Ao redor do mundo pessoas dizem ter vivenciado incidentes insólitos com seus computadores pessoais. Alguns desses episódios são descritos muitas vezes como acontecimentos esporádicos ou ocorridos por um breve período de tempo, para logo depois o fenômeno cessar.
Há um livro específico sobre este assunto que foi publicado no exterior, chamado de Vertical Plane: the mystery of the Dodleston messages – a bizarre record of communication through time (Plano Vertical: o mistério das mensagens de Dodleston – o registro bizarro de comunicação através do tempo, Londres, Gafton Books, 1989).
Escrito por um professor inglês chamado Ken Webster, ele narra basicamente suas “experiências paranormais” com o uso de um computador. Este livro foi também traduzido ao português pela editora Edicel com o título de Os mortos comunicam-se por computadores?.
Um contato temporal?
As ocorrências narradas por Ken Webster são extremamente bizarras, pois entre o ano de 1984 e 1986 ele disse ter recebido em seu computador mensagens eletrônicas de um indivíduo chamado Tomas Harden, que dizia viver no passado, no século XVI.
Segundo Webster, essa pessoa residia no passado no local onde atualmente era a sua casa. Com um simples computador em sua residência, Webster alegava que havia conectado o passado com o presente ao conversar com este indivíduo.
Ao mesmo tempo, por meio dos acontecimentos descritos nas mensagens eletrônicas, Webster dizia que estava interferindo no passado ao causar uma grande confusão para o povo daquela época, que não entendia como aquela comunicação eletrônica estava se processando.
Aqui no Brasil pouquíssimos relatos com computadores “assombrados” são descritos na literatura, apesar dessas ocorrências não serem relatadas com frequência e nem terem sido muito bem estudadas — sequer eficientemente documentadas. Porém, nenhuma dessas ocorrências envolveu indivíduos que diziam estar se comunicando com alguém do passado.
De volta para o futuro, o filme
Aos olhos mais desconfiados, essa história descrita por Webster parece apenas pertencer ao reino da fantasia e lembra de relance o clássico filme De volta para o futuro. Nesta ficção o protagonista Marty McFly (interpretado pelo ator Michael J. Fox) voltou ao passado.
Um dos desafios na sua jornada temporal era fazer com que seu pai encontrasse com sua mãe para que iniciassem um namoro — caso contrário ele não nasceria no futuro.
A diferença do episódio descrito por Webster com o filme da ficção hollywoodiana era de que não aconteceu uma viagem temporal física dele, e sim uma alegada comunicação temporal por mensagens recebidas via computador.
A investigação dos parapsicólogos
Integrantes da Society for Psychical Research (Sociedade de Pesquisas Psíquicas, SPR) pesquisaram essas inusitadas ocorrências descritas por Webster, visitando a sua casa para averiguação, porém não conseguiram obter alguma conclusão razoável dos acontecimentos.
Numa análise baseada na leitura da história descrita em seu livro, a conclusão preliminar não deveria prontamente descartar a existência de uma possível fraude neste episódio. Porém, a investigação da SPR não encontrou nenhuma prova que incriminasse tanto Webster quanto sua namorada na época, de nome Debbie Oakes, que é apresentada como um personagem que presenciou os acontecimentos inusitados.
Uma história do imaginário ou algo a mais?
Será que existiriam as tão especuladas “fendas temporais” descritas pela física teórica? (Algo como “vias temporais” em que poderíamos acessar o passado.) Ou toda essa história narrada por Ken Webster não passa da mais pura e elaborada fantasia?
O caso foi tratado em 1996 em um dos episódios de uma série da BBC1 chamada Out of this world, que fez uma dramatização com atores dos acontecimentos descritos no livro.
Neste episódio o psicólogo britânico Richard Wiseman também entrevistou o casal Webster e Oakes, que naquela oportunidade já não mais preferiam se mostrar, concedendo a entrevista de costas, sem mostrar o rosto. O documentário não encontrou evidências de fraude.
Este é um caso absolutamente bizarro e atípico. Ao olharmos para ele devemos avaliá-lo com a visão crítica, pois para obtermos juízo da existência de algum eventual fenômeno novo, o campo da pesquisa do paranormal não deve ser calcado apenas em uma única ocorrência, e sim em pelo menos várias delas.
O que Ken Webster alegou ter acontecido em sua vida é único e aparenta aos olhos minimamente desconfiados uma história imaginada de ficção científica. Por isso, a autenticidade da sua narrativa sempre permaneceu sob suspeita.
Referências
[1] De volta para o futuro. Direção: Robert Zemeckis. Produção: Steven Spielberg. Distribuição: Universal Pictures. Estados Unidos, 1985. 116 min.
[2] Out of this world. Londres: BBC1, 20 ago. 1996. Programa de TV.
[3] SENKOWSKI, Ernst. Instrumentelle transkommunikation: dialog mit dem unbekannten. 3. ed. Frankfurt: R. G. Fischer, 1995.
[4] WEBSTER, Ken. Os mortos comunicam-se por computadores? Tradução de Harry Meredig. Sobradinho, DF: Edicel, 1999.
Raphlilx, se a explicação dos cientistas “céticos” é a de que “não há ainda explicação para o fenômeno”, isso não significa que eles estejam desprezando o mesmo, mas apenas o fato de que a ciência Atual ainda não tem um explicação racional / empírica para o mesmo, mas, ao mesmo tempo, e ao menos até uma próxima investigação foi descartado a hipótese de fraude, o que significa q o fenômeno pode merecer nova atenção e novas investigações.
Quero deixar claro que não estou afirmando nem contradizendo o fenômeno reportado na matéria. Esclarecido esse ponto, gostaria de dizer que ainda não entendi o motivo pelo qual alguém que está diante de um fenômeno anômalo recorre a instituições com a Society for Psychical Research ou Cientistas para encontrar explicações. Tanto um quanto outro só se satisfazem com a explicação de fraude. Em suma, eles vão em busca de fraude, quando não encontram elementos para comprovar está hipótese, afirmam que “não conseguiram obter alguma conclusão razoável dos acontecimentos.”
Resumindo, os caras vão pesquisar um determinado fenômeno enviesados para uma conclusão: Fraude. Caso contrário a explicação é que não tem explicação.