906-1974), um estudioso de Carl Jung, era um psicólogo da Letônia que lecionava na Universidade de Uppsala na Suécia. Ele esteve absorvido em interesses parapsicológicos durante toda a sua vida, e especialmente com a possibilidade de vida após a morte, e se manteve em contato íntimo com os maiores pesquisadores psíquicos Britânicos.
Em 1964 Raudive leu o livro de Jürgenson, Telefone para o Além, e ficou tão impressionado que arranjou um encontro com Jürgenson em 1965. Ele então trabalhou com Jürgenson para realizar algumas gravações de TCI, mas seus primeiros esforços deram pouco resultado, se bem que eles acreditavam poder ouvir vozes muito fracas e abafadas.
Contudo, certa noite, quando ouvia uma gravação, ele escutou claramente muitas vozes e quando reproduzia a fita repetidas vezes começou a entendê-las todas – algumas em alemão, outras em letão, outras em francês. A última voz na fita – uma voz feminina – dizia “Va dormir, Margarete” (“Vá dormir, Margarete”).
Raudive escreveu posteriormente (em seu livro Breakthrough): “Estas palavras me causaram uma impressão profunda, pois Margarete Petrautzki tinha morrido recentemente, e a sua doença e morte tinham me afetado muito.” Atônito com tudo isso, ele começou então a pesquisar tais vozes por conta própria, e passou a maior parte dos seus últimos dez anos de vida explorando fenômenos de voz eletrônica.
Com a ajuda de diversos especialistas em eletrônica, ele gravou mais de 100.000 fitas de áudio, a maioria das quais foram realizadas sob o que ele descreveu como “condições estritas de laboratório”. Às vezes ele colaborava com Hans Bender, um parapsicólogo alemão muito conhecido.
Mais de 400 pessoas foram envolvidas em sua pesquisa, e todas aparentemente ouviram as vozes. Isto culminou com a publicação em 1971 do seu livro Breakthrough, anteriormente mencionado. Seu impacto foi tal que estes fenômenos são agora comumente conhecidos simplesmente como “vozes Raudive.”
Raudive desenvolveu diferentes abordagens para gravação de TCI, e ele se referia a:
1. Vozes de microfone: deixa-se simplesmente o gravador de fita rodando, sem ninguém falando; ele dizia que podia-se mesmo desconectar o microfone.
2. Vozes de rádio: grava-se o ruído branco (de fundo) de um rádio que não está sintonizado em nenhuma estação.
3. Vozes de diodo: grava-se a partir do que é essencialmente um receptor de cristal (diodo) não sintonizado em qualquer estação.
Raudive delineou várias características das vozes (conforme apresentadas em Breakthrough):
1. “As entidades que emitem as vozes falam muito rapidamente, numa mistura de línguas, às vezes com cinco ou seis línguas numa única sentença.”
2. “Elas falam num ritmo definido, que parecer ser-lhes forçado.”
3. “O modo rítmico impõe um estilo curto, telegráfico, às sentenças ou frases.”
4. Provavelmente por causa disso, “… as regras gramaticais são frequentemente abandonadas e abundam os neologismos.”
É claro que, para o cético, estas características são o que se pode esperar se na verdade as “vozes” são simplesmente interpretações errôneas de ruído “branco”, aleatório.
A TCI na atualidade
Os parapsicólogos sérios da atualidade praticamente não demonstram nenhum interesse em TCI, e trabalhos modernos na literatura parapsicológica não acham qualquer evidência de algo paranormal nessas gravações. Isso não desanima os fiéis, é claro. Dizem que há mais de 50.000 sites na Internet devotados à TCI. Aqui vai um exemplo (traduzido) da Internet:
“Em resumo, transcomunicação instrumental (TCI) é o processo de capturar mensagens do mundo dos espíritos, incluindo nossos entes queridos no Céu, usando um gravador de fita comum. Sim, alguém da sua família ou um amigo íntimo seu, falecido, podem gravar ou imprimir suas vozes na fita. A finalidade deste site não é explicar a TCI em detalhes, mas por favor sinta-se à vontade para visitar os links de aprendizado dados a seguir para obter maiores informações. Nosso site foi planejado para ajudar você, um iniciante, a obter sucesso com TCI.” (www.paranormalnetwork.com)
E agora afirmam que não é nem mesmo preciso ficar calado enquanto se faz as gravações – frequentemente as vozes aparecem no fundo enquanto se está gravando uma conversação. Considere estes exemplos de (www.paranormalnetwork.com):
Exemplos:
Voz do morto?
Aqui nos dizem para escutar uma voz feminina sussurrante dizendo “we all turn this way” ou “we all turn that way” gravada por “Karen and Jill” no túmulo de Edgar Allen Poe no dia do seu aniversário. (A parte importante da gravação é repetida cinco vezes para que você a entenda.)
Voz do morto?
No meio da gravação, dizem-nos que uma voz sussurra “Pat!”
Não há limite para os esforços que as pessoas farão para achar “vozes.” Por exemplo, afirmam que:
“Algumas vozes de espíritos ou entidades estão quase no nível do ruído de fundo; outras podem ser claramente ouvidas. Se a fala é difícil de entender, lembre-se que o espírito que fala pode estar falando numa língua ou dialeto que não é de uso comum hoje em dia. A voz pode também estar invertida, você precisaria de um computador para revertê-la e então conseguir ouvi-la.” (www.blueskies.org)
Um outro exemplo do entusiasmo e criatividade desenfreados associados com descobrir vozes está na American Association of Electronic Voice Phenomena. Seu website informa-nos que:
“A associação inclui pessoas que gravam vozes paranormais, imagens e informação de amigos e entes queridos do além através de gravadores de fita, telefones, equipamentos de fax, televisão, computadores e gravadores de vídeo.”
“A TCI tem sido abordada em publicações técnicas tais como Popular Mechanics e Wireless World. Foi recentemente mostrada num filme chamado “O Sexto Sentido”. Sarah Estep, uma das mais famosas gravadoras de TCI do mundo, tem comparecido a canais de TV a cabo tais como Discovery e Sci-Fi com suas numerosas gravações de TCI. O porquê da TCI continuar desconhecida pelo grande público, continua a nos causar espanto. A TCI pode proporcionar uma imensa sensação de conforto aos desolados pela perda de parentes, e fornecer provas documentadas aos investigadores do paranormal.”
E se surfarmos a web, cedo ou tarde achamos sites que oferecem à venda aparelhos que ajudam a obter gravações melhores!
Possíveis explicações
Bem, se as vozes não são espíritos, são o quê?
1. Modulação cruzada. Este é um fenômeno comum; eu tomei conhecimento dele pela primeira vez na década de 1960 quando o meu gravador de fita claramente captou uma estação de rádio local, que podia ser ouvida entre trechos das gravações. Mas Raudive descartou esta possibilidade, dizendo que não pode ser rádio já que nunca se escuta música ou outros elementos de transmissão radiofônica.
2. Apofenia. Esta se refere a um fenômeno perceptual comum onde percebemos espontaneamente conexões e encontramos significado em coisas que não possuem relação entre si. Em outras palavras, isso envolve ver ou ouvir padrões onde na realidade nenhum existe. Um exemplo visual são os testes de borrões de tinta do tipo Rorschach.
Nós podemos ser os melhores detectores de padrões que existem, mas nem todos os padrões que achamos têm qualquer significado objetivo. Contudo, uma vez que pensamos ter detectado um padrão, é difícil ignorá-lo, e geralmente o tomamos como significante.
Um exemplo comum de apofenia ocorre quando estamos tomando banho de chuveiro e erroneamente pensamos ter ouvido tocar a campainha da porta ou do telefone. O ruído branco produzido pelo chuveiro contém um largo espectro de sons, incluindo aqueles que caracterizam toques de campainha. O ouvido capta certos sons do espectro, e nós “detectamos” um padrão que corresponde grosso modo a uma campainha.
A apofenia é praticamente sinônimo do que tem sido chamado de pareidolia, uma ilusão envolvendo erro de percepção de um estímulo externo; um estímulo obscuro é visto como algo claro e distinto. Exemplos incluem casos tais como quando dezenas de pessoas no Novo México viram a face de Jesus numa tortilha em 1978.
Esta percepção, ou percepção errônea, não envolve esforço consciente ou algum estado mental particular, e a ilusão não se desvanece mesmo quando se presta maior atenção ao estímulo porque ele é tão ambíguo que não tem nenhum significado objetivo.
(Veja diversos exemplos em http://thefolklorist.com/)
Enquanto se possa aceitar a apofenia como uma explicação para vozes mal distinguíveis da estática, poderia ela explicar as “vozes claras” dos exemplos acima (como o caso da palavra “Pat” na fita)?
Em primeiro lugar, é evidente que as vozes estranhas, se realmente estão lá, poderiam ser o resultado de interrupções do ruído de fundo, propositais ou não, feitas por pessoas reais – as gravações não foram feitas sob qualquer tipo de condições controladas. Em segundo lugar, como discutiremos a seguir, é fascinante verificar como é fácil que nossos cérebros cheguem a interpretar certos padrões de ruído como palavras, desde que saibamos que palavras devem ser.
O que está acontecendo?
A percepção é um processo muito complexo, e quando os nossos cérebros tentam achar padrões são guiados em parte pelo que esperamos ouvir. Se você está tentando ouvir seu amigo numa conversa em sala barulhenta, seu cérebro automaticamente tira pequenas amostras de som e compara-as com algumas palavras correspondentes possíveis, e guiados pelo contexto, podemos muitas vezes “ouvir” mais claramente do que poderíamos esperar dos padrões de som que chegam aos nossos ouvidos.
Na verdade, é relativamente fácil demonstrar num laboratório de psicologia que as pessoas podem conseguir ouvir “claramente” mesmo vozes muito abafadas, desde que tenham na sua frente uma versão impressa que lhes diga que palavras estão sendo faladas.
O cérebro junta a dica visual e o sinal auditivo, e nós realmente “escutamos” o que estamos sendo informados está sendo dito, mesmo que sem aquela informação não poderíamos discernir nada. Indo um pouco além, podemos demonstrar que as pessoas ouvem “claramente” vozes e palavras não só no contexto de vozes abafadas, mas num padrão de ruído branco, um padrão no qual não existem nem vozes nem palavras de espécie alguma.
Uma vez que podemos rotineiramente demonstrar este efeito, é apenas parcimonioso sugerir que o que as pessoas ouvem com TCI é também o produto de seus próprios cérebros e de suas expectativas, e não as vozes de mortos queridos.
Podemos assim descrever as etapas do processo: somos informados que gravações em fita feitas sem ninguém por perto contém vozes misteriosas. Isto induz um estado mental que nos motiva a tentar discernir vozes.
Ou seja, devemos presumir que deve haver algo lá, ou não gastaríamos nosso tempo ouvindo. Se outros nos contaram o que as vozes parecem dizer, esta expectativa influencia nossa percepção auditiva, de modo que nossos cérebros “casam” pedaços de ruído branco com as palavras que esperamos ouvir.
Evidentemente, se reproduzimos o mesmo pedaço de fita repetidas vezes, como é explicitamente recomendado em alguns websites citados anteriormente, e se focalizamos nossa atenção ao máximo no “ruído” (talvez escutando com fones de ouvido, ainda como recomendado pelos websites), então nós não somente aumentamos a probabilidade de discernir vozes se estiverem realmente lá, mas nós maximizamos a oportunidade para que o aparelho perceptual no nosso cérebro “construa” vozes que não existem, detecte padrões que combinem com nossas expectativas.
Então, uma vez que “ouvimos” vozes, fica fácil, dado o estado mental usualmente envolvido, atribuí-las a indivíduos mortos. Esta interpretação provavelmente produzirá uma reação emocional impressionante e uma vez que agora ouvimos aquilo que pretendíamos ouvir (a expectativa se realizou) nossa crença na realidade das vozes dos mortos cresce, e isso pode ser recompensador de vários modos. Tal resultado provavelmente aumentará a expectativa de que ouviremos mais vozes na próxima vez que escutarmos tais fitas.
Como desiludir o crente
Como pode alguém que ouviu as vozes ser persuadido a ser mais crítico e examinar possibilidades mais mundanas?
Uma discussão racional, ponderada, é raramente útil porque evidência clara ou lógica não está envolvida. Os crentes relatam uma experiência que foi altamente significativa e talvez altamente emocional para eles – não algo que é facilmente contestado pela lógica. Além disso, existe uma auto-seleção de gente predisposta a acreditar – as vozes são compatíveis com o seu sistema de crenças.
Lembre-se – nós processamos informação em dois diferentes modos, através de duas partes do nosso cérebro e sistema nervoso mais ou menos separadas.
De um lado, parte do nosso cérebro trabalha num nível muito intuitivo/emocional/automático, e por outro lado, a outra parte do nosso cérebro trabalha de acordo com a lógica e racionalidade que desenvolvemos ao longo de nossas vidas. Esses dois sistemas produzem frequentemente resultados contrários, e isto especialmente acontece quando fenômenos paranormais estão envolvidos.
O “crente” remove a contradição alinhando o intelecto com a interpretação intuitiva, isto é, vindo a aceitar o paranormal – neste caso, as vozes – como realidade e desse modo remodelando o entendimento intelectual do mundo de tal modo que a crença em tais fenômenos pareça ser racional.
Com o tempo, desenvolve-se um sistema de crenças impenetrável que é suportado por uma base de experiência pessoal muito substancial (interpretada de tal maneira a suportar a crença paranormal), assim como evidência anedótica fornecida por outros.
É muito difícil mudar tais crenças profundamente arraigadas, especialmente se elas incluem um componente emocional significativo. Considere este exemplo: em meu trabalho como psicólogo clínico, um pai queria que eu “curasse” seu filho gay.
Eu perguntei-lhe até que ponto seria fácil para mim transformá-lo (o pai) numa pessoa gay? “De jeito nenhum!!!,” disse ele. Eu lhe disse que eu provavelmente teria o mesmo grau de dificuldade para transformar seu filho em heterossexual como teria de fazê-lo, o pai, virar gay.
Felizmente ele compreendeu e passou a aceitar seu filho do jeito que ele era. Meu argumento é este: quando perguntamos como transformar crentes em céticos, vamos em vez disso perguntar: “Quão fácil seria para mim persuadir você de que vozes numa fita são realmente espíritos dos mortos?” Bem, isso é provavelmente tão fácil quanto seria persuadir crentes devotos de que suas crenças acerca das vozes estão erradas.
O que as vozes Raudive nos ensinam é que pessoas inteligentes – pois Raudive era sem dúvida um homem inteligente – podem vir a acreditar fervorosamente em fenômenos que com toda a probabilidade não existem. Há nisto uma lição para todos nós, pois certamente poderíamos estar enganados em algumas das nossas convicções profundamente arraigadas.
É por isso que devemos confiar na ciência como o caminho para a verdade, e não em experiência pessoal e relatos anedóticos de outras pessoas. A ciência, com sua dependência de dados e sua insistência na procura de fontes de erro e explicações alternativas, provê o melhor método que os humanos produziram para proteção contra erro e autoilusão. Os fenômenos de TCI são produtos da esperança e suposição; as histórias encolhem sob a luz do escrutínio científico.
——
James E. Alcock é professor do Departamento de Psicologia no Glendon College, Universidade York em Toronto, Canadá. Ele é membro do CSICOP e um regular contribuidor do magazine Skeptical Inquirer. Artigo traduzido pelo site Paranormal e Pseudociência em exame. Tradução autorizada do artigo original “Electronic Voice Phenomena: Voices of the Dead?” de James E. Alcock.
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