Na Transcomunicação Instrumental (TCI) denominam-se as imagens dos alegados mortos — obtidas através de aparelhos eletrônicos — de “transimagens” ou mesmo “transfotos”. Existem diferenças entre os dois termos: uma transfoto seria realmente uma fotografia batida por uma máquina fotográfica e que, na revelação, apareceu algo que supostamente seria de “outro mundo” — do “mundo dos mortos”, como se diz popularmente.
Uma transimagem é um termo mais genérico e que poderia também englobar a transfoto, ou seja, qualquer imagem de suposta origem paranormal. No entanto, para caráter estritamente técnico a transimagem não seria exatamente uma fotografia obtida por uma câmera, mas uma imagem conseguida por outros meios eletrônicos. Uma transimagem poderia, portanto, ser uma imagem capturada por uma televisão, pelo computador ou pelo fax.
Não se deve, por exemplo, confundir uma transfoto com uma fotografia normal, como as obtidas por William Crookes (1832–1919) do dito espírito Katie King. Uma transfoto tem a característica do espontâneo, do imprevisível. Resumindo em uma frase, diríamos que toda transfoto pode ser uma transimagem, mas nem toda transimagem pode ser uma transfoto.
Neste artigo estaremos dando uma olhada crítica em algumas transimagens que ficaram famosas na área da Transcomunicação Instrumental, seja pela sua aparição pioneira, seja pela importância dos seus personagens e as circunstâncias envolvidas na captação.
Comparando a fotografia de Konstantin Raudive em vida e do “Além”
Neste artigo, quando nos referimos ao termo “transimagem”, não queremos introduzir, a priori, que ela tenha sido enviada do Além, e sim que apenas estamos didaticamente a diferenciado da sua oposta “imagem” (plenamente terrestre). Para iniciar vamos observar a famosa transimagem do pesquisador letão Konstantin Raudive (1909–1974), obtida em 01 de julho de 1988 pelos pesquisadores Maggy e Jules Harsch-Fiscbach, em Luxemburgo.
Quando a imagem apareceu na televisão dos pesquisadores estava também presente na sala o pesquisador Ralf Determeyer e, pela primeira vez, o áudio veio simultaneamente com a imagem. (Anteriormente só eram obtidas imagens sem qualquer som simultâneo ou sons sem qualquer imagem simultânea — esta seria a experiência pioneira com a imagem fixa na tela da TV e o áudio saindo pelos alto-falantes da mesma.)
A aparição não demorou mais do que dois minutos, e mais dois minutos adicionais mostravam apenas a imagem fixa. A imagem que apareceu na tela pode ser vista na figura 1 abaixo, à direita:
No momento da “transmissão” (que pode ser considerada como um transvídeo, já que veio pela televisão) o próprio Raudive falou sobre a sua imagem: “Resolvi transmitir um retrato meu, que me mostra aqui, onde estou agora, nesta margem do Rio da Eternidade […]”.
Segundo os pesquisadores citados anteriormente, Raudive encontra-se em um planeta chamado Marduk — um lugar para onde vão algumas pessoas quando morrem —, e tal planeta não se encontra no nosso Universo, pois estaria separado de nós pelo tempo e espaço.
A transimagem quer demonstrar que Raudive esteja em Marduk, na margem de um grande e único rio que corta todo planeta, o Rio da Eternidade. Considerando-se a idade quando faleceu, aos 65 anos, nessa transimagem Raudive está muito mais jovem. Curiosamente, ele também aparece de óculos.
A polêmica começa quando comparamos essa transimagem com uma fotografia sua em vida (figura 1, à esquerda). Essa foto consta no seu próprio livro Das Unsichtbare Licht (A Luz Invisível), publicado em 1956, data em que Raudive estava com 38 anos de idade.
Numa primeira olhada notam-se semelhanças entre as duas imagens, e alguns livros de Transcomunicação Instrumental têm reproduzido as duas imagens, uma ao lado da outra, para comparações no estilo “antes vivo, depois morto”. No entanto, estes livros têm apenas se referido que existem “semelhanças” entre as duas, porém destacam que as mesmas não são idênticas, ou seja, não são a mesma imagem — uma cópia da outra.
A verdade não parece ser bem essa. É surpreendente, mas ao que parece ninguém tem feito uma análise mais apurada dessas imagens e verificado a alegação. Desde 1988 tem se acreditado e divulgado que as imagens não são as mesmas, de que apenas apresentam semelhanças. Resolvemos destrinchar com acuidade as duas imagens, partindo dos originais reproduzidos em livros sobre o tema.
A figura 1 representa o estado inicial de como são os originais, com Raudive em vida com a cabeça inclinada para baixo e para a direita. A imagem de Raudive “morto” também apresenta sua cabeça inclinada para baixo, com a diferença de que está para a esquerda. Na figura 2 é apresentada nossa análise comparativa de todo o conjunto:
Nessa análise a fotografia de Raudive em vida (à esquerda) foi espelhada, alterada em brilho e contraste, um pouco dilatada e igualada em tamanho aproximado com a transimagem. Já na transimagem não foi em nada alterada, permanecendo como no original.
As semelhanças são notáveis, podendo-se chegar à conclusão, nunca dita antes, de que seguramente é a mesma imagem. Dito por outras palavras, a transimagem é uma cópia levemente alterada da fotografia de Raudive vivo; é como se recortasse a cabeça de Raudive, na foto, e a colasse em outra paisagem — no caso a do planeta Marduk.
A iluminação no rosto é a mesma nas duas fotografias, provocando sombras exatamente iguais, como se observa no ponto 5. A sombra dos óculos (ponto1), a sombra da base do nariz (ponto 2) e a sombra na extremidade do nariz (ponto 3) são coincidentes. A área sombreada mais interessante é o ponto 4, por ter uma forma distinta exatamente igual ao da transimagem.
Na fotografia em vida, Raudive está de paletó, mas na transimagem não é possível ver a roupa que ele está vestindo, devido a sua cabeça se situar na extremidade inferior direita da tela da televisão. Entretanto, a área branca indicada no ponto 8, que é o colarinho do seu paletó, também existe na transimagem. Seria esta área o colarinho ou o fundo branco da paisagem?
Cremos que seria mesmo o colarinho, devido ao prolongamento do pescoço. Um detalhe de aparente dessemelhança entre as duas imagens seria o indicado no ponto 6, onde seu cabelo tende a cair na testa mais acentuadamente do que o da fotografia.
No entanto, a fotografia em vida mostra o mesmo delineamento do cabelo. Notamos apenas que o cabelo não está mais prolongado sobre a testa, o que poderia ser explicado quando a transimagem foi produzida, provocando uma distorção da foto original.
Numa última observação deve-se notar que o que chamamos de “ponto de falha” (ponto 7, uma diminuta região branca nesta região do cabelo), aparenta ser uma “falha” no transvídeo, porém este detalhe só é bem visto em uma imagem de melhor resolução do que as apresentadas neste artigo. Essa “falha de pixels” no cabelo traria a ilusão de que a extremidade dele terminaria na testa, em forma pontuda, o que em tese se apresentaria exatamente como na foto em vida.
Enfim, se as imagens são as mesmas — por apresentarem sombras e iluminação exatamente coincidentes —, isto indicaria que houve fraude executada pelo casal de pesquisadores Jules e Maggy Harsch-Fiscbach? (Lembrem-se, a mensagem de Raudive dizia que ele estava enviando um retrato seu do local onde se encontrava agora, ou seja, no mundo dos mortos — dos falecidos do planeta Terra.)
Por que seu retrato de lá é exatamente o mesmo retrato de quando estava vivo aos 38 anos aqui na Terra? À primeira vista qualquer pessoa de bom senso afirmaria que a transimagem não passa de uma fraude evidente, de uma manipulação de uma fotografia existente. Voltaremos a estas questões posteriormente.
Comparando a fotografia do físico George Mueller em vida e do “Além”
Seguiremos com a análise de outra transimagem também muito famosa: a do Dr. George Jeffries Mueller (1906–1967). Mueller era um físico americano com várias qualificações, dentre elas a de doutor em física experimental pela Universidade de Cornell, local onde também lecionava.
Ele faleceu em 31 de maio de 1967 e, posteriormente, foi o principal protagonista do projeto SPIRICOM na década de 70, quando o engenheiro eletrônico americano e chefe do projeto George W. Meek (1910–1999) pretendia criar um aparelho para comunicação bidirecional e audível em tempo real entre os mortos e os vivos. Mueller seria um dos espíritos que apareceram no projeto SPIRICOM, contribuindo com algumas informações de como melhorar e aperfeiçoar o sistema.
O alegado espírito de Mueller posteriormente se retirou, não sendo mais possível ao SPIRICOM “captá-lo”. Somente anos depois o espírito de Mueller reaparece no cenário da TCI, desta vez para o pesquisador alemão Adolf Homes (1935–1997), na década de 90.
Mueller apareceu na televisão de Adolf em 22 de abril de 1991 e, posteriormente, em anos seguintes, outros registros foram feitos através de seu computador e rádio. Porém, a única transimagem obtida foi a exatamente a da data citada. A transimagem é apresentada logo a seguir na figura 3, à direita. A fotografia de Mueller em vida é apresentada à esquerda para comparação:
foram feitos através de seu computador e rádio. Porém, a única transimagem obtida foi a exatamente a da data citada. A transimagem é apresentada logo a seguir na figura 3, à direita. A fotografia de Mueller em vida é apresentada à esquerda para comparação:
Livros de TCI tem apenas apresentado a transimagem sem maiores análises e estudos, nem mesmo se referindo que ela é altamente semelhante a uma fotografia de Mueller em vida. A fotografia de Mueller, que está à esquerda, foi obtida pelo pesquisador George Meek quando realizava suas pesquisas com o SPIRICOM na década de 70.
Através do SPIRICOM o dito espírito de Mueller forneceu inúmeros dados de sua vida como prova, e George Meek foi atrás para checá-los. Dentre suas verificações, ele obteve esta fotografia nos arquivos da Universidade de Cornell, onde Mueller trabalhou.
Esta é a única fotografia de Mueller que Meek divulgou ao mundo (se é que ele tinha outra, o que parece que não) e é a única reproduzida em diversos livros de TCI. Quando comparada com a transimagem obtida por Adolf Homes, em 1991, esta fotografia é exatamente igual a ela. Vamos analisá-la melhor:
Nessa análise a fotografia de Mueller em vida (à esquerda) foi alterada em brilho e contraste, e igualada em tamanho aproximado com a transimagem. Já a transimagem não foi alterada, permanecendo como no original. As semelhanças são notáveis, podendo-se chegar à conclusão, antes nunca dita, de que seguramente é a mesma imagem. Dito por outras palavras, a transimagem é uma cópia levemente alterada da fotografia de Mueller vivo.
A direção da iluminação é a mesma, provocando sombras coincidentes, como a sombra na ponta do ouvido (ponto 1), a sombra dos óculos (ponto 2), e a sombra embaixo do lábio inferior (ponto 6). A área iluminada na bochecha esquerda é também muito semelhante (ponto 4), sem contar que toda iluminação do rosto se ajusta conforme a transimagem.
Um detalhe interessante e denunciador é a expressão facial de uma risada graciosa posando para a foto (ponto 5). A mesma expressão de risada ocorre na transimagem do espírito de Mueller. O ponto 3 seria notavelmente o de maior destaque, por apresentar uma sombra peculiar do nariz — uma área sombreada quase circular que se prolonga até próximo ao queixo.
Existem outros pontos iguais no conjunto da imagem, contudo estes já são suficientes para chegar à conclusão que as imagens são as mesmas. Observamos, apenas, dessemelhança maior na cor dos óculos, pois na transimagem ele não é preto. Entretanto, a diferença não seria empecilho para modificações na sua cor.
A seguir, na figura 5 as duas imagens em modo negativo para uma melhor visualização de outros detalhes semelhantes:
Por que um espírito enviaria uma imagem exatamente igual de uma fotografia sua em vida? Por que não enviou outra foto sua que tirou em vida, ao invés de mandar a mesma foto encontrava nos arquivos da Universidade de Cornell? (Esta fotografia é justamente a única em que pesquisadores de todo o mundo conhecem porque foi apresentada por George Meek na década de 70.)
Ato contínuo, qualquer pessoa com mínimo bom senso pensaria numa fraude: o pesquisador Adolf Homes (já falecido) utilizou esta única foto conhecida e fez algumas adulterações, apresentando-a como vinda do Além, do espírito de Mueller. Será mesmo? Veremos em detalhes posteriormente.
Algo também suspeito é que George Mueller não foi o único dito espírito a se comunicar pelo SPIRICOM. Outros, como o espírito usando um pseudônimo de “Doc Nick”, foi o primeiro a ser ouvido pelo aparelho. Entretanto, nenhuma foto em vida foi apresentada por George Meek na década de 70 deste enigmático “Doc Nick”. Será por isso que não temos hoje uma transimagem de “Doc Nick”, e apenas temos a de George Mueller no projeto SPIRICOM?
Comparando a fotografia do abade Alois Wiesinger em vida e do “Além”
Seguiremos com a análise em outra transimagem também muito famosa: a do abade austríaco Alois Wiesinger (1885–1955). Além de sua dedicação ao religioso, em vida o abade se preocupou com problemas sociais e discussões sobre os poderes da alma. Escreveu um livro em 1952, intitulado Okkulte Phänomene im Lichte der Theologie (Fenômenos Ocultos à Luz da Teologia), onde defendia a existência da alma e outros temas da Parapsicologia.
Alois faleceu em 03 de dezembro de 1955. Somente muitos anos depois, através da sua invenção chamada de VIDICOM, o pesquisador alemão Klaus Schreiber (1925–1988) conseguiu registrar uma transimagem do abade; foi precisamente em 14 de março de 1987, sem, no entanto, saber de quem se tratava.
Segundo Klaus, logo em seguida ele próprio utilizou a psicografia para identificar o espírito, tomando conhecimento que se tratava desse abade, mas de quem nunca ouvira falar e nem conhecia sua fotografia em vida.
Semanas depois, o pesquisador alemão Ernst Senkowski ficou ciente da transimagem e, junto com outro pesquisador, localizaram uma fotografia do abade no periódico Imago Mundi. A transimagem obtida por Klaus é apresentada logo a seguir na figura 6, à direita. A fotografia de Alois em vida (extraída do periódico Imago Mundi) é apresentada à esquerda para comparação:
Comparando as duas imagens podemos notar dessemelhanças acentuadas, apesar de reconhecer que existem evidentes semelhanças que permitem afirmar, com segurança, ser a transimagem uma versão alterada da fotografia original encontrada no periódico. Vamos analisá-la melhor:
Nessa análise a fotografia de Alois em vida (à esquerda) foi dilatada, alterada em brilho e contraste — para melhor destacar o jogo de sombras — e igualada em tamanho aproximado com a transimagem. A transimagem foi também alterada em brilho e contraste, apenas para melhor destacar as sombras.
As semelhanças são notáveis, podendo-se chegar à conclusão de que seguramente é a mesma imagem, sendo que a transimagem foi alterada do pescoço para baixo, porém a cabeça é exatamente igual com a da fotografia. Dito por outras palavras, a transimagem é uma cópia levemente alterada da fotografia de Alois vivo.
A direção da iluminação é a mesma, provocando sombras exatamente coincidentes, como nos pontos 1 e 4. Melhor destaque para as sombras — bem evidentes em semelhança —, como são os pontos 3 (área da bochecha bem peculiar), 5 (região que se projeta no lado do pescoço, de semelhança estrondosa) e 6 (sombra do nariz extremamente coincidente). Uma área de iluminação delimitada também é interessante (ponto 2).
As diferenças entre as duas imagens somente estão concentradas abaixo do pescoço: o ponto 7 mostra que o colarinho da fotografia aparenta estar mais aberto e de aspecto geral diferenciado quando comparado com o colarinho da transimagem (ponto 10). Não há na foto, também, a existência de uma cruz próxima ao pescoço (ponto 8).
Entretanto, a mesma encontra-se mais abaixo pendurada por um cordão, conforme podemos ver na fotografia inteira do abade em vida. Na transimagem, a cruz localiza-se bem abaixo do pescoço (ponto 9). Apesar deste grupo de diferenças, o restante da imagem denuncia que existe uma fonte comum: a fotografia do periódico Imago Mundi.
A seguir, na figura 8, as duas imagens em modo negativo para uma melhor visualização de outros detalhes semelhantes:
Alguns livros de TCI comentam que a transimagem do abade é diferente da sua fotografia em vida porque ele não está usando óculos. Em resposta a isso, deve-se notar que o aro dos seus óculos é fino e a transimagem está levemente turva quando comparada com a foto; isto pode ter ocasionado os óculos ficarem imperceptíveis.
Quando aplicamos uma dilatação na foto original (leve turvamento, fig. 7), os óculos “somem”, tornando-se quase indetectável. (Nas transimagens anteriores os óculos de Raudive e George Mueller não teriam “sumido”, devido a seus aros serem grossos.)
Por que um espírito enviaria uma imagem quase igual de uma fotografia sua em vida? Por que não enviou outra foto sua que tirou em vida, ao invés de mandar uma foto que se encontrava no periódico Imago Mundi? (sendo que esta fotografia é justamente a única que pesquisadores de todo o mundo conheciam naquela década).
Ato contínuo, qualquer pessoa com mínimo bom senso pensaria numa fraude: o pesquisador Klaus Schreiber (já falecido) utilizou esta única foto conhecida e fez algumas adulterações, apresentando-a como vinda do Além, do espírito de Alois Wiesinger. Será que ele estava sendo sincero ao dizer que ao registrar a imagem no seu televisor nada sabia sobre esse abade e nem muito menos conhecia uma foto dele? Veremos em detalhes posteriormente.
Comparando a fotografia de Friedrich Jürgenson em vida e do “Além”
Seguiremos com a análise em outra transimagem também muito famosa: a de Friedrich Jürgenson (1903–1987). Obtida por Adolf Homes, a transimagem é apresentada logo a seguir na figura 9, à direita. A fotografia do pioneiro sueco Jürgenson em vida é apresentada à esquerda para comparação:
Homes diz que obteve essa transimagem através de seu televisor, em 13 de outubro de 1994. Ele conta que se sentiu impelido “como uma sensação de transe” e posicionou sua câmera diante da TV. A imagem apareceu. O seu computador, localizado em outro cômodo, também passou a funcionar gerando um transtexto de autoria do espírito de Jürgenson.
Na mensagem, Jürgenson disse o seguinte sobre sua imagem: “Eu lhes envio várias reprises, uma projeção de mim, mais uma imagem de meu aparecimento”. A imagem apareceu de cor alaranjada no centro da tela. Vamos analisá-la melhor:
Nessa análise, a fotografia de Jürgenson em vida (à esquerda) foi alterada em coloração, rotacionada e igualada em tamanho aproximado com a transimagem. Ao seu lado (no meio), a transimagem não foi alterada.
À sua direita, a mesma transimagem foi ampliada e alterada em brilho e contraste para que pudesse clarear outros detalhes. As semelhanças gerais são boas, dando uma margem de segurança que podem ser a mesma imagem. O penteado do cabelo de Jürgenson é o mesmo, notando-se que o ponto 1 se destaca um montículo de cabelo bem denunciativo.
Avaliamos dezenas de fotografias do pioneiro Jürgenson em vida (com diversas fases de idades) e nenhuma tem um aspecto geral do rosto e penteado do cabelo tão parecido quanto essa. Deve-se destacar que, nessa idade em que ele foi fotografado, seu cabelo já estava grisalho, como mostra o ponto 3 e uma região acima da testa.
Misturam-se ao grisalho faixas claras (ponto 5). O interessante é que a transimagem apresenta a mesma configuração de grisalho do cabelo quando comparada ao da fotografia em vida.
Avaliamos novamente dezenas de fotografias de Jürgenson em vida e não encontramos nenhuma configuração em níveis de grisalho exatamente iguais — pelo menos não na posição em que o rosto se encontra como nesta fotografia (olhando diretamente para a câmera). Outro ponto interessante no cabelo é o mostrado em 4: uma pequena faixa escura que se repete na transimagem (veja na transimagem ampliada em preto-e-branco).
Por fim, o ponto 2 apresenta uma região sombreada na boca. Outros pontos semelhantes ainda podem ser vistos, porém estes já traduzem boa margem de certeza. As dessemelhanças no restante do cabelo podem ser contornadas recortando a fotografia original. Serão as mesmas imagens?
Outra questão importante a observar nessa transimagem é que ela mostra um Jürgenson em idade avançada, o que destoa de grande quantidade de outras transimagens que viraram lugar comum por mostrarem os personagens mais jovens, mesmo que tenham morrido mais velhos.
Comparando a fotografia de Karine Dray em vida e do “Além”
Seguiremos com a análise em outra transimagem não muito famosa, mas de destaque: a de Karine Dray. Apresentamos abaixo a transimagem (à direita) e sua fotografia em vida:
Karine faleceu em 1995, vítima de um acidente automobilístico. Posteriormente, seus pais Yvon e Maryvonne se tornaram pesquisadores de TCI. A transimagem foi obtida por computador em 4 de julho de 1997 pelos pesquisadores Maggy e Jules Harsch-Fiscbach, de Luxemburgo. Num breve olhar vemos que as imagens são altamente similares. Vamos analisá-la melhor:
Nessa análise a fotografia de Karine em vida (à esquerda) foi alterada em brilho e contraste, e igualada em tamanho aproximado com a transimagem. Já a transimagem não foi modificada. As semelhanças gerais são notáveis, podendo-se chegar à conclusão de que é a mesma imagem, sendo que a transimagem foi alterada.
Dito por outras palavras, a transimagem é uma cópia alterada da fotografia de Karine viva. A direção da iluminação é a mesma, provocando sombras exatamente coincidentes, como no ponto 3. O olhar é o mesmo (ponto 1) e a expressão do sorriso também (ponto 2). De um aspecto geral está evidente que a transimagem é um produto da fotografia original.
Comparando a fotografia de Rosemare Stelh em vida e do “Além”
Apresentaremos a seguir mais duas transimagens nos mesmos padrões àquela ilustrada anteriormente. Foram obtidas também através do computador, no ano de 1996, e pelos mesmos pesquisadores, o casal Maggy e Jules Harsch-Fiscbach. É auto evidente que as alegadas transimagens são um produto de uma fotografia original. Abaixo, na figura 13, vemos a transimagem de Rosemare Stelh, falecida na Alemanha (à direita), e sua fotografia em vida:
Uma breve análise sem maiores detalhes (por ser desnecessário):
Nessa análise a fotografia de Rosemare em vida (à esquerda) foi apenas igualada em tamanho aproximado com a transimagem. A transimagem não foi modificada. As semelhanças gerais são evidentes, podendo-se chegar à conclusão inequívoca de que é a mesma imagem. A direção da iluminação é a mesma, provocando sombras exatamente coincidentes, como nos pontos 4 e 6. O sorriso é o mesmo (pontos 3 e 5).
Um detalhe do cabelo que chama atenção, por ser singular, é o ponto 2. Entretanto, quando comparado à fotografia em vida, um pedaço do cabelo inexiste no ponto 1 — mas facilmente pode ter sido recortado. No aspecto geral está evidente que a transimagem é um produto da fotografia original.
Comparando a fotografia de Alexandre Piget em vida e do “Além”
Outra transimagem nos mesmos padrões é apresenta a seguir: a transimagem de Alexandre Piget, falecido em 1990 na França (à direita), e sua fotografia em vida:
Uma breve análise sem maiores detalhes (por ser desnecessário):
Nessa análise a fotografia de Piget em vida (à esquerda) não foi em nada modificada, assim como sua correspondente transimagem. As semelhanças gerais são evidentes, podendo-se chegar à conclusão inequívoca de que é a mesma imagem.
A direção da iluminação é a mesma, provocando sombras parecidas, como no ponto 3. O olhar é o mesmo (ponto 2). Um detalhe da testa que chama atenção, por ser singular, é o ponto 1. O traçado do cabelo também é semelhante (ponto 4). No aspecto geral está evidente que a transimagem é um produto da fotografia original.
Conclusões
O que podemos concluir depois de observar todas essas imagens? Estamos cientes de que estes exemplos devem ser apenas uma amostra de muitas outras alegadas transimagens que existem. Estarão todos os pesquisadores fraudando? No presente artigo mostramos imagens obtidas por Maggy e Jules Harsch-Fiscbach, Klaus Schreiber e Adolf Homes. Estarão todos eles manipulando fotografias de falecidos e apresentando como sendo imagens vindas do mundo dos mortos?
Será que eles teriam filmado as fotos e posteriormente afirmado que captaram pela televisão, ou teriam escaneado e afirmado que veio pelo computador? Sem dúvidas, as alegadas transimagens apresentadas aqui são semelhantes com suas correspondentes fotografias em vida; a semelhança permite-nos dizer que são a mesma imagem: algumas com alterações menores e outras exatamente coincidentes.
O casal Luxemburguês Harsch-Fiscbach tem sido acusado de fraude por diversos outros pesquisadores da área. Seus resultados em TCI são espantosos, e naturalmente a desconfiança estaria presente. Além das transimagens deles apresentadas aqui, desconfia-se de outros episódios.
Entretanto, estaríamos sendo justos se apenas apontássemos que o casal Luxemburguês usou de fraude e não falássemos nada sobre Klaus e Adolf? Nunca se levantou nenhuma mínima suspeita sobre estes dois pesquisadores, sendo reconhecidos e consagrados por sua contribuição na área. Então, todos estarão fraudando ou ninguém estaria fraudando?
Alguns pesquisadores da área têm dado uma resposta para as evidentes semelhanças entre as imagens. Eles dizem que para os espíritos é mais fácil manipular uma imagem pré-existente do que gerar uma nova a partir do nada. Seria essa a resposta? Estariam os espíritos manipulando fotografias existentes e enviando-nos através da TV e do computador?
Seria por isso que a alegada transimagem de Mueller e Wiesinger serem exatamente coincidentes com as únicas fotografias conhecidas deles em vida? O espírito utilizou a fotografia que estava nos arquivos do pesquisador e manipulou de alguma forma essa matriz? Contudo, por que o espírito não buscou em seu álbum de família, que naturalmente deve encontrar-se guardado com algum familiar ainda vivo, e utilizou uma foto dali?
Outros pesquisadores da parapsicologia adotam opinião divergente. Eles apontam que as transimagens são fruto da mente, oriundo de uma ação psicocinética; neste caso as imagens são conhecidas popularmente como “fotografias do pensamento”, ou mais tecnicamente como escotografia. Eles afirmam que o pesquisador plasmou o seu pensamento no mundo físico.
Nesta hipótese as transimagens têm origem na mente, por isso que as de Mueller e Wiesinger, por exemplo, são semelhantes às únicas fotografias deles conhecidas dos pesquisadores da área. O pesquisador tinha a imagem dessas fotografias em sua mente e o resultado saiu semelhante na TV. Seria essa alternativa?
Infelizmente podemos oferecer apenas perguntas e questionamentos, e nenhuma resposta exata. As pesquisas continuam: ou fraudando, ou imaginando e concretizando, ou se comunicando com os ditos espíritos. Julgue por si mesmo.
Referências
[1] ANDRADE, Hernani Guimarães. A transcomunicação através dos tempos. São Paulo: FE, 1997.
[2] LOCHER, Theo; HARSCH, Maggy. Transcomunicação: a comunicação com o Além por meios técnicos. Tradução de Harry Meredig. São Paulo: Pensamento, 1992.
[3] SCHÄFER, Hildegard. Ponte entre o Aqui e o Além: teoria e prática da Transcomunicação. Tradução de Gunter Altmann. São Paulo: Pensamento, 1992.
[6] SENKOWSKI, Ernst. Instrumentelle transkommunikation: dialog mit dem unbekannten. 3. ed. Frankfurt: R. G. Fischer, 1995.
[5] TCI por transimagen y por computadora. Karine, Asociación Franco-Mexicana de Transcomunicación Instrumental, [2003?]. Disponível em: <http://www.karine-tci.com/trans.html>.
Pesquisa muito bem feita, por alguém da área, inclusive gostei da conclusão sem opinar se são verdadeiras ou não as fotos dos falecidos.
Coloco aqui, somente uma reflexão: se são fraudes, esses cientistas de renome internacional jogariam seus nomes na lama, qual o interesse desses em se entregarem a experiências e pesquisas com tanto denodo?
Obrigado por sua avaliação, Santana. Se for fraude em algumas delas, eu acredito que as pessoas são capazes de tudo na mesma proporção em ingenuamente achar que nunca serão pegas.
Boa noite…sou a favor de pesquisas sem prejulgamentos para a conclusão que for.
O que temos hoje nos comentários de redes sociais é a superficialidade de análises para quase todos os assuntos.
Ver todos os aspectos…senão, não há ciência!
Porque as fotos estão na mesma posição? Se estão vivos no além não podem variar a posição?
Abraços
Matheus,
Essa é uma das perguntas contra a autenticidade dessas e de outras “clássicas” imagens de alegada procedência espiritual. Para alguns defensores, os espíritos “escaneiam” as fotos deles mesmos, quando estavam vivos, e nos enviam. É uma saída pela tangente e, devo dizer, não é pra mim uma explicação satisfatória.
Mais viu, será tão difícil assim assumir que todas as imagens que constam nesta web são uma farsa, obra da pura e simples vagabundagem? Borges, se você é vítima de um estelionato, por exemplo na compra de um imóvel, vai sair por aí se perguntando se o que houve foi alguam coisa misteriosa, alguma \”fotografia do pensamento\” (ai…), quando até uma criança compreenderá que o que se passou foi simplesmente um golpe dado por um criminoso, valendo-se, como se sempre, da fraude? Ora, francamente!
Eduardo,
Quando algumas destas imagens envolvem pesquisadores considerados honestos, como Klaus Schreiber e Adolf Homes, a situação fica mais difícil de considerá-los farsantes. Se fosse imagens apresentadas por pessoas que não estão diretamente vinculadas com a área da TCI, tudo ficaria mais fácil descartá-las.
Excelente trabalho, possibilitando uma mais aprofundada reflexão sobre os resultados em TCI, notadamente sobre as transimagens.
Obrigado Ronaldo. Você tem nos oferecido também excelentes trabalhos na área. Que venha mais 🙂